quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Mais que justiça ou direitos humanos: o exorcismo dos símbolos nacionais

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O fato do dia foi a entrega do relatório final da Comissão da Verdade à presidente Dilma Rousseff. Acho que é chover no molhado dizer o quanto isso é importante para o Brasil e para destrincharmos os anos mais sombrios da nossa tão longa história, punindo quem mereça. Pena também que muitos não poderão sofrer em vida, morrendo sem nenhum julgamento. 
Não me ative ao relatório como um todo, confesso. Foquei no que foi sugerido pelo relatório. Reconhecimento das responsabilidade de tudo o que aconteceu de sujo por parte do Exército; proibição de eventos comemorativos ao Golpe de 1964; abertura de documentos da ditadura; continuidade de buscas por desaparecidos, provas e de outras comissões para investigar os crimes daquela época. 
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É uma justiça histórica. Não há o que argumentar contra isso pra quem tem o mínimo de bom senso - o que obviamente não é o caso do Exército e de alguns nojentos que pedem intervenção militar no país. Aliás, fica o alerta: com o Exército rechaçando o relatório e pseudocidadãos pedindo intervenção militar, precisamos tomar cuidado. 
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Pensando sobre tudo isso, pensei além. Lembrei de alguns textos que li sobre o renascimento do patriotismo argentino após a ditadura no país. Tudo passou por um simples processo: julgar os culpados - basta lembrar que um dos maiores fascínoras sudacas morreu na cadeia - o general Jorge Rafael Videla. 
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Esse processo, já quase encerrado em outras países, começou apenas hoje no Brasil. Meu medo é que não seja divulgado como mereça. Entre tantos outros motivos, para retomarmos o nosso orgulho de ser brasileiro. 
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Todo país tem algo errado, mas o sentimento de impunidade e sujeira que existe em todo brasileiro é indiscutível e relevante demais para ser deixado de lado. A Comissão da Verdade mexe, talvez, na nossa ferida mais exposta. O julgamento do Mensalão também foi importante nesse aspecto, aliás. Existem vários outros escândalos, muitos que serão descobertos e alguns até já esquecidos. Precisamos investigar todos, independentemente de qualquer coisa. 
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Me incomoda ver que as manifestações conservadoras no país (onde, aliás, aparecem as asquerosas pessoas pedindo intervenção militar) usem as cores da bandeira do Brasil como se confrontasse o vermelho ou algo do gênero. A bandeira brasileira não é de uma ideologia ou de uma visão de mundo: é de todo mundo. Deveria ser usada também nas manifestações de Dilma, não só nas de Aécio. 
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(E aqui não cabe uma divagação sobre o vermelho do PT, partido que cada vez mais joga as regras do livre mercado. Um post sobre isso seria ainda mais longo e não é essa a minha intenção)
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Que o verde-e-amarelo deixe de ser brega. Que o hino seja respeitado e tenha seu valor. Que eu não esteja sendo inocente, e que continuemos a caçar nossos fantasmas. 
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