terça-feira, 18 de agosto de 2015

Por que os números de manifestantes da PM nunca batem com os demais?

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Não é preciso ir muito longe nesse blog para verificar o quanto eu sou contrário a praticamente tudo que envolve qualquer coisa que seja militar no Brasil, por vários motivos. Mas desde março, quando começaram os protestos contra o atual governo federal, um fato que envolve a corporação muito me intriga.
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Créditos: Luciana Yole/Flickr
Eu, manifestante desde os tempos de #ForaSarney (em 2009), me acostumei a ver PM jogando os números de cada protesto para baixo - quase no chão, aliás. 
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Começando pelo próprio #ForaSarney: em São Paulo, a manifestação reuniu 700 pessoas segundo os organizadores, mas cerca de 300 para a PM. A diferença absoluta pode ser pequena, mas a distância de 300 para 700 é superior a 100%. Como a polícia pode cortar mais da metade do número de manifestantes em um evento?
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Essa curiosidade em torno da PM tomou proporções imensas em 2013, durante os protestos que começaram contra o aumento das tarifas do transporte público e depois sintetizou várias reclamações da população. É patético. Enquanto o Movimento Passe Livre (que começou com as reivindicações) estimava atos com 5.000 e 100.000, a polícia colocava 2.000 e 65.000, respectivamente. O Estadão fez um belo infográfico sobre isso.
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Créditos: Joel Silva/Folhapress
Eis que chegam os protestos contra o governo desse ano. A PM estimou 1.000.000 de pessoas em março; o Datafolha, 210.000. Em abril, nova discrepância: 275.000 para a PM; 100.000 para o Datafolha. Nos protestos de agosto a história não foi diferente: 350.000 para os militares; 135.000 para o Datafolha. 
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É interessante notar que, ao menos em março, o governo federal teve manifestações de apoio - e os números novamente foram discrepantes, mas com a PM voltando a dar números muito abaixo. Em março, o Datafolha contou 41.000 pessoas; a PM, 12.000. 
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Créditos: Jorge Araújo/Folhapress
É óbvio que as entidades organizadoras (a saber, o Movimento Passe Livre) tem interesse em inflar seus números. O que é ~curioso~ é ver que manifestações estudantis e a favor de um governo que é contra os interesses históricos da PM ficam com estimativas muito abaixo das demais, enquanto em protestos que vão de encontro ao que os militares querem esses mesmos números são superdimensionados. Vale dizer também que nos protestos contra o governo policiais tiravam fotos e eram tratados como heróis.
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E você? Acredita na polícia?
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