quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Gigantes

Poucas vezes vi uma simbiose tão perfeita entre um nome e seu pertencente. Poucas vezes vi na história do esporte mundial um time que, tão desacreditado, transforma-se num esquadrão invencível. O New York prova que o Giants, mais que sua alcunha, é sua maior virtude.
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Um time que joga na divisão mais valiosa de sua competição (NFC Leste, juntamente com os gigantes Dallas Cowboys, Washington Redskins e Philadelphia Eagles) já tem que ser imenso para vencer. Na última rodada, decidindo sua ida ou não para os playoffs fora de casa, a Big Apple venceu. Num jogo fácil e tranquilo, os gigantes nem precisaram ser tão fortes assim pra destroçar o Atlanta Falcons por 24x2. A grandeza do time teria que ser testada a partir da próxima partida, porém.
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Pela frente viria o Green Bay Packers. Os cheeseheads, de 16 jogos, venceram 15. Pra ajudar, o jogo seria no frio de Wisconsin, onde o time da Baía Verde encontrava-se invencível. Mas... gigantes não ligam pra isso. Gigantes vencem. Gigantes engrenam quando mais precisam. A defesa jogou como nunca, o quarterback Eli Manning mostrou o quão adora jogar partidas decisivas e time venceu por 37x20, com direito a quatro turnovers por parte do Green Bay. Se o Lambeau Field estava frio, New York pegava fogo.
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O time poderia não ser tão bom, mas a torcida era tão forte quanto a verde-e-amarela, e o time vinha embalado por uma campanha histórica após longos anos sem chegar na final da conferência. Na Califórnia, o San Francisco 49ers jogou como poucos, com sua defesa que mais parecia uma muralha. No final, dois erros individuais do wide receiver Kyle Williams deram a vitória para o time da Big Apple, ainda que na prorrogação, por 20x17.
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O desacreditado time chegava novamente a um Super Bowl. O time, que se não foi dos melhores ao longo da temporada regular, virou um trator nas partidas decisivas. Quem poderia pará-lo ? O melhor time ao longo de toda a conferência rival era uma ótima alternativa. E esse time era ninguém mais ninguém menos que o New England Patriots.
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Em 2008, o Super Bowl foi decidido pelas mesmas equipes. O panorama era semelhante, inclusive; NO SB XLII, o Patriots jogava com toda a panca. Estava invicto, e poderia tornar-se o segundo campeão sem derrota na história da NFL. A escrita ia se confirmando, mas, em um dos maiores drives da história do futebol americano, Eli Manning conduziu o Giants, em doze jogadas em menos de três minutos, para a vitória inesperada. Tom Brady, um dos melhores quarterbacks da história, ficavam sem o seu quarto Vince Lombardi. (Para mais detalhes, veja esse vídeo)
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Até aquele jogo, Eli Manning só era conhecido como o irmãos mais novo de Peyton Manning, QB do sempre forte Colts, e filho de Archie Manning, QB histórico do Saints. Instantaneamente, ele ganhou uma aura de jogador decisivo, mesmo não sendo tão bom quanto seus concorrentes e seus familiares de mais nome.
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Era a hora da revanche. Tom Brady e o New England Patriots estavam sedentos por vingança, o Giants vinha empolgadíssimo com tantos feitos alcançados. Eram todos os ingredientes para mais uma partida histórica. O jogo começou e... cadê a partida histórica ?
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Convenhamos, foi um jogo chato. Tudo saía dentro dos conformes, tudo era planejado e previsível, não havia grandes jogadas plásticas para o público e a emoção ficava na batalha das trincheiras. Era uma verdadeira guerra tática armada pelos head coachs Tom Coughlin (New York) e Bill Belichick (Pats). Para o público, porém, ficava a esperança de ver essa história ser mudada em alguma jogada genial, já que jogadores em campo haviam para isso. Mas isso foi mudar, realmente, faltando exatos três minutos e quarenta e seis segundos para o Super Bowl se encerrar.
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Nesse instante, Eli Manning deveria tirar uma diferença de dois pontos contra um dos times mais vitoriosos da NFL. Em nove jogadas e 2:49m, ele novamente resolve a final com TD de Ahmad Bradshaw, caindo de cócoras na end zone. Novamente faltando pouco tempo, novamente com a corda no pescoço, novamente um drive fantástico para o time da cidade que não aguenta uma derrota. E os gigantes sempre vencem, no final das contas.
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Na base do sufoco o Patriots tentou a vitória. No último lance, Tom Brady, sabe-se lá de quantas jardas, consegue jogar a bola para a end zone. Eis que ela toca a mão do jogador do New Englad, mas cai no chão. O jogo estava acabado. O tabu estava mantido. A história estava escrita. O New York Giants vencia o Super Bowl pela quarta aparição consecutiva, e a segunda contra um dos times mais badalados da história dos esportes americanos.
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Tom Brady é muitas vezes citado (com muita razão, diga-se de passagem) como um dos maiores jogadores da história da NFL - seus 3 Super Bowls não deixam a frase ser negativa. Também não dá pra dizer que ele pipocou, pois os receivers do Patriots tomaram uma sova ao longo do jogo da defesa de New York. Mas isso não vai ficar pra história. O que fica na história é o Vince Lombardi saindo de Massachussets e indo novamente para New York.
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Ao falarem de Brady, favor falar de tantos números impressionantes. Mas falem também de Eli Manning, que sempre será pior que ele, mas que sempre o vencia. E ao falar desse tão incrível Patriots, falem também do tão inacreditável Giants, que faz os gigantes da Antiguidade se orgulharem de seu legado.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ela (não) é só mais uma

PS: O título pode dar a entender que eu quero depreciar alguém. Muito pelo contrário, como vocês verão.
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Comecei a escrever esse texto no celular porque saudade não espera, saudade simplesmente bate. E daí que faz menos de duas horas que você se foi ? E daí que eu tô cansado, comi pouco... ? E daí ? Saudade bate, a inspiração também.
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Quando você chegou na Tamanduateí, antes da hora e me pegando de surpresa, eu parecia uma criança por dentro. Queria te abraçar, te beijar, não te soltar mais. Fui maduro, guardei minhas coisas e comecei a conversar. Mas, se dependesse de mim...
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Quando eu te vejo, me sinto bem melhor, feliz, completo. Hoje, quando você franziu a testa, ergueu a sobrancelha e deu um sorriso rápido meu mundo se encheu de cor de novo - a cor que tinha desaparecido desde o ano passado. A mesma cor que eu vi, mais forte e mais nítida, nas praças e no Sol de hoje. Com você o meu matiz é diferente, o meu contorno é melhor... eu fico melhor.
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Conforme conversávamos eu sentia tanta coisa impossível descrever. Gostava de te ver sorrir, rir e se inclinar pra frente, dos nossos papos, do seu jeito tão peculiar de ver tudo... eu adorava. Nem mesmo a sua recusa, ainda na Tamanduateí, me abateu. Ok, eu me precipitei. O mínimo que posso fazer é mostrar minha maturidade e continuar conversando. Para minha surpresa, quem se calou é você. Quem me procurou foi você, e quem buscava minhas mãos, idem.
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Dali até a Portuguesa-Tietê demorou, e aquele trajeto me fez mostrar porque você segue sendo a minha menina preferida. Até a forma como você me abraça e como me enlaça com seus braços a minha cintura mexe comigo. Me dá vontade de colocar minha mão na sua nuca, me faz querer te dar um cafuné e um beijo na testa. Vocêé irresistível, no sentido mais puro da palavra. A vontade que eu tenho de estar atado a você, seja ligando apenas o dedo mínimo das nossas mãos, é algo inexplicável.
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Quando chegamos, queria ouvir o que você queria me dizer. Como previa, você disse que não queria mais falar, que tinha perdido a coragem. A diferença é que, após isso, você falou, e falou tudo que bem quis - como deve ser: um doce não faz mal a ninguém, mas a verdade tem que vir. Aquilo foi uma facada. Engoli à seco. Mas... após tanto tempo, eu te via. Podeia abrir uma cratera na Terra naquele instante, eu só ficaria chateado se essa cratera separasse nós dois.
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Não me deixei abater. Continuei conversando quando você veio, e você sabe que quando é você é de outra forma. Quando é você, você me tem nas mãos, por mais que eu tente mostrar que eu mando algo. Me esforço, sou forte, mas você sabe o que fazer nessas horas, quando ataca, quando se defende, quando corre - e eu acho tudo lindo, por ser você.
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Quando você precisou ir embora, eu chorei. Não escondo isso - e tem como esconder... ? Mas chorei por outros motivos. Estava triste por não querermos a mesma coisa, por saber que o sentimento era o mesmo mais a vontade não. Mais do que respeitar, eu entendi... você tem o direito de fazer o que quiser, e eu preciso me reinventar pra te reconquistar. E isso vai valer a pena, pois você vai estar comigo de novo. Faço até o impossível pra isso acontecer.
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Ao fazer todo o caminho de volta, fui me lembrando de tudo que havia acabado de acontecer com uma saudade de quem não vivia tudo isso há cinquenta anos. Lembrei de nós quando vi um casal escorado no muro da Portuguesa-Tietê. Quando vi pessoas perdidas na Paraíso. Quando voltei pra Tamanduateí e vi o banco onde ficamos sentados. Eu lembro de você a todo instante, e, após um dia como esse, as lembranças apenas vieram ainda mais à tona.
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Você não é só mais uma. Falo isso porque falei no metrô que seria apenas mais uma vez que eu seria trocado. Mas... você ? Você não é só mais uma. Eu nunca esperei por alguém, nunca corri átras de alguém, nunca fiz tanto por alguém pra ficar feliz por alguns poucos minutos. Mas... você não é só mais uma. Por você vale esperar, o tempo que for. Por você vale engolir as minhas vontades, seja lá quais forem. Por você vale. Tudo.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Com a sombra da política

O mundo inteiro, fã de futebol ou não, tomou conhecimento do que houve no jogo entre Al-Masry e Al-Ahly, pelo campeonato egípcio de futebol. A vitória do Al-Masry, por 3x1, gerou uma alucinada e ignorante reação dos torcedores das águias verdes, que invadiram o campo e mataram 74 pessoas, segundo estimativas, além de deixar no mínimo duzentas pessoas feridas.
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É claro que o futebol não é o principal motivo de toda essa carnificina. Pra quem não sabe (e muita gente que não sabe quis dar pitaco no assunto), a maior rivalidade do Egito tá muito longe de ser entre Al-Masry e Al-Ahly. As duas torcidas que mais se odeiam (e que protagonizam uma das maiores rivalidades do planeta) é a existente entre os fãs de Al-Ahly e Zamalek.
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Isso não foi noticiado, mas o Zamalek jogava no instante no qual o estádio de Port Said virou campo de guerra. O jogo foi paralizado e os torcedores do clube bradavam "não queremos morrer como eles". A rivalidade não deixou de existir duma hora pra outra, eles apenas se solidarizam com quem foi tão massacrado por motivos tão distantes do esporte.
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Sobre o Al-Masry, falo mais: como um time pode fazer tanto barulho se nunca venceu a liga nacional ? O único título da equipe foi o da Copa do Egito de 1998. Na liga, a melhor campanha das águias verdes foram participações nas quais o clube terminou na terceira colocação. Esqueçam, isso não foi motivado pelo fuebol.
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O presidente do Al-Masry, Kamel Abu Ali, disse que qualquer acusação ao que aconteceu é apenas um complô para derrubar o Estado. Disse ainda que o que deveriam fazer é deixar os policiais fazer seu trabalho. Os policiais, como se vê nesse vídeo do pós-jogo, não fizeram trabalho algum. Apenas corriam, sem fazer nada de fato. Isso fica ainda mais claro se pensarmos que menos de cinquenta pessoas foram presas - ou seja, mais pessoas morreram do que foram detidas graças ao ocorrido.
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A história do Al-Masry também pode colaborar com tal caso. O clube foi fundado em 1920 na cidade de Port Said, que tinha grande influência de forças internacionais, por sua proximidade do Canal de Suez - canal que liga os mares Mediterrâneo e Vermelho, o que ajudou demais os países europeus. Al-Masry, em egípcio, significa "o egípcio". O futebol da cidade na década de 20, época da fundação do clube, era dominado por clubes de menor expressão, e todos de comunidades estrangeiras. O Al-Masry é, portanto, o ápice do nacionalismo egípcio na época da revolução egípcia contra o domínio britânico - o símbolo das águias, inclusive, remete ao formato dos pingentes de Tuthankamon.
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Hosni Mubarak, antigo ditador do Egito, foi alçado ao poder graças ao nacionalismo que é histórico do Al-Masry. A atual junta de governo militar foi favorecida pela pressão internacional, e o parlamento do país é dominado pela Irmandade Muçulmana - e isso dá a entender que os militares tentarão prorrogar ao máximo seu poder no Executivo. Pra clarear um pouco mais a ideia, a torcida do Al-Ahly deu total apoio às manifestações anti-Mubarak, não só incentivando como também marcando protestos. Eles, por exemplo, estavam na linha de frente do que ouve na praça Tahrir, símbolo da Primavera Egípcia.
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Na chamada "batalha dos camelos", nos qual partidários de Mubarak começaram a atacar a multidão na praça Tahrir, quem contra-atacou e quem venceu o episódios foram torcedores do Al-Ahly, passando por cima até da polícia. Polícia essa que, tudo leva a crer, ajudou demais o vandalismo em Port Said.
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Futebol e política por vezes se fundem, ora pra melhor, ora pra pior. No Egito isso novamente aconteceu, infelizmente da pior forma possível.

Os dois 2/2 do Corinthians

Dois de fevereiro. Os corinthianos, certamente, jamais se esquecerão dessa data. Sendo bem sincero, nenhum fã de futebol brasileiro se esquecerá dessa data. A história, que vai ficar tatuado na imagem de qualquer torcedor, de qualquer time, é a de 2011, mas, exatamente um ano depois, o corinthiano viu que ela pode ter sido dolorida, mas suas consequências foram ótimas, a despeito da vergonha passada.
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No dia 02/02/2011, o Corinthians foi eliminado pelo Deportes Tolima na pré-Libertadores. A história tornou-se tão marcante, majoritariamente, por ser a primeira vez que um time brasileiro foi eliminado da Libertadores antes da fase de grupos. Junte-se a isso o fato do Corinthians ter um timaço, com Ronaldo e Roberto Carlos, o Tolima ser um time colombiano modesto e que não fez muito na competição. Corinthianos, perdoem-me, mas ninguém (nem vocês) se esquecerão desses gols, nem tampouco do Tolima ou do neologismo "toliminado".
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Antes de nos teletransportarmos para o ano seguinte, vejamos o que aconteceu com o Corinthians. A torcida reclamou e quebrou carros dos jogadores, mas o presidente manteve o técnico Tite no cargo. Apesar do período turbulento pós-eliminação e do futebol feio jogado no segundo turno do Brasileirão, o Corinthians foi campeão nacional. No fim do ano o Tolima virou coadjuvante, o protagonista era o título corinthiano vencido de maneira épica, em cima do rival Palmeiras no dia da morte de um dos principais ídolos da torcida, o "doutor" Sócrates.
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Nacional vencido, começou 2012. Uma pequena novela para Tite renovar seu contrato (ele queria, com razão, ser valorizado pelos seus feitos), a saída de Andrés Sanchez, o grande responsável pela virada corinthiana no ano... mas tudo segue bem no Parque São Jorge. O futebol é feio, é verdade, mas segue dando resultado.
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E vamos, enfim, para 02/02/2012. Nessa data, o Corinthians tornou-se líder isolado do Paulistão, ao vencer o Ituano por 1x0, no estádio Novelli Jr. A equipe poderia ser alcançada pelo São Paulo, mas o tricolor ficou no empate com o Guarani, por 1x1. E o Corinthians segue na ponta, o único com 100% de aproveitamento no estadual.
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A eliminação pro Tolima foi vergonhosa e ninguém se esquecerá. Mas o Corinthians soube como lidar com isso, trabalhando e se reerguendo. Aprendeu com os próprios erros e é, hoje, das principais forças do continente.

Crônica dum sábado perdido

Sol, acordar tarde, almoço... sábado comum, não ? Não quando eu decidi ligar pra ver quais os pontos de venda do carnaval e, ao descobrir que vendia-se meia entrada apenas no Anhembi, eu mesmo ir lá ao invés de reclamar da sorte e da vida.
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O Anhembi é longe, amigos. São, ao todo, dezoitoe stações, entre trem e metrô, e mais quatro quilômetros de caminhada. Tudo isso sob o Sol escaldante que o concreto proporciona. Além, é claro, de não saber o caminho ao certo, apenas ter alguma noção. Fui perguntando, aqui, ali, e cheguei ao lugar - fazendo o caminho mais difícil, óbvio.
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A fila não era grande. Devia ter 150 metros, não era muito. O problema da fila é que ela não andava, não o seu comprimento. Pra mostrar a situação do local, a multidão urrava de quinze em quinze minutos, mais ou menos. Era a comemoração jocosa para anunciar que o sistema voltou a funcionar após cair. Situação lastimável, enquanto todos pareciam ter um Sol pra chamar de seu.
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Ao chegar mais próximo do ponto de venda (uma hora após o prazo para fechamdno das bilheterias), começo a me dar conta que a culpa, realmente, não era das atendentes. Elas estavam confinados em contâiners horríveis e sem a mínima higiene, a despeito do ar condicionado improvisado.
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Ao (tentar) comprar meu ingresso, a surpresa: eu precisaria de uma declaração dizendo que estudaria na minha faculdade em 2012, sendo que a minha carteirinha é válida pelos quatro anos letivos. Tentei explicar isso para a vendedora, mas... não deu certo. Foram três horas de espera com todo o Sol do planeta pra não comprar o ingresso. Não posso reclamar da vendedora, porém, que me explicou tudo o que eu deveria fazer e ainda me deu informações que ela não deveria falar - para amenizar a decepção, talvez.
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A partir daí foi um caos. Andei os quatro quilômetros de novo, fui comprar um chá mate numa galeria que conheci e ela estava fechada, gastei três reais numa Coca Zero quente, o metrô fechou a porta na minha cara duas vezes e o trem uma, minha mãe me stressou... um horror. Um dia perdido.
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O pior é ficar sozinho e ver vários casais e eu... cadê o meu par ? Cadê a minha versão da figura masculina que falava sobre qualquer assunto e dava vários selinhos no homem que sabia tudo de carnaval átras de mim, na fila ? Como é voltar pra casa pela Goiás e relembrar todas as vezes que por lá ficamos... ? Adoro ficar sozinho pra pensar, mas isso hoje me trouxe saudade e solidão, e não pensamento e reflexão. Pra completar, logo menos vou ver o seu cantor preferido no Planeta Atlântida.
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Dias ruins são necessários pra que os bons venham, certo ? Mas 2012, até aqui, foi uma sequência de péssimos momentos. Cansei de superestimar minhas pequenas alegrias pra ter um motivo pra sorrir. Já sofri demais nesse ano que nem começou.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Polícia para quem precisa desses políticos

Todos sabem os meus poréns com a polícia militar. Pra mim, a PM é a maior representação dum Estado praticamente totalitário, tal qual nazistas e stalinistas. Desconfio até que a maioria dos policiais da corporação sejam paus mandados e tragam com sua farda o pior que existiu na ditadura, mas não podemos fechar os olhos para um mau ainda maior.
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Pior que quem bate é quem manda bater. As altas patentes da PM respondem a pessoas que não usam fardas, e sim terno e gravata, como o secretário de segurança pública, o prefeito e o governador. Muitas vezes, também, os policiais são mau instruídos e tornam-se máquinas de matar pois assim desejam os engravatados - isso não tira inocenta os militares, mas explica os atos cruéis.
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Aqui em São Paulo, a PM mata quem tem uma voz contrária ao que acha errada, em atos que lembram a Gestapo ou a KGB. Brasil afora, porém, a PM não é tão truculenta assim. Aliás, não é nada truculenta, até porque ela não faz nada. E quando eu digo nada eu não exagero.
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Ela entra em greve e deixa os cidadãos a mercê da sorte. No começo do ano, os PM's de Fortaleza instaurarma o terror no Ceará. Agora é a hora dos militares de Salvador entrar em greve e deixar toda uma população tomada de assalto.
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Repito: tenho sérios poréns com a PM de qualquer lugar. Mas, antes de militares, eles são cidadãos. Merecem receber seu salário, merecem segurança em seu trabalho, merecem o reconhecimento quando seu trabalho é bem feito. E, se isso não acontece, eles tem todo o direito de, primeiro, tentar uma mudança no fato com as autoridades e, caso isso também não funcione, entrar em greve posteriormente. Policiais deveriam ter a ciência, porém, que seu trabalho é único e primordial para toda a sociedade, mas isso não tira o direito deles. É uma relação conflituosa demais, e até por isso merece ser encarada com toda a seriedade pelo Estado - o que quase nunca acontece.
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Mostrando que isso não acontece apenas com a PM e apenas no nordeste, relembro o ocorrido com o Corpo de Bombeiros no Rio de Janeiro ano passado (se não lembra, clique aqui). Isso apenas reflete o descaso com o que as autoridades brasileiras como um todo tratam instituições fundamentais para a população.
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Tanto em Fortaleza quanto em Salvador ocorreram vários assaltos, saques, arrastões... um caos civil que aproxima-se do que era visto na Primavera Árabe, mas com motivos bem diferentes. Enquanto a capital baiana estava tornando-se a praça Tahrir com ladeiras, o governador da Bahia, Jaques Wagner, fazia cooper na praia de Copacabana, como foi amplamente divulgado no Facebook. Ele corria na orla da praia mais famosa do planeta enquanto quem o elegeu corria das balas e dos batedores de carteira.
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Sociedade, não ache que a PM te protege, mas não ache que eles são culpados, ao menos agora. Agora é a hora de quem veste regata saber que, se o fardado não é flor que se cheire, o engravatado consegue ser pior.