terça-feira, 5 de maio de 2015

Empreendedorismo

Desde quando eu entrei na faculdade eu ouvia falar de empreendedorismo. A história daquela pessoa que não tinha nada e, quase que sem querer, se tornou um empresário de sucesso com grande lucro; o começo dos grandes veículos de comunicação; os jornalistas que se livram das amarras das redações e ganham dinheiro com blogs e/ou outros novos negócios... todos esses exemplos foram dados (e incentivados) a rodo no meu curso.
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Créditos: http://migre.me/pKgzP
No meu último ano de faculdade tive uma matéria que falava de Empreendedorismo - que, no final das contas, fez todo o plano de negócios do meu livrorreportagem e me deu as bases para encarar o mercado de comunicação. Um bom começo, mas que havia morrido ali. 
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Assim que entrei na Insane, parece que tudo aquilo que eu tinha visto voltou com carga total. A própria agência é muito pautada pelo empreendedorismo dos sócios, que fundiram três agências em uma só. Boa parte deles dá palestras sobre o tema em diversas instituições, é convidado para debates e fala de novidades do mercado a todo instante. 
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Créditos: http://migre.me/pKgxv
Eu passei a respirar empreendedorismo, ainda que de maneira involuntária. Ao mesmo tempo em que redações minguam com seus passaralhos sem fim, eu vejo textos como esse que me enche de esperança - e me mostram que existe um caminho, basta criatividade e foco. O próprio Santa Zona pode trazer algo, porquê não?
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A vontade de fazer algo novo existe. Um dia eu acerto o quê.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Precisamos olhar para o Campeonato Carioca

Até o final da década de 1980, o Campeonato Carioca era o melhor do país em nível técnico. Era o torneio em que jogava o estelar Flamengo de Zico; a Máquina Tricolor do Fluminense; ídolos classudos como Roberto Dinamite e icônicos como Cocada no Vasco; e o histórico Botafogo do fim da fila, de Maurício, Wilson Gottardo e Paulinho Criciúma. Além disso, times como o Bangu de Castor de Andrade, o América e o Madureira importunavam as grandes equipes. 
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A partir da década de 1990, o Paulistão passou a ser mais visado e a contar com um futebol melhor. O Carioca mantinha seu charme - ainda que por conta do regulamento, que previa três finais e jogos decisivos a todo instante. 
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Em 2015, o estadual do Rio voltou a ser o destaque dentre os torneios desse nível. Não pelo nível técnico. Muito pelo contrário, aliás: os holofotes ficaram todos na Guanabara por uma série de polêmicas e um estadual extremamente tendencioso.
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O começo das polêmicas aconteceu no dia 22/01, quando Flamengo, Fluminense e a Concessionária Maracanã criticaram em nota a decisão do Conselho Arbitral do campeonato para baratear os ingressos do torneio. A medida feria uma lei, foi sugerida por Eurico Miranda (presidente do Vasco) e pela FERJ. Oito dias depois, o clima azedou de vez quando Eduardo Bandeira de Mello (presidente do Flamengo) e Peter Siemsen (mandatário do Fluminense) foram literalmente xingados em outra reunião do Conselho Arbitral - isso já às vésperas do começo do Carioca. Surgiu aí a ideia da Liga Carioca de Clubes, tão presente nas futuras discussões.
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O jogo de estreia era a hora perfeita para enterrar qualquer polêmica, mas apenas a aumentou. Uma torcida organizada do Flamengo invadiu os vestiários do Macaé e agrediu o goleiro Ricardo Berna
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O Maracanã também foi mote para outra discussão áspera: Eurico Miranda exigiu que o Setor Sul (historicamente ocupado pela torcida cruzmaltina) fosse ocupado só pela torcida do Vasco - como era antes da Copa do Mundo. Peter Siemsen (que, no novo contrato, ficou com o espaço) rebateu e o Clássico dos Gigantes foi disputado no Engenhão, com capacidade limitada. 
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Por motivos já explicados, o FlaFlu da primeira fase foi aguardado com afinco - e, na verdade, começou antes do apito inicial. Suspenso por críticas ao torneio, o técnico Vanderlei Luxemburgo se amordaçou em uma entrevista coletiva - e ganhou o apoio dos jogadores dos dois times no clássico. No jogo em si, Fred foi expulso de maneira controversa e disse que, "do jeito que está, o Campeonato Carioca tinha que acabar"
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A arbitragem brasileira é uma lástima, mas pelo pano de fundo descrito, ela ficou ainda mais pressionada (e pior) no Campeonato Carioca. O Fluminense em específico sofreu demais, em uma atuação lastimável de Mauricio Machado Coelho Junior no empate do Tricolor contra o Tigres - jogo que causou a demissão de Cristóvão Borges. O Flu só se classificou para as semifinais por conta de um gol contra do Madureira no confronto entre ambos, na última rodada da fase de classificação - o que levou o presidente do Tricolor Suburbano, Elias Duba, a xingar o árbitro Péricles Bassols
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Outro fato se destacou nas partidas: a quantidade de pênaltis dados ao Vasco. Foram, ao todo, oito penalidades - sendo três no louco Friburguense 5x4 Vasco. Foi, aliás, com um pênalti muito contestável que o time vascaíno eliminou o arquirrival Flamengo na semifinal do campeonato
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A gota d'agua veio na entrega da taça ao Vasco. Não foi Rubens Lopes (presidente da FERJ e co-autor dessa patifaria toda) quem entregou a taça para Pablo Guiñazu, o capitão vascaíno - como manda o cerimonial. Foi o próprio Eurico Miranda quem fez isso. Parece até que foi ele quem organizou o campeonato. Só parece?
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Entendo a euforia vascaína, e o próprio Vasco não merece nunca ficar doze anos sem ganhar um Campeonato Carioca. O problema está na maneira com que o título foi ganha - e, principalmente, na onipresença de Eurico Miranda em todas as polêmicas do torneio. É triste ver torcedores comemorando a presença e a volta dele - ainda que Roberto Dinamite não tenha conseguido grandes resultados. 
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O respeito não voltou porque ninguém nunca deixou de respeitar o Gigante da Colina. A volta de Eurico, na verdade, é a volta de tudo o que o futebol brasileiro nunca precisou - muito menos agora. O 7x1 segue sendo pouquíssimo. 

O que os estaduais significam para os campeões?

Esse final de semana marcou o final da maioria dos campeonatos estaduais - ao menos os que tem equipes nas Séries A e B do Brasileirão. Cada torneio reflete sua província, portanto é um microcosmo dentro de si. Até por isso, cada torneio significa algo (e muito) para cada equipe campeã - seja por simplesmente mostrar força, seja por aspectos específicos de cada time. 
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Falar que os estaduais são chatos e a maioria é longa demais é clichê. Eu mesmo sou um ardoroso defensor desses campeonatos, mas quero a reforma deles. Seja como for, eles seguem importantes. A importância deles para cada um dos campeões segue abaixo:
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CAMPEONATO PAULISTA
Santos: a remontagem
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O Santos parecia tranquilo em 2014. Eis que o Peixe perdeu o Paulistão de forma dramática para o Ituano e se viu em meio a uma crise institucional e financeira imensa. Terminou dignamente o Brasileirão e perdeu vários jogadores importantes para 2015 - Arouca, Aranha, Thiago Ribeiro, Eugenio Mena, Edu Dracena, Leandro Damião e Rildo dentre os principais. De maneira absurda, o time demitiu Enderson Moreira enquanto estava invicto no Paulistão e manteve o interino Marcelo Fernandes para comandar atletas do calibre de Ricardo Oliveira, Robinho e Elano. O Santos não tem elenco (nem dinheiro) talvez nem para brigar pela Libertadores no Brasileirão, mas encontrou um time equilibrado e forte - o que já é muito para quem começou o ano cotado para o rebaixamento.
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CAMPEONATO CARIOCA
Vasco: a confiança
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O Vasco voltou à Série A vaiado pela própria torcida em 2014. Pior: viu Eurico Miranda, o mais nefasto cartola brasileiro, voltar à presidência. Isso quer dizer que o time cruzmaltino não vai correr grande risco de cair enquanto ele estiver no cargo - o problema vai ser quando ele sair, como 2008, Roberto Dinamite e as monstruosas dívidas mostram. Mas o time caiu no gosto da torcida - principalmente o sistema defensivo, com Martín Silva pegando demais no gol, Rodrigo seguro na defesa e nas cobranças de falta, Pablo Guiñazu encantando com sua raça, Rafael Silva como talismã e Dagoberto e Gilberto como dupla de ataque de impor respeito. O estadual devolveu a confiança aos torcedores do clube que não gritava "é campeão" no próprio estado desde 2003 - era a maior fila de um grande clube brasileiro nos estaduais.
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CAMPEONATO MINEIRO
Atlético: a mística
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O ano de 2012 marca a a volta da grandeza (até então adormecida) do Atlético Mineiro. O Galo ganhou o terceiro estadual em quatro anos de um adversário com muito menos tradição, mas que deu um trabalho fora do comum ao clube: a Caldense de Léo Condé, que tomou seis gols em quinze jogos - dois desses hoje. Mas, bem... o Atlético parece gostar do imponderável e não acreditar no impossível - o gol no final de praticamente todos os jogos decisivos que disputou de 2012 para cá prova bem isso. A final contra a Veterana provou mais uma vez a mística atleticana: gol com menos de quinze minutos para acabar a final marcado de joelho (e impedido) por Jô, que não marcava gols há mais de um ano. Erros à parte, isso que é sorte de campeão.
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CAMPEONATO GAÚCHO
Internacional: o protocolo. 
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De 2002 para cá o Internacional conquistou 11 Gauchões, enquanto o Grêmio ficou com três. O título vencido hoje marcou o pentacampeonato estadual do Colorado, que já comemorou um tetra entre 2002 e 2005. Ganhar o Gauchão virou rotina para o Inter, que se reestruturou demais com a virada do milênio, tem o maior número de sócios do Brasil e se reacostumou a levantar taças após grandes dificuldades nas décadas de 1980 e 1990. O título também vale muito para cada um dos técnicos: Diego Aguirre, o contestado uruguaio comandante colorado, venceu o ídolo tricolor Luiz Felipe Scolari.
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CAMPEONATO CATARINENSE
Joinville: a revanche
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O Joinville conquistou brilhantemente a Série B do ano passado e garantiu a vaga no Brasileirão - que jogou pela última vez em 1987. Mas ainda faltava algo para coroar o excelente momento vivido pelo JEC: o troco no Figueirense, que venceu uma tumultuada final estadual contra o clube do norte catarinense no ano passado. De maneira não menos tumultuada (uma pendenga judicial por conta da escação irregular do lateral-direito André Krobel pode tirar o caneco do JEC na terça-feira, no tribunal), o Joinville deu o troco no rival de Florianópolis (em um estado marcado pela rivalidade entre os clubes da capital e do interior) e conquistou o título que não vinha desde 2001. 
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CAMPEONATO PARANAENSE
Operário: a força do interior - e a história
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Créditos: http://migre.me/pIR4f
Há alguns anos o Atlético Paranaense disputa o estadual com uma equipe sub-23 - isso explica a fila desde 2009 do Furacão. Nos últimos dois anos, o próprio Coritiba passou a entrar com times mistos e reservas para a disputa do certamen. O resultado não tardou: após o tetra do Coxa, 2014 foi marcado pela volta dos títulos do Londrina em uma final contra o Grêmio, da cidade inimida de Maringá - maior rivalidade do rico norte paranaense. Em 2015 a tragédia foi ainda maior: o Atlético disputou o quadrangular do rebaixamento e o Coritiba avançou até a final - ambos com os times titulares. O que ninguém esperava é o título do Operário de Ponta Grossa, com um categórico 3x0 no Couto Pereira. O título do Fantasma também faz uma justiça histórica: o time tinha inacreditáveis catorze vice-campeonatos, mas o primeiro caneco veio só em 2015. 
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CAMPEONATO GOIANO
Goiás: a sequência
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Créditos: http://migre.me/pIRdi
O futebol de Goiás nunca teve dois grandes com destaque no cenário nacional. Até a década de 1960 quem mandava no estado era a dupla Atlético e Goiânia, mas sem destaque no restante do Brasil. A década de 1970 fez surgir o Vila Nova, que passou a alternar bons momentos com o Goiás a partir da década de 1980. Hoje, porém, quem manda é o Esmeraldino, que conquistou seu terceiro título em quatro anos. A novidade foi a campanha ruim do Atlético (que não passou da primeira fase) e de outros times de renome, como o CRAC e a Anapolina - a vice-campeã foi a Aparecidense. Vila Nova e Goiânia? Na Segunda Divisão. 
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CAMPEONATO BRASILIENSE
Gama: a volta
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Você não deve ter boas lembranças do Gama - o próprio blogueiro acha o time antipático por conta de toda a confusão que culminou na Copa João Havelange de 2000. Após o rebaixamento da equipe, no Brasileirão de 2002, não se ouviu mais falar da equipe em âmbito nacional. Mesmo no Distrito Federal o Verdão não teve mais sucesso (apenas um título candango, em 2003), vendo o crescimento avassalador do rival Brasiliense - que chegou a ser hexacampeão estadual, somando oito conquistas em dez anos. Em 2015, o Gama se consolidou como maior campeão estadual (11° título) e deu o ingrato tri-vice ao Brasília. 
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CAMPEONATO BAIANO
Bahia: a redenção
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Créditos: http://migre.me/pIRkI
O blogueiro nasceu em uma época na qual o Bahia era apenas mais um time do nordeste, enquanto o pai do mesmo sempre reconheceu a força do Tricolor da Boa Terra. Diretorias nefastas minaram um dos clubes mais populares do Brasil, que vez por outra consegue renascer das cinzas - momentaneamente, apenas. Após mais um rebaixamento nacional em 2014 (o terceiro em doze anos, com direito a três passagens pela Série C), assumiu a presidência do clube o jornalista Marcelo Sant'Ana, após uma intervenção do Ministério Público e um mandato tampão de Fernando Schmidt. Apesar das evidentes limitações, o Bahia parou apenas nas semifinais da Copa do Nordeste e tomou um 3x0 do Vitória da Conquista no primeiro jogo da final. O Baêa fez 6x0 no jogo da volta e comemorou seu 46° título estadual - segunda maior marca no país. Pra melhorar, o arquirrival Vitória foi eliminado nas quartas-de-final do Baianão, para o Colo-Colo de Ilhéus. 
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CAMPEONATO SERGIPANO
Confiança: a confirmação
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O ano de 2014 foi histórico para o Confiança. O Dragão foi campeão estadual e, de quebra, conquistou o acesso para a Série C - após a quarta colocação na Série D. Em 2015, a confirmação da boa fase: bicampeonato estadual, jogos ao longo de todo o ano e uma campanha ruim do arquirrival Sergipe, que ficou na primeira fase. 
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CAMPEONATO PERNAMBUCANO
Santa Cruz: a loucura
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Créditos: http://migre.me/pIRsb
Em um estado com três times grandes, o Santa Cruz venceu um clássico, perdeu outro e empatou dois confrontos. Ruim, óbvio. O time coral viu o Sport fazer vinte e cinco pontos em trinta possíveis no hexagonal - o Central, vice-líder, teve catorze. O time de Ricardinho só foi emplacar na semifinal, após fazer seis gols em dois jogos no Central. O time também comemorou a eliminação do Sport na outra semifinal, para o Salgueiro. Após um sofrido 0x0 no primeiro jogo, Anderson Aquino fez o gol do quarto título do Santinha em cinco anos - para a loucura se instalar no Mundão do Arruda.
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CAMPEONATO POTIGUAR
América: a joia do centenário
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O campeonato potiguar de 2015 seria histórico por si só: os três maiores times do estado (ABC, América e Alecrim) fariam seu centenário e disputariam a taça com unhas e dentes. Na final, Clássico-Rei com empate na Arena das Dunas e vitória por 1x0 do América sobre o ABC em pleno Frasqueirão - casa do rival. O Mecão vai forte para a disputa da Série C, mas já tem um grande motivo para se orgulhar no seu centenário. 
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CAMPEONATO CEARENSE
Fortaleza: o basta
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De 2011 para cá, o Ceará nadou de braçadas no futebol quando comparado ao arquirrival Fortaleza. Disputou a Série A, a Copa Sul-Americana e foi tetracampeão cearense. O Fortaleza, por outro lado, mal chegou às finais em dois desses quatro campeonatos e ainda foi rebaixado para a Série C. O capítulo mais dramático da história do recente do Esquadrão de Aço foi a perda da vaga na Série B no Castelão lotado ante o inexpressivo Macaé, em 2014. Após vencer o rival (campeão da Copa do Nordeste) por 2x1, o gol de Cassiano garantiu o empate por 2x2 e o título do Leão do Pici - em uma competição em que chegou a ser eliminado e rebaixado no tribunal
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CAMPEONATO MARANHENSE
Imperatriz: o inacreditável
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Vencer o único time do estado que está presente na Série B e que é o maior campeão estadual nunca é uma tarefa fácil - ainda mais para um clube que tinha apenas um título, há mais de dez anos. Pior: no primeiro jogo, vitória do rival por 2x1. O Imperatriz não esmoreceu e venceu o Sampaio Corrêa por 3x1, dando a vaga para a Série D ao Cavalo de Aço - com direito ao estádio Frei Epifânio lotado.
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CAMPEONATO PARAENSE
Remo: o ano
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O futebol (e as diretorias do clube) tem sido ingratos demais com o tão tradicional Clube do Remo, rebaixado para a Série C em 2004 e que desde então corre riscos de ficar sem calendário no segundo semestre de cada ano. Entre tantas decepções azulinas, 2015 reservo ao menos um período para o torcedor afogar as mágoas: eliminação do arquirrival Paysandu nas semifinais da Copa Verde e na final da Taça Estado do Pará (segundo turno do Parazão), título do Parazão contra o Independente de Tucuruí e taça encaminhada na Copa Verde contra o Cuiabá. Agora, mais do que garantir a participação na Série D de 2016, o clube se garantiu na Copa Sul-Americana de 2016.

domingo, 3 de maio de 2015

Hoje tem luta

Poucas frases são tão certeiras para definir a faixa etária de alguém quanto a que é título desse post. Explico: para quem tem mais de vinte anos, a frase sempre vai remeter ao boxe; para os mais novos, é sinônimo de MMA. De tanto ouvir dos mais novos que "a luta vai ser boa", os mais velhos se habituaram a dividir suas memórias de infância com as dos tempos atuais. 
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Créditos: http://migre.me/pI4X8
Hoje, pela primeira vez em sabe-se lá quanto tempo, a luta em questão acontece no ringue, não no octógono; com lonas, não na grade. Floyd Mayweather e Manny Pacquiao colocaram o boxe novamente em evidência ao redor de todo o mundo. Um privilégio que apenas alguns poucos estandartes da nobre arte conseguiram. 
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A luta entre os dois nunca aconteceu, mas já tem grande histórico. Era para Mayweather e Pacquiao medirem forças em 2010, quando ambos estavam no auge - a luta só não aconteceu por conta de discrepâncias do controle antidoping do combate. 
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De lá para cá Mayweather permaneceu invicto, enquanto o filipino perdeu dois combates - o que coloca o americano em vantagem, já que soma 47 vitórias e segue invicto; enquanto o asiático tem 57 vitórias, 5 derrotas e 2 empates. 
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A luta chama a atenção também pelos números. O combate deve ter uma renda bruta de R$ 1,5 bilhão. O Cassino MGM (em Las Vegas) gastou R$ 120 milhões para sediar o evento, com Mayweather ganhando no mínimo R$ 360 milhões e Pacquiao R$ 240 milhões - os valores podem aumentar de acordo com venda de premiação do pay-per-view, de publicidade de última hora e ingressos. O ingresso mais barato é de R$ 4.200, e cada protetor bucal de Mayweather custa R$ 75 mil - já que conta com ouro, prata e notas de cem dólares.
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Apenas para comparação: em sua luta de retorno ao UFC, Anderson Silva (para muitos o maior lutador de MMA de todos os tempos, recebeu R$ 2,1 milhões - somando todas as premiações possíveis. Basicamente: todo o prêmio de Anderson Silva pagaria apenas vinte e oito protetores bucais de Mayweather. 
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Uma grande luta, porém, não é feita só de números. País de pouco destaque no cenário mundial, as Filipinas se desdobram para ver seu grande ícone. E isso não é um exagero: extremistas maoístas e islâmicos anunciaram uma espécie de cessar-fogo para ver o combate. A empresa distribuidora de energia, aliás, não sabe se terá eletricidade o suficiente para atender todo o país. Também vale destacar o bolo de 70 kg em tamanho real do lutador e os 86 milhões de socos que Mayweather já "recebeu" dos filipinos em uma ação de uma emissora de TV local.
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Tudo isso acontece em um momento de baixa do UFC - principal representante do MMA. Nos últimos dias, Jon Jones (disparadamente o melhor lutador de hoje em dia) perdeu o cinturão após se envolver em um acidente de trânsito e não prestar socorro à vítima. Como se não bastasse, a organização teve um 2014 para se esquecer no quesito financeiro.
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Se o confronto é o mais aguardado da história, se os dois são os melhores da história, se vai ser a melhor luta da história não tem como saber. Mas é inegável que o boxe volta a respirar aos olhos do mundo nessa madrugada.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

O Nordestão tem muito o que ensinar ao futebol brasileiro

Reclamar dos estaduais já virou clichê de tão batido - mas, bem, é um clichê verdadeiro. Cada campeonato tem seus problemas particulares, mas a falta de qualidade técnica é imensa em todos. Há, porém, uma competição disputada no primeiro semestre que é um exemplo a ser seguido. 
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A Copa do Nordeste acabou na última quarta-feira e todos temos que olhar para o sucesso da competição. Jogos empolgantes, camisas pesadas, cem mil pessoas nos dois jogos finais e muita festa. Futebol em estado puro.
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Tudo isso não foi conquistado de uma hora para a outra. Muito foi feito (e brigado) para que a competição fosse jogada do jeito que os clubes queriam, a despeito de todos os problemas do calendário brasileiro.
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Aliás, muito do sucesso se explica pelo que foi dito no parágrafo anterior: os clubes fizeram a competição, que era escanteada pela CBF. Os clubes nordestinos participam da Liga do Nordeste, entidade formada pelos clubes em 1997 que desde então defende os interesses dos times locais - e isso inclui organizar o Nordestão.
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Sim: uma liga de clubes no Brasil. A Copa do Nordeste mostra que é possível, e que os resultados são muito satisfatórios. O mais curioso é que a CBF também organiza um evento. Ou seja: há algum espaço para diálogo. 
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O segundo jogo da final da Copa cravou o maior público do ano no Brasil - 63.999 pessoas. O primeiro jogo ficou dos dez melhores públicos do país, bem atrás do antepenúltimo (a primeira final do Campeonato Mineiro, entre Atlético e Caldense: R$ 44). Uma festa de futebol, necessariamente, tem que ter um ingresso médio acessível para todos - o que não é nada frequente em arenas. Um título não tem preço, assim como a lembrança de um jogo qualquer para um torcedor não é comprável. Falta essa percepção para os clubes, que veem o torcedor como cliente.
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Mais: as duas partidas finais do Nordestão foram no mal-amado horário das 22h de um dia útil. Além das duas decisões, apenas o confronto entre Corinthians e San Lorenzo (pela Libertadores) foi nessa faixa horária. 
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Se existe futebol às 22h de um dia útil (um absurdo), é porque existe a novela da Globo - que começa às 21h. E, quando o Nordestão voltou de vez (em 2013), a competição teve grande ajuda na organização pelo Esporte Interativo - que, aliás, ganhou a retribuição de todos eles na eterna luta do canal para entrar nas grade das principais TV's fechadas do país. A Globo, então, apenas transmite o torneio, sem mandar e desmandar na tabela e ter todos os benefícios que costuma ter - e, portanto, tem que engolir o sucesso de um torneio que não está sob sua alçada.
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Acredite: poderia ser melhor. A média de público do Nordestão de 2015 foi de 7 mil pessoas - baixo em qualquer lugar do mundo, mas média acima de TODOS os estaduais brasileiros. A ocupação média dos estádios foi de 21% - atrás do Paulistão, Mineiro, Gauchão e Catarinense. Novamente chama a atenção o valor médio dos ingressos: R$ 47 no Paulistão, R$ 33 no Mineiro, R$ 35 no Carioca, R$ 29 no Gauchão e... R$ 19 no Nordestão. 
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Também vale destacar a ausência de alguns clubes de massa no certame. A classificação se dá por meio dos estaduais dos anos anteriores e cada federação tem direito a determinado número de vagas - três para Bahia e Pernambuco, dois para o resto. Por essa classificação, o Treze (Paraíba) ficou de fora. Por incompetência própria, não jogaram a Copa do Nordeste o CSA e/ou o ASA (Alagoas), o Sergipe, o Santa Cruz (Pernambuco), o Flamengo (Piauí) e o ABC (Rio Grande do Norte). Para 2016, mais baixas importantes: Vitória (Bahia), Náutico (Pernambuco) e novamente Flamengo e Sergipe não estarão. Por mais que esse critério seja o correto (para mim), a falta desses times e do público que eles trazem sempre fazem falta.
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A Lampions League (apelido carinhoso da Copa do Nordeste) é um recado para todos. Para as federações estaduais, que tem um exemplo de sucesso de que é possível fazer muito mais na organização dos torneios; para os clubes, que podem ter um retorno muito maior se mudarem o atual status; para a Globo, que vê que há vida sem ela no futebol. 
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Falta a vontade de todos esses. Falta, aliás, pressão do torcedor - que é o principal interessado em um futebol melhor. A Copa do Nordeste mostra que o futebol ainda respira no Brasil - mas precisa se livrar dos fantasmas que ele criou o quanto antes. 

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Do Kiwi ao Whatsapp: estamos conhecendo pessoas da maneira errada

Na postagem de ontem, falei um pouco sobre a ótima ideia que é o Kiwi e o péssimo uso que a maioria dos brasileiros fazem dele. Hoje, no mesmo Kiwi, vi uma pergunta que me instigou: alguém perguntava se o Facebook estava em baixo; uma conhecida disse que desativou a conta. 
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Créditos: Reprodução
Na minha cabeça, tudo está relacionado. O Kiwi (como eu disse ontem) é apenas uma consequência de um problema muito maior: em geral, os brasileiros não sabem se portar na internet - e você sabe que, se não sabe se portar na internet, não sabe se portar fora dela.
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Elenco exemplos: se o Orkut teve sobrevida porque brasileiros (e indianos, é bem verdade) abraçaram a rede social surgida ainda antes do Facebook, a ruína da primeira rede social de todos nós foi justamente a banalização de comunidades inúteis e algumas práticas comuns e escrotas (a expressão "o topo é meu" não é um meme até os dias de hoje à toa), que não deixavam que as pessoas conhecessem umas às outras.
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Particularmente, o segundo ponto me intriga. O Orkut permitia que várias pessoas se conhecessem (essa rede, aliás, era muito mais fácil de se conhecer pessoas que o Facebook, por ter comunidades, não grupos) e muitas preferiam se fechar em uma bolha, apenas para seus próprios amigos. Outros gostavam de se mostrar demais, querendo ganhar fama por ter um corpo bonito ou coisa que valha. 
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Créditos: Reprodução
Eu sempre gostei de fazer novas amizades (logo, não me encaixava no primeiro grupo), mas gosto apenas de conversar e conhecer gente nova (e, por isso, não me enquadro no segundo grupo). Ser o meio-termo sempre é difícil, mas em redes sociais isso é ainda pior. O ambiente da internet é um convite ao extremismo; quem se mantém lúcido sofre de alguma maneira. 
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No geral, as pessoas não conseguem transitar por nada que não seja o meio - e isso me incomoda bastante. Tenho amigos que fiz no Orkut até hoje, assim como cultivo amizades e contatos no Twitter. Faltam redes sociais, apps ou afins que possam simplesmente juntar gente para falar de um assunto qualquer, seja ele qual for. E, quando eles existem, são desvirtuados. 
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O Kiwi não é o único. O Twitter conta com cada vez mais fakes que só sabem fazer brincadeiras sem graça, assim como contas com frases clichê existem aos montes. O Facebook é um caso ainda mais complicado pois quem o estraga são pessoas comuns e suas ideias dementes (textões, defesa de ideias indefensáveis, intolerância e afins) e a própria plataforma - que, por exemplo, matou o alcance orgânico das próprias páginas. 
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Pior: as pessoas transformaram o Whatsapp, que passa longe de ser uma rede social, em um instrumento pra conhecer gente. Alguém te adiciona em um grupo do WPP (aliás: como alguém consegue gostar daqueles grupos que só travam o celular?) e vão conversando em janelas particulares com que os interessa. 
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Isso é, ao menos para mim, uma completa inversão dos valores. O WPP é algo particular (que envolve, inclusive, o número do seu celular), que não deve ser banalizado. O que vemos hoje é apenas mais um capítulo da morte das redes sociais - vindo de quem deveria usá-lo, ainda que muitos outros fatores não contribuam para mantê-los vivos. 
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Costumo dizer que a internet é apenas um reflexo da sociedade. E, bem, tudo anda errado.