quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Três curtas de Jornalismo: duas pra rir, uma pra chorar

>
Ia falar apenas de duas reportagens curiosíssimas que vi nos últimos dias e que achei bem engraçadas, até. Mas, dada uma notícia de última hora, não posso deixar de falar um pouco sobre um verdadeiro crime contra o bom Jornalismo.
.
Richarlyson, do Galo
A primeira matéria refere-se a uma declaração de Richarlyson, do Atlético Mineiro, após a conquista da Copa Libertadores da América. Em tom de desabafo, o atleta (que muitos torcedores acham que é homossexual) disse que "teve que engolir muita coisa".
.
Sem dúvida é engraçado. Acho que o mau gosto da manchete é inegável, mas tento pensar como jornalista. É a declaração textual mais forte e dá sentido para tudo o que se liga ao contexto da frase. E, claro: o jogador, de fato, falou isso. Não tem porque não publicar da maneira como foi veiculada. Cabe ao jogador tomar mais cuidado nas próximas entrevistas.
.
A segunda reportagem o cúmulo do nonsense. O repórter Thiago Calil, do R7, viu o filme Wolverine: Imortal em 3D sem o óculos 3D. A justificativa é ver se a diferença nas imagens é tão grande assim ou se é possível ver o longa-metragem sem o acessório - tido como incômodo por muitos.
.
Chega a ser absurdo. O próprio texto, em vários momentos, deixa claro que o grande mote da pauta é a bizarrice. A minha frase preferida é "As imagens, como já era esperado, ficam embaçadas". Você pode ler a reportagem aqui e uma análise dela aqui.
.
Wolverine - com ou sem 3D
Nas minhas aulas de primeiro semestre de Jornalismo, de conceito de Linguagem Jornalística, aprendi com o professor Júlio Veríssimo que tudo é pauta para um bom jornalista. O portal R7, como se vê, seguiu essa máxima. Certamente ganhou uma audiência imensa, também. Mas o principal bem dum jornalista é a credibilidade. Tenho certeza que todos, agora, verão o portal com outros olhos. E eu acho difícil conter o riso se ver o nome de Thiago Calil em outra matéria.
.
Agora, a parte chata. Mais, muito mais que chato: triste e revoltante.
.
Mauro Beting, respeitado e ótimo jornalista do Grupo Bandeirantes, foi demitido - da Rádio Bandeirantes, ao menos. Os profissionais da área estão acostumado com cortes, demissões em massa e passaralhos diversos, mas não deixa de ser revoltante ver um profissional dessa estirpe desempregado. Existem tantos por aí, porque ele ?
.
Mauro Beting, ex-Band
Apenas para dar um exemplo do tipo de pessoa e profissional que a Band está perdendo: enquanto seu pai falecia, no final do ano passado, ele trabalhava. E anunciou ao vivo (e de forma emocionante) a morte dele. Será que uma pessoas dessa é, agora, descartável e não pode mais integrar a equipe ? Será que não daria pra sacrificar um pouco do orçamento para contar com todo o talento que ele reconhecidamente tem ?
.
Nada mais humano que o Jornalismo: nos faz rir e chorar.
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário :