quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

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O carnaval carioca foi aberto com a campeã do Grupo de Acesso 2008, a Império Serrano. Mesmo com tal status, uma das maiores escolas do carnaval do Rio de Janeiro sofreu para por o seu desfile na avenida. Aliás, a crise econômica se fez presente em 3 escolas das 12. Além da escola da Serrinha, a Mocidade e a Mangueira. Reeditando um clássico de 1976, a debutante carnavalesca Márcia Lávia fez o que foi possível, e bem. Com alegorias e fantasias minimalistas porém bem acabadas e contando com o canto dos integrantes e do público, o Império tem a certeza quase que absoluta de que ao menos se manterá no Grupo Especial em 2010.
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Das escolas mais regulares e bem-posicionadas desde 2005, a Acadêmicos do Grande Rio veio falando da união entre Brasil e França, e como um influencia o outro. O esquenta no ritmo da Marselhesa e as dançarinas de can-can foram os pontos que mais empolgaram os presentes na Sapucaí. A bateria de Mestre Odilon, que já anunciou o seu desligamento da escola, foi o destaque. Os carros grandiosos sem um acabamento muito regular e diversos problemas de harmonia no fim do desfile credenciam a escola do também estreante carnavalesco Cahê Rodrigues apenas a briga pela sobrevivência, porém.
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A primeira candidata ao título foi a terceira a pisar na avenida. A Vila Isabel veio cantando o centenário do Theatro Municipal do Rio. Com as alegorias dinâmicas de Paulo Barros e a pesquisa de 10 anos de Alex de Souza, a escola foi certamente a com o enredo mais completo da avenida. Com os componentes acompanhando o belo samba interpretado por Tinga, a Vila levantou poeira e promete brigar pelo tricampeonato de direito.
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Após um desfile de superação em 2008, a Mocidade parece ter novamente perdido o foco. E logo no começo do desfile. O carnavalesco Cláudio Cebola foi conter um princípio de incêndio no abre-alas da escola da Zona oeste e acabou sendo atropelado. O desfile, que não prometia muito, ficou ainda mais caótico. Falando das duas estrelas da literatura, Machado de Assis e Guimarães Rosa, a escola de Padre Miguel ficou devendo aos presentes na passarela.
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Atual bicampeã, a Beija-Flor mostrou que vem forte rumo ao tri. Antes do desfile, a escola nilopolitana promoveu o casamento de seu baluarte mor, o intérprete Neguinho da Beija-Flor. Acometido de um câncer no intestino, ele prometeu e cumpriu a promessa de cantar a escola o tempo inteiro e ainda ganhou o Estandarte de Ouro. O desfle foi um show proporcionado pela trupe de Laíla e Alxandre Louzada. Alegorias e fantasias luxuosas e uma comissão de frente inventiva fizeram o sucesso da escola que é disparadamente a maior favorita para a conquista do 12° título da escola. 
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Fechando a primeira noite, a escola que teve o maior salto neste milênio. Em busca de um título que não vem a mais de 70 anos, a Unidos da Tijuca vinha com um promissor desfile falando das viagens humanas para o espaço sideral. Logo no começo da passagem da escola da Zona Norte, porém, um problema com um carro alegórico deixou um imenso clarão na avenida, que fará a escola perder preciosos pontos que já a descredenciam pela disputa do título. O belíssimo desfile projetado por Luiz Carlos Bruno segurou a escola, que apesar dos pesares, passou bem na avenida, na linha dinâmica que a escola faz desde 2004.
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Com a missão de abrir bem a segunda noite, a Porto da Pedra veio renovada com o experiente e vencedor Max Lopes para fazer seu desfile. Contando as grandes idéias e a criatividade mundial, a escola de São Gonçalo vinha fazendo um lindo desfile, tendo nas matizes de suas cores o foco principal, característica de seu carnavalesco. A comissão de frente, reproduzindo os neurônios do cérebro humano, causou impacto. No entando, uma alegoria quebrou no início da passarela do Samba Darcy Ribeiro e abriu um dos maiores buracos da história do carnaval. Com os descontos em todos os quesitos em mente, a escola se torna a principal candidata ao descenso em 2009. Uma pena.
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Graças à vice-colocação ano passado, o Salgueiro entrou de volta para o hall de grandes escolas do Rio. Em 2009, falando sobre o tambor como instrumento musical e forma de comunicação, a escola veio com alegorias impressionantemente tecnológicas, como Renato Lage sempre faz. A última alegoria foi o destaque, uma póstuma homenagem a Mestre Louro, dos maiores mestres de bateria do carnaval que reinou soberano por muito tempo na escola da Tijuca. No final das contas, a Academia ficou com Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial.
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Comemorando seus 50 anos, a Imperatriz veio fazendo uma homenagem a si mesma e ao bairro de Ramos, reduto da escola. Alegorias com acabamento perfeito, tradicional de Rosa Magalhães, a comissão de frente com um trem simbolizando a linha de trem que passa na rua Uranos e a bateria de mestre Marconi foram os pontos fortes. O último carro, uma imensa representação do distintivo do Cacique de Ramos, trouxe algumas personalidades criadas no local, como Zeca Pagodinho, Beth Carvalho e Elymar Santos. A escola da Leopoldina voltará no sábado das campeãs, e desponta como séria candidata ao título.
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Após a melhor classificação desde 1995 ano passado, a Portela resgatou o amor, o sentimento mais puro do ser humano. Os carnavalescos estreantes no Grupo Especial Lane Santana e Jorge Caribé se perderam ao explicar o enredo, de tema muito bom, diga-se. A águia, toda dourada, veio modernista demais, até. Alegorias em azul neon deram o tom do desfile, que se não fosse o erro de mão dos carnavalescos terminaria num grande resultado da azul e branco de Madureira.
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Uma das maiores vítimas da crise mundia, a Mangueira teve grandes dificuldades pra por seu desfile na Sapucaí a tempo. Falando da miscigenação do povo brasileiro, a verde-e-rosa fez o que podia. Sem dinheiro, sobrou pra comissão de frente apagada e pra bateria Surdo Um, este ano sem mestre Taranta graças a problemas em decorrência do diabetes, segurarem o rojão. Fantasias e alegorias com um péssimo acabamento se desfacelararam na Avenida. Não mais que um desfile mediano da Estação Primeira que já viveu dias melhores.
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Fechando o carnaval veio a Viradouro. A agremiação de Niterói contou os combustíveis alternativos que estão saindo da Bahia para salvar o planeta. Com o dia amanhacendo, a comissão de frente representando os próprios combustíveis e a bateria de mestre Ciça com uma incrível paradinha de atabaques que marcou o ano foram os pontos fortes. O bom desfile organizado por Milton Cunha fez bem aos olhos dos expectadores que o viram, e certamente voltará no desfile das campeãs.
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Com esse pequeno resumo fechado, a classificação ao menos para mim ficará assim:
1° Beija-Flor.
2° Imperatriz.
3° Vila Isabel.
4° Salgueiro.
5° Viradouro.
6° Portela.
7° Unidos da Tijuca.
8° Mangueira.
9° Império Serrano.
10° Mocidade.
11° Grande Rio.
12° Porto da Pedra.
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Sobre a apuração de São Paulo, apenas digo que foi tudo merecido. Tanto o 7° título do Mocidade quanto o vice do Vai-Vai e o terceiro lugar do Rosas de Ouro. Ajudadas foram os Gaviões da Fiel e o X9 Paulistana. O Império de Casa Verde foi prejudicado e foram assaltados a mão-armada o Mancha e o Tom Maior. A queda da tradicionalíssima Nenê e da adormecida Peruche foram normais, até certo ponto. No Acesso, o Águia de Ouro sem tirar sequer um 9,5 foi campeão sem grandes dificuldades. A briga pela segunda vaga foi vencida pelo Imperador do Ipiranga, que terminou na frente dos Dragões da Real. Caíram o Combinados de Sapopemba e o Acadêmicos do Tatuapé. Lamenta-se apenas o Camisa Verde e Branco, segunda maior vencedora do carnaval paulistano, num modesto quarto lugar. 
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