domingo, 22 de fevereiro de 2009

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A segunda noite do carnaval paulista era esperada com ansiosidade desde o sorteio para se definir a ordem das escolas, em meados do ano passado. A noite colocava todas as escolas campeãs do carnaval desde 2001, com exceção do Nenê campeã naquele ano junto com o Vai-Vai. E para abrir o desfile, o Leandro de Itaquera veio cantando as periferias e citando a estrela das favelas Regina Casé. A harmonia da nação itaquerense era notável, tanto quanto o Leão alado no abre-alas e a própria Regina Casé no último carro alegórico. O setor falando da musicalidade da favela também chamou a atenção, porém a escola correu um pouco para passar dentro do tempo permitido.
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Com muito luxo e falando da Índia veio a Pérola Negra. O tripé do deus Ganesh, simbolizado por um elefante, a posterior ala de dançarinas indianas mostrou que a escola da Zona Oeste veio pra ficar. O belo samba cantado por Douglinhas levantou os setores, e a bateria de mestre Pateta fez desenhos rítmicos e evoluções no final do desfile que fizeram a diferença. As cores vibrantes contrastaram com a falta de harmonia dos integrantes da Vila Madalena, que pareciam um tanto quanto murchos na Avenida.
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Credenciada pelo vice-campeonato por 0.25 ano passado, a Mocidade Alegre veio com status de candidata ao título e confirmou isso. O primeiro setor, inteiro dourado e com um grande abre-alas, estava deslumbrante. Porém, a parte que mais chamou a atenção no desfile da Morada do Samba foi o terceiro setor, que era aberto com um carro trazendo o atacante Washington do São Paulo, inteiro vermelho pulsando na batida de um coração, tema da escola. Ao entrar no recuo da bateria, os comandados por Mestre Sombra fizeram a evolução mais marcante de ritmistas desse ano. Uma parte da bateria Ritmo Puro saiu e fez um coração, depois uma flecha e após isso as duas figuras, símbolo dos corações apaixonados. Para entrar no recuo, usaram a nova forma do Caracol, idealizada por Sombra. Um verdadeiro show, do início ao fim. Certamente brigará pelo título.
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Por muitos uma candidata séria ao rebaixamente esse ano, a Acadêmicos do Tucuruvi afastou os comentários engativos e fez um desfile lindíssimo, dos mais belos do ano, esteticamente falando. Contando a história de Ouro Preto e todo o seu esplendor barroco, a escola emocionou com a comissão de frente falando do triunfo eucarístico e com o abre-alas om anjos barrocos suspensos. No fim do desfile, a homenagem a Aleijadinho e a Mestre Ataíde emocionaram a todos. O belo samba foi cantado por muitos setores do Anhembi.
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Sempre favorita, o Gaviões da Fiel foi a quinta a entrar na passarela. Falando do automobilismo, a comissão de frente contou a invenção da roda com tons modernistas, e o carro abre-alas trouxe o Gavião da escola inteiro cromado. Os comandados de mestre Pantinho aceleraram o passo a partir do segundo setor, o que prejudicará a escola no quesitos d eharmonia e evolução. A prometida homenagem ao corinthiano Ayrton Senna ficou devendo, mesmo com a torcida cantando o samba, disparadamente o mais simples do ano, a plenos pulmões. No fim do desfile, uma confusão envolvendo diretores de harmonia e o cinegrafista da TV Globo acirrou os ânimos. Um grande show anunciado que acabou não correspondendo totalmente.
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Entrando com o apoio incondicional da massa alvinegra, o Vai-Vai como sempre assustou na entrada, dando a impressão de título antecipado falando da saúde mundial. As alegorias e fantasias escuras eram luxuosas, mas derrubaram o ânimo de componentes e da torcida, que faziam festa, mas em grau bem menor que o ano passado. Para completar, a correria para colocar a Saracura inteira na dispersão dentro do tempo causará certamente uma grande perda de pontos. De perfeito no Bixiga apenas a bateria incrivelmente marcada de Mestre Tadeu. Pouco pra maior campeã do carnaval paulistano. 
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Fechando o carnaval paulistano, o Império de Casa Verde veio falando dos feriados do nosso calendário e homenageando os seus 15 anos. A surpresa veio na voz. Dividindo as vozes com o puxador oficial, Raphael do Império, veio o pagodeiro Belo, namorado da rainha de bateria Gracyanne Barbosa. No abre-alas estranhou-se a ausência do Tigre, símbolo da escola. As fantasias estavam simples, em cores claras e muito bem acabadas, contrastando muito bem com o dia que já estava nascendo e depois clareou de vez. O carro abre-alas de 90m de comprimento mostrava que o gigantismo de suas alegorias, marca registrada da escola da Zona Norte, estava presente. E o Tigre veio fechando o desfile, ao contrário de anos anteriores. Aliás, que tigre, 50m de comprimento e 14 de altura, além de estar em perfeito estado. O carro homenageava o próprio Império, a caçula do grupo Especial com apenas 15 anos e já bicampeão do carnaval paulistano. O mote dos 15 anos da agremiação foi o tema do último caro, onde um imenso bolo de debutante foi repartido por 15 casais que dançavam uma valsa, como em festas de meninas debutantes. O fechamento do carnaval ganhou uma nova candidata ao título. 
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Percebe-se que qualquer erro esse ano será crucial para as pretensões das escolas, todam lindíssimas. Pesando erros e acertos, acho que a classificação assim fica:
1º Mancha Verde.
2° Império da Casa Verde.
3° Mocidade Alegre.
4° Tom Maior.
5° Vai-Vai.
6° Rosas de Ouro.
7° Acadêmicos do Tucuruvi.
8° X9 Paulistana.
9° Gaviões da Fiel.
10° Unidos de Vila Maria.
11° Unidos do Peruche.
12° Leandro de Itaquera.
13° Pérola Negra.
14° Nenê de Vila Matilde.
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No Grupo de Acesso carioca, a mais cotada para o título e para a única vaga ao grupo Especial é a União da Ilha do Governador, desde 2002 no Acesso. Concorrendo com a azul-e-branco temos a Estácio de Sá, a Renascer de Jacarepaguá e a Paraíso do Tuiuti. Para cair pro Acesso B, cota-se a Inocentes de Belford Roxo, a Caprichosos de Pilares e a Acadêmicos de Santa Cruz.
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