sábado, 16 de junho de 2012

Música e sociedade no século XXI

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Folheando a Veja São Paulo da semana passada, encontrei uma nota com o cantor Rick, que fazia dupla sertaneja de sucesso tempos átras com o também cantor Renner. Ele comentava sobre o novo tipo de música que começará a cantar, e resumiu:
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"O romantismo no sertanejo acabou ! A galera não está interessada em romance. Agora, canto sobre o amor sem-vergonha, só fazem sucesso músicas debochadas, sobre pegação sem compromisso"
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Não tenho críticas a fazer a ele quanto a isso, pelo contrário: ele tem a percepção exata do que acontece com o cenário musical brasileiro. Aliás, não só com as músicas que ouvimos, mas também com toda a sociedade brasileira. E a música é apenas um reflexo dessa sociedade.
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É só ver as músicas que fazem sucesso desde o começo do século até hoje. A virada do milênio presenciou a explosão do funk carioca, com seu ritmo dançante e que chamava "as cachorras, as preparadas e as popozudas". Começou então a febre do "ficar" entre os jovens, e também a visão de que mulheres são escravas, sexuais ou não. Gradativamente o gênero foi abaixando ainda mais o nível, até chegarmos aos clássicos da baixaria, como Tati Quebra-Barraco e MC Serginho. Os reflexos dessa época podem ser sentidos até hoje em letras de Mr. Catra, Os Hawaianos e MC Carol, pra ficar nos mais conhecidos. 
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Mas, quando Tati Quebra-Barraco e MC Serginho começaram a fazer sucesso, um outro gênero ganhou a preferência do público. Era o emocore, com seu ritmo pesado e suas letras românticas. Bandas como NX Zero, Fresno, Simple Plan e Avril Lavigne tinham músicas que estavam na boca de qualquer adolescente. Os ritmos negros e o rock norte-americano também apareciam, mas os preferidos eram mesmo as músicas confessionais.
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Junto com as músicas confessionais pesadas haviam também as tradicionais, mais lentas e ainda mais românticas. Bandas de pagode como Inimigos da HP, Jeito Muleque, Sampa Crew e até mesmo o já conhecido Exaltasamba, com nova formação, explodiram. 
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Outro exemplo de que a mulher, outrora objeto e vista apenas como objeto sexual, estava valorizada, eram as músicas eletrônicas da época. Lançada em 2005 mas mundialmente conhecida graças a Copa do Mundo de 2006, o DJ francês Bob Sinclair sintetizou o pensamento geral ao escrever "Love Generation":
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"I've got so much love in my heart,
No one can tear it apart,
Yeah,

Feel the love generation,
Yeah, yeah, yeah,
Feel the love generation"
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Das confissões para letras que também falavam de amor, mas duma forma mais pueril, acertando em cheio, novamente, a juventude que aparecia. O rock colorido, muito famoso por bandas como Restart, Cine e Hevo 84, tratavam o amor como algo leve, e a mulher como um ser superior. Também é nítida a confusão dos personagens, que, muito provavelmente, estavam "gostando" de alguma menina pela primeira vez. 
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Chegamos, então, ao momento de Rick - o atual. O embrião do sertanejo univeristário começou com duplas como Bruno e Marrone, César Menotti e Fabiano e Victor e Léo, já no final da década passada. Eles abriram espaço para bandas como Fernando e Sorocaba, João Neto e Frederico, Hugo Pena e Gabriel, João Lucas e Marcelo e até mesmo para os reinventados Guilherme e Santiago. Hoje, as duplas deram espaço para os cantores solo, como o mundialmente conhecido Michel Teló, Luan Santana e Gusttavo Lima. 

As músicas de hoje em dia refletem muito bem o pensamento de quem está solteiro e não tem muito interesse em engatar um namoro sério. Trata o sexo oposto com bom humor, e sem desrespeitá-lo. Melhor do que os funks citados, mas, convenhamos... apesar das músicas serem empolgantes e animadas, sigo com a minha opinião de que, para falar do sexo oposto (ou melhor, para falar do melhor exemplo do sexo oposto, a minha namorada), não há nada melhor que músicas mais calmas. Mas isso vai de cada um. 
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