sábado, 30 de outubro de 2010

Uma ligação do prefeito

Desde quando o São Caetano ameaçou mudar de cidade graças a desavenças com a prefeitura, fiquei possesso. Se isso se concretizasse, boa parte das minhas infindas memórias nessa cidade ( a única em toda a minha vida ) iriam pelo ralo. Manifestei meu repúdio à lei de municipalização dos clubes mandando um e-mail para a prefeitura municipal, através da qual pontuei bem meu ponto de vista e o por quê de não apoiar tal projeto.
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Para minha surpresa, o prefeito mostrou-se interessado em me responder pessoalmente o e-mail, ligando na minha residência. Me explicou detalhes da lei e me tranquilizou dizendo que os lados haviam chegado num acordo.
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Não foi só isso, pra ainda mais espanto de minha pessoa. Conversamos sobre a política atual, sobre as próximas eleições e sobre a história de São Caetano, em cerca de cinco minutos de diálogo. Ganhei até um convite do prefeito para ir conversar com ele no Palácio da Cerâmica, sede do executivo municipal, logo rechaçado por mim graças aos vestibulares e por saber que isso não passa de educação e uma tentativa de aproximação dele comigo, sendo eu uma alegoria do eleitorado.
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Certos fatos só acontecem em São Caetano. E, com esse, fiquei extremamente feliz.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Costa, batendo de frente com a minha vida

Um ano depois dá pra falar melhor da importância da viagem de formatura. Mais maduro, maior de idade e com uma cabeça ainda mais feita, posso olhar pra trás e ver o quanto Costa do Sauípe foi importante e um divisor de águas não só no ano passado, mas também em toda a minha vida.
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Dias antes da viagem, passei por um episódio traumático com uma pessoa, episódio esse o qual prefiro não recordar. Fui viajar baqueado e triste com a situação e com a pessoa, mas prometi pra mim mesmo que isso não ia me abalar. Ia sim era fazer o contrário: marcar a minha volta por cima.
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Com uma semana de Sol pleno num lugar paradisíaco, não tinha como não ser perfeito. Ir dormir a hora que quiser, curtir todas as opções dum completo hoteleiro completo, várias bebidas, shows espetaculares ( Alexandre Peixe, Timbalada, Cláudia Leitte, O Rappa e Jammil e Uma Noites ), risadas e conversas á beira do deck da piscina ou jogando futebol à todo instante, me senti revigorado.
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Houveram seus pontos ruins, claro, sobretudo com meus amigos. Talvez eu precisasse de um tempo pra ouvir coisas novas, um tempo pra me abrir, um tempo pra mim. Fui ausente demais com eles, reconheço e até hoje me culpo por isso. Entretanto, conhecer de fato algumas pessoas da minha escola, estreitar relações já existentes e conhecer pessoas me fez um bem absurdo. Sempre tive ânsia de papos novos, ideias novas, vozes novas. Consegui isso lá.
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Marcando exatamente um ano de minha ida pra lá, posso desmembrar meu ano em dois: antes e depois da Fernanda. Antes não passei no vestibular, sofri pelo mesmo motivo o qual me deixou triste antes de Costa, fiquei no ócio, me atrasei na vida... enfim, um desastre. Ao começar meu relacionamento tudo mudou, e me sinto tão revigorado quanto fui pra Bahia. A diferença é que ela me faz bem todo dia.
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O Sol que falta no ABC brilha o ano todo no paraíso o qual chamamos de Costa do Sauípe. Um ano depois posso dizer com saudade o quanto o local, a turma, os monitores, o hotel e o simples fato de estar lá fez dum período nefasto da minha vida uma chance de viver feliz.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Outro tango triste em Buenos Aires

Tudo que envolva a Argentina e sua boêmia tem uma face melancólica. Isos é cultural e independe da área, seja nos esportes, na cultura, na religião, no clima ou na política. Essa última deu o tom menor no país hoje novamente, graças ao infarto e posterior morte de seu ex-presidente Néstor Kirchner.
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Enquanto presidente da " era K ", seu governo teve no assistencialismo sua principal base, aumentando o poder de compra das classes mais pobres, fazendo crescer o comércio interno e levando a economia Argentina a taxas de crescimento de 8% ao ano. Por outro lado, seu governo foi marcado pela censura e pela desconfiança de investidores estrangeiros quando ao real panorama da Argentina - seus opositores diziam que todos esses números eram uma ilusão. Querendo ou não, ele salvou o país da crise de 2001 e do desastre do governo de Fernando de la Rúa.
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Elegeu sua mulher, Cristina Kirchner, como sua sucessora, e venceu a eleição. Obviamente, muitos diziam que era ele quem comandava de fato o país, e que sua mulher era apenas figuração na Casa Rosada. Qualquer semelhança com Lula e Hugo Chávez não é mera coincidência, diga-se de passagem. Censura, programa voltado pros mais pobres...
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E agora ele está morto, a Argentina não sabe qual caminho tomar e 2011 é ano de eleição. A tristeza recorrente dos argentinos têm mais um cenário perfeito para aparecer ao som das canções de Gardel.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobre a situação da AD São Caetano ~ Cópia de e-mail pra prefeitura de São Caetano do Sul

Caro prefeiro José Auricchio Jr.,

Confesso que entendo os seus motivos para querer despejar a AD São Caetano de sua sede social. A lei de municipalização dos clubes é totalmente legal, e o senhor tem todo o direito de fazê-la. No entanto, não acho que a cidade precise tão urgentemente de recursos advindos de terrenos em propriedade privada há tanto tempo para se manter. São Caetano do Sul é próspera, e se manteve em tempos piores sem essas terras.
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Leio jornais, sites e agências de notícias da região e da cidade diariamente, e não ouvi outros clubes municipais reclamarem de tal atitude da prefeitura. Partindo do pessuposto de que ninguém quer perder uma terra comprada por si próprio, a lei não se aplica a eles, ao menos por enquanto. Porque começar bem com o clube que representa toda a cidade no cenário esportivo internacional ? Isso significaria uma significativa perda de dinheiro, de visibilidade Brasil afora e do reconhecimento de pessoas de todos os cantos para a cidade, e causaria algum estrago no orçamento.
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Independentemente do impacto orçamentário, há algo que não está transcrito em dinheiro ou atitudes: a identidade da cidade. Certamente muitos munícipes tem orgulho da agremiação desportiva que é, indiscutivelmente, um dos maiores clubes do país, campeão estadual e vice-campeão nacional e continental, posições que muitas equipes mais velhas que o " Azulão " não obtiveram, nem ao menos chegaram perto. O futebol, principal categoria do clube, é o esporte mais querido em todo o país, e ter um representante tão grande nessa área é de fundamental importância para atrair turistas, pessoas e gente interessada em por aqui estabelecer residência ou investimentos das mais variadas espécies.
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Politicamente falando... o que o sr. Luiz Tortorello, finado e histórico prefeito de São Caetano do Sul e torcedor fanático da equipe, acharia de tal ato ? Lembre-se que foi ele quem fez todo o nome do senhor rumo à prefeitura, desde a indicação para o secretariado municipal até a eleição para prefeito. Vou além: seu principal oponente nas eleições de 2008, Jayme Tortorello, vinha da mesma família que o ex-prefeito, e pregava em seu plano de governo apoio total à equipe. Com a lei que poode desapropriar o clube, não prevista pelo senhor, a opinião de muitos de seus eleitores - eu me incluo nesse grupo - poderiam mudar. A AD São Caetano tem uma projeção maior que a própria cidade em alguns aspectos, e para a grande maioria do povo brasileiro a situação se repete.
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Aprovo seu mandato, que fique bem claro. Mas tal indisposição para com o clube pode realmente me fazer mudar alguns conceitos. Votei no senhor em 2008 e não me arrependo disso, mas me sinto apunhalado diante de tal injustiça moral com a maior vitrine sulsancaetanense.
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Atenciosamente,
Willian Goueia Ferreira

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tempo, ao menos por um dia

Nessa vida tão corrida de vestibulando, ando me queixando incessantemente da falta de tempo. Sempre estudo, fico no cursinho, leio sobre as mais diversas matérias... e, óbvio, falta tempo pro lazer, seja ele qual for. Me distanciei um pouco dos esportes e do convívio social com o único fim de passar numa boa faculdade.
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Nessa segunda-feira, porém, tive um dia atípico. Cheguei em casa e pude estudar um pouco além do que estudo normalmente. Pude ver alguns vídeos de futebol, brincar com a minha irmã, ver duas partidas simultâneas de futebol e ver o programa sobre a NFL, meu novo vício. Tudo isso sem descansar, malhando e colocando o intelecto pra funcionar, alcançando um equilíbrio que deveria ser mais comum nos meus dias, mas que a exigência selvagem dos vestibulares não permite.
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O ideal seria ter mais dias como esses, não por ser segunda-feira, obviamente, mas pelo tempo para ter uma vida e pelo tédio domado, que não se transformou em ócio, e sim em trabalho produtivo, e não apenas cansativo. A chave pra passar no vestibular foi definitivamente alcançada.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Isso não tinha no meu tempo...

Tinha sim, seu mentiroso. Quantas vezes você não ouviu isso duma pessoa mais velha querendo dar lição de moral e falando implicitamente que sua geração ( e sim, isso te inclui ) não presta e são todos marginais/vagabundos/inúteis/vadios/desvirtuados e que só fazem e pensam absurdos ? Não fique encanado com isso, a geração deles era idêntica.
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Vi num desses programas mundo-cão da TV o caso conhecido como " A Chacina da Ponta da Praia ". O crime é famoso em Santos, e foi relatado com detalhes pelo televisivo, que esmiuçou cada aspecto brutal do episódio, característica desse tipo de noticiário. Resumindo, um homem de 34 anos namorava uma adolescente de 16. A diferença de idade desagradava os pais, e a adolescente foi morar com o namorado. Ela não aguentou viver com um homem possessivo e ciumento, e voltou para o lar. O homem não aceitou tal fato, e matou pai, mãe e ex, com requintes de crueldade.
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Tudo perfeito, é só mais um crime hediondo. O detalhe do caso é o fato do ocorrido ter 36 anos. Após o triplo homícidio, o homem viajou pelo mundo, e reapareceu após o período no qual ele poderia ser julgado ter expirado. Hoje ele tem quase 70 anos e passeia livremente por qualquer lugar, como se não tivesse feito nada.
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A matéria ficou interessante quando a repórter colheu a opinião de terceiros sobre o caso. O promotor do caso disse que seu maior arrependimento na vida foi não ter prendido o criminoso. Um senhor falou que gostaria de sentar lado a lado com o meliante e perguntar como ele consegue dormir toda noite.
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Com um crime tão hediondo ocorrido há quase 40 anos, cai por terra o mito de que nos tempos de nossos pais ou avós não havia esse tipo de assassinato. O que não havia era uma mídia tão presente e sensacionalista. E, claro, num país com menos habitantes, as chances de tais eventos ocorrerem são menores.
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Mas... os mesmos que nos dizem que " filho de peixe peixinho é " são os saudosistas que lembram de sua infância num tempo no qual violência não estava nem no dicionário. Pois bem, se foram eles quem nos criaram, eles também tem culpa da atual violência, seguindo o que eles mesmos apregoam por aí.
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Geração perdida ou ruim não existe. A minha pode ter seus defeitos, mas tem suas qualidades também, e tem muitas. A violência é algo inerente ao ser humano, bem como a necessidade de achar tudo o que se viveu superior aos demais.
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Defenda sua geração da hipocrisia dos mais velhos.