segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Diário de bordo BH

>

Acordar as 5:30 da manhã nunca é legal. Mas eu estava até certo ponto animado. Era o primeiro vestibular pra valer da minha vida num local distante. Com a antecedência de sempre chegamos no aeroporto. O vôo foi pontual ( principal proposta da OceanAir aliás ) e rápido. Em menos de uma hora chegamos em Confins. Eram 8:20h. A diária no hotel em BH começava apenas ao meio-dia. Enrolamos 3 horas num minúsculo aeroporto para pegar o táxi.
.
A Ellen já falava das suas. Após perguntar por que haviam faixas de pedestres em aeroportos ( ? ) ela se referiu ao descampado e a cidade comentando que " no hotel ao invés de pegarmos uma chave pegaremos um sino pra chamar as vaquinhas. " Isso animou o fim do vôo que teve um garoto berrando o percurso inteiro. Sabe-se lá por que o mau-humor não tomou conta de mim
.
Pegamos o táxi. Após a interrupção graças a colocação de uma tela informativa no caminho do aeroporto começamos a conversar com o taxista. Eu falava tudo o que sabia da capital mineira. Tudo. Ele se impressionou. Tanto que fez o caminho pela Cristiano Machado e não pela Antônio Carlos como era de praxe. Ele foi nos explicando o que eram as construções do trajeto. Vimos a futura sede do governo mineiro e um sem fim de construções daquelas que só quem é de Belo Horizonte sabe.
.
Novamente adiantados. Faltavam 40 minutos pra começar a diária. Paramos numa loja de bijuterias na Afonso Pena pras mulheres fazerem suas compras de sempre. Eu ficava olhando para a entrada e analisando o povo. Mesmo no centro era possível ver pessoas bonitas. A avenida lembrava uma 25 de Março mais ampla e organizada. Eu estava adorando aquilo. Entramos no hotel. Simples mas bem confortável. Com TV a cabo um chuveiro maravilhoso e uma bela vista da região central. O porém foi a goteira bem em cima da cama. Logo consertada pela equipe do hotel.
.
No hotel comecei a reparar de fato no povo mineiro. Aquele sotaque aberto e falar cantado charmosissímo. Uma hospitalidade que não havia encontrado em nenhum outro canto. Todos bem educados mas com um olhar melancólico para o nada que tentava ser disfarçado com um profundo sorriso. Era... incrível. Decepcionante foi o Shopping Cidade. Pequeno e sem nada. E com uma comida fraquíssima. O que ocorreu depois do almoço escreverei amanhã.
.
Voltando pro hotel deu tempo de ver o fim do jogo entre Guarani x Juventude. Paulistas subindo. Gaúchos caindo. E a força da maior torcida do interior paulista. O bandeirão bugrino que cobriu o Brinco de Ouro era algo de extraordinário. Janta no Subway da Afonso Pena. Um banho pra relaxar. E cama as 20h da noite. Com muitos intervalos pra pegar água pois o calor era grande.
.
Acordando no domingo fomos logo para o café da manhã no hotel. Pela primeira vez poderia experimentar o pão-de-queijo mineiro. Aquele era sem graça e duro. Saí com fome. Voltamos para o quarto e vimos o desafio das estrelas de kart. Massa levou a corrida e Schummacher a competição. Melhor que isso só ver Rubinho fora do pódio. E já era hora de fechar a conta no Financial. Tudo fechado. Seguimos novamente para o Subway almoçar.
.
Pude observar que os mineiros em geral são lerdos. O garoto de minha frente perguntou onde estavam os canudos. Literalmente estavam abaixo de seu nariz. Eu indiquei e ele sem graça sorriu dizendo obrigado. Ao pedir várias bebidas para o almoço e para o vestibular os atendentes bateram cabeça. Acontece. Tanta simpatia tem que ser compensada de alguma forma.
.
Caminhamos até a Escola de Enfermagem. Ao pedir informações numa banca de jornal a simpática ( e bela ) morena mineira nos indicou tudo. Lá encontramos a piracicabana Camila que estava na mesma que eu. Fomos batendo papo e descobri que ela seria minha concorrente. No entanto ela me parecia deveras preocupada em passar. Eu por incrível que pareça estava aspirando tranquilidade. Entrando no local de prova notei o grande contingente feminino. Muitas delas bonitas. Era um pedaço do paraíso.
.
A prova estava marcada para começar as 14:00h. Começou 20 minutos depois. Sinceramente não estava tão complicada. Não corrigi o gabarito ainda mas talvez tenha ido melhor do que esperava. Me irritou a desorganização da COPEVE. Os inspetores da sala disseram que normalmente o sigilo acaba com uma hora e meia de prova. Acabou com 4. Pensei em pegar um táxi e ir até a rodoviária. Mas não haviam táxis. Precisei voltar para o Financial para encontrar um.
.
Última observação sobre o povo mineiro: são tão simpáticos que acabam se esquecendo de se informar. Ninguém sabia os resultados dos jogos. Isso por que a alguns quilômetros dali jogava o Cruzeiro. Talvez seja por isso. A torcida do Atle´tico é de fato única. Anda sofrendo com o pior rendimento do time nas últimas rodadas e não tira a camisa nunca. Vi mais camisas alvinegras que celestes sobretudo no sábado.
.
Já na rodoviária encontrei minha mãe e a Ellen me recepcionando com 3 pães de queijo. Agora sim... que pão de queijo ! Imenso fofinho e com um gosto incrível. Agora entendi a tradição mineira e pude comprovar que ela é verdadeira. Indo para o aeroporto dessa vez na Antônio Carlos passamos pela Pampulha. Na entrada do campus principal da UFMG os cruzeirenses saíam do Mineirão fazendo festa. Pouco depois a Lagoa e o aeroporto da Pampulha. Estrada até Confins. Fim da linha e da viagem. Por mais complicado que o vôo até São Paulo tenha sido nada tira a graça dessa viagem.
.
Falta uma parte importantíssima da viagem. Mas não só por isso o sentimento que fica da capital mineira são os dizeres da camisa que comprei por lá. " Eu amo BH radicalmente ". Amei BH radicalmente. E quero voltar pra lá o quanto antes. Sobretudo caso seja pra morar. Ou ao menos pra ficar algumas semanas nas férias. Pra terminar o texto outra frase de camisa e verso de canção sertaneja que faz todo o sentido. Não há lugar melhor que BH. E é lá que eu quero ficar.
Comentários
1 Comentários

Um comentário :

Gilson J. da Silva disse...

Olá Will,

Gostei muito do seu texto. Nós mineiros ficamos contentes por você ter se sentido bem em BH. Tomei a liberdade de publicar seu texto no blog www.aeroportodeconfins.wordpress.com.

grato.

Gilson
www.gilsonjoseh@yahoo.com.br