quarta-feira, 16 de março de 2011

Ética, competência e bairrismo

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Zapeando a TV, parei no Mesa Redonda, tradicional programa de debate futebolístico da ESPN Brasil. A emissora, de conteúdo sublime, profissionais gabaritado, aberta a todas as opiniões e ética acima de qualquer coisa discutia ( e, particularmente nesse caso, discutia-se mesmo, de maneira mais enérgica ) sobre a saída do técnico Muricy Ramalho do Fluminense.
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A bancada de comentaristas paulistas, representados por Juca Kfouri, Paulo Vinícius Coelho e do carioca que trabalha na sucursal do Sumaré, Mauro Cezar Pereira ( além do apresentador João Palomino, que é apresentador ) defendia o seu ponto de vista, com o qual concordo: Muricy saiu por discordâncias com a diretoria, que investia mais nas categorias de base e no CFA de Xerém que na equipe senior. Para exemplificar a situação, ele falou do gramado das Laranjeiras e das seguidas contusões de Fred e Emerson.
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Do outro lado, os cariocas Márcio Guedes e Fernando Calazans defendiam o ponto do clube carioca, que via uma certa traição de Muricy, forçando uma saída para assumir outro clube, sendo Santos, Corinthians e Internacional muito cogitados pela mídia. Aproveitando os resultados ruins da equipe ( eliminada vergonhosamente na Taça Guanabara pelo modesto Boavista e em situação delicadíssima na Libertadores da América ), um suposta clima ruim no clube após a saída do presidente Roberto Horcades, de alguns diretores que o defendiam, um suposto " clima ruim " no grupo e muita abertura para a imprensa de certos problemas, Muricy preferiu a saída mais fácil pra ele, deixando o clube à própria sorte.
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Como já comentei, concordo com os paulistas da ESPN. Sou são-paulino e sempre fui fã da eficiência que Muricy colocava em todos os setores de sua equipe, jogando um futebol físico e nada vistoso, mas muito vencedor. Além disso, ele é dos poucos homens ligados ao futebol que exalam credibilidade e confiança, seja contratual ou ética. Mas me coloquei a pensar como os cariocas e vi que eles não estavam de todo errados. O mais certo seria Muricy lutar até o fim e só sair do Fluzão após o final da campanha na Libertadores. Para um time brasileiro, e ainda mais para o campeão nacional, e´vergonhoso sair na fase de grupos da Libertadores. O Fluminense ficará com seu nome manchado, mas os resultados sempre excelentes de Muricy também terão uma queda de rendimento. Entretanto, a mancha de nenhum dos dois será perdida, muito longe disso.
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O técnico disse que, agora, pegará no mínimo 30 dias de férias e viajará para o litoral paulista com a família, algo já feito por ele e que é de seu feitio. Logo, é difícil imaginar Muricy em outro clube tão cedo. Ele cumprirá sua palavra, e mostrará que cumpriu com sua palavra, como sempre fez. A bancada paulista terá sua razão, eu também. Além disso, não dá pra brigar com seus superiores, sobretudo em assuntos tão administrativos quanto investimentos do clube.
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Os cariocas, então, estariam pensando apenas no que lhes convém ? Não, apesar do histórico dizer que sim. Não há como distinguir a comemoração dum torcedor fluminense ou da Rádio Tupi, por exemplo. Comentários de rádios e jornais impressos popularescos do estado são igualmente bairristas, bem como muitas vezes a Globo, emissora carioca de TV detentora há muito tempo dos direitos de transmissão do futebol nacional, favorece as equipes do RJ em suas decisões. A CBF e sua sede na Barra da Tijuca e seu presidente corrupto e com várias posses na cidade, Ricardo Teixeira, que por diversas vezes foram colocados em cheque, bem como a arbitragem nacional e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, acusados de serem sempre favoráveis aos times do Rio de Janeiro. Apesar desse " pequeno " histórico, os cariocas tem sim razão para sentirem-se traídos, pois estão numa situação ruim e esperavam mais dum técnico com fama de guerreiro, destemido e de esperança inabalável.
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Repito, continuo concordando com os paulistas. Mas, apenas pelo simpels fato de pensar por alguns instantes como os cariocas, e mais, contra Muricy Ramalho, já é algo digno de nota.
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