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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Doggis, boa opção no Santa Cruz

Ao menos eu não conhecia a franquia de hot dog Doggis. Quando vi a loja no Shopping Metrô Santa Cruz (logo na frente da saída do metrô, aliás), achei que fosse uma boa experimentar. Não estava errado. 
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Antes, uma consideração: a franquia tem apenas quatro unidades em todo  estado de São Paulo, sendo duas em Guarulhos (as duas no aeroporto, incluindo uma no novo Terminal 3), uma em Sorocaba e só uma na capital. Não é de se espantar que eu não conhecesse a marca. 
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Claramente a rede não quer te cativar pela qualidade de seus ingredientes, assim como não quer se colocar no topo das suas preferências. A loja é bem singela e pequena, e procura ganhar apenas quem gosta de provar hot dogs - embora tenha pastel, batata frita e sobremesas como acompanhamento. Mas, para quem quer apenas matar a fome, é uma boa pedida. 
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Convenhamos: não é todo dia que se vê uma rede especializada em hot dog (prato bem comum no Brasil) já que quem se especializou nesse ~prato~ foram os vendedores ambulantes nas ruas - e, nada contra eles, mas você tem que pensar doze vezes antes de comprar nas barraquinhas. E, cá entre nós: poucas coisas matam tanto a fome e são tão práticas e gostosas quando um cachorro-quente.
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Assim que cheguei, vi que a casa estava com uma gama especial de lanches, feitos com queijos diversos. Como tinha bastante fome, defini que comeria dois hot dogs grandes: um com queijo e outro das opções tradicionais da casa. O com queijo pedido foi o Paimeggiana (que vem com mussarela, parmesão e molho de tomate - vinha com presunto também, mas tirei por não gostar). Já o Rock Doggis, mais tradicional, vem com molho barbecue, cebola crispy e tomate. 
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Os Paimeggiana é bom e o Rock Doggis é superior. Explico: no Paimeggiana, a camada dos queijos destoa bastante da salsicha e do molho, não dando liga entre um e outro. A salsicha, aliás, fica invisível quando o lanche é visto de cima, parecendo uma versão de um café da manhã de padaria qualquer - apesar disso, a combinação inusitada me agradou. O único problema do Rock Doggis é o tomate: por melhor que seja (ao menos eu gosto), ele destoa da combinação do restante do lanche. 
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Também achei interessante ver que as opções de refrigerantes deles vem apenas nas opções 500ml e 700ml. Ou seja, não tem como pedir o equivalente a uma latinha (300ml), apenas uma garrafa. Não fez diferença para mim, mas talvez seja interessante para a rede pensar nisso. 
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O mais incrível de tudo isso, para mim, foi o preço. Dois hot dogs grandes e uma Coca Zero de 500ml saíram por módicos R$ 20,30. Um preço bem agradável pelo que é servido e pelo que é comido - saí sem fome nenhuma do shopping. 
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Se você não faz questão de comer algo espetacular e mesmo assim quer comer bem, encontrou o seu lugar. Se quer uma relação custo-benefício boa, mais ainda. 

sábado, 10 de janeiro de 2015

O dia em que eu entrei na Forever 21

O título chama a atenção, mas o dia teve situações muito mais legais que a frase descrita para descrevê-lo.
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Muita gente deve achar que sair com a irmã mais nova é chato, queima filme (ainda usam a expressão queima filme?) e coisas assim. Eu nunca achei isso. Minha irmã é uma das melhores companhias que eu posso ter. Tanto que, depois da minha namorada, a pessoa com quem eu mais saio é ela - não que eu saia muito.
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Como estávamos sem carro, nosso avô nos deu carona até a rodoviária da cidade. Logo que saímos, comemorei: "Olha só, o ônibus tá aqui". Andamos mais um pouco: "Ele tá ligado?". Antes de terminar a frase, vi o ônibus dar a ré para sair e logo saí correndo, agitando os braços para cima para ser visto. Essas duas ações foram bem mais rápidas que o tempo que você demorou para ler esse fragmento de texto tamanho o desespero. Sabe como é esse tempo de tarifa a R$ 3,50, o bilhete aumenta mas isso não quer dizer que o ônibus seja mais rápido.
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Eu nunca tinha entrado no Golden Square, nem mesmo antes da reforma. Me pareceu bem bonito, além de ficar na avenida onde muita coisa acontece em São Bernardo - uma cidade que tem muita coisa pouco falada legal para fazer. Imagino que muita gente saia do shopping e vá para o La Revolución, que fica logo à frente, na Kennedy. Ainda tem muito espaço para novas lojas - lojas que, inclusive, são bem grandes no local.
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Não precisei esperar muito para a minha namorada chegar, assim como não precisei esperar muito para ver a tão falada Forever 21. Mais que uma loja de moda, a loja da moda. Também grande, como tantas outras no recinto - a Zara, no andar de cima, é imensa. Mas, antes delas matarem a fome de compras, todos precisavam matar a fome de comida.
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Comemos no Burger Lovers, indicação da minha namorada. Já aviso que elas não acharam o lanche muito bom - minha irmã comeu o Crispy Chicken e a minha namorada comeu o Double Cheeseburger Salad. Mas eu achei espetacular o Triple Cheeseburger Salad (adicionei bacon pelo óbvio motivo de que por vezes esqueço que tenho artérias) e as batatas em formato de raio. O hamburguer é grande e com um sabor bem marcante. Como devem imaginar, a minha combinação precisou do máximo equilíbrio para se manter minimamente estável. Nem isso tirou toda a graça de um dos melhores lanches que já comi.
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Era a hora de soltar as feras. Acompanhei um pouco minha irmã e minha namorada no começo da saga delas pela Forever 21, e logo fui usado como cabide. Vendo que elas não saiam das primeiras gôndolas, fui para a livraria Leitura. Tem poucos diferenciais além da boa oferta de pocket books e de livros organizados por autor dentro de cada categoria. A poltrona em frente à coleção de livros de Luis Fernando Veríssimo era um convite bom demais para ser recusado. Entre idas e vindas à Forever, lá fique - e devo ter lido metade de um dos livros, A Mesa Voadora. Veríssimo é daqueles escritores que te prendem e fazem o tempo passar.
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Voltei para Forever 21 e me deparei com duas sacolas cheias, uma de cada uma. Boquiaberto, vi que era melhor voltar pra livraria e ler mais alguns trechos de outros livros de Veríssimo na tal poltrona. Para minha surpresa, encontro ao lado um exemplar do clássico "Como o Futebol Explica o Mundo", leitura obrigatória para quem tem o mínimo interesse no futebol além das quatro linhas. Mais um capítulo lido - o que fala dos cartolas brasileiros, aliás. Mas nem Foer e nem Veríssimo faziam o tempo passar mais. O errado era eu, portanto.
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Minha última passada pela Forever 21 enxergou as duas já pagando seus muitos pertences e lamentando o que não compraram. Em pouco menos de duas horas elas criaram histórias íntimas com cada calça ou top, histórias que muitos homens não tem com as meninas que pegam nas baladas. Fizeram questão de contar todas, da primeira peça que buscaram até a última que descartaram - já no caixa. E falaram que precisavam voltar, que tiveram pena de mim e por isso saíram cedo. Como eu disse, o errado era eu.
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Após mais algumas voltas (ainda contando as muitas histórias das peças que compraram), o dia se encerrou comendo um bolo diet na Sodiê. É raríssimo encontrar quem faça receitas diets, e quando vejo uma loja que tenha gosto de incentivar essa prática - ainda que ainda cheio por causa do lanche. O escolhido foi o Alpes Suíços: chocolate, mousse branco, suspiro, trufas e calda de chocolate. Valeu bastante a pena.
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Dei carona para a minha namorada e ouvi todas as histórias que já tinha ouvido - agora com os apartes da minha mãe. Sabe-se lá como, mas esse dia foi realmente bom.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Temos que matar a possível volta do mata-mata desde já

Nos últimos dias, a imprensa noticiou a vontade de alguns dirigentes em retomar os duelos eliminatórios no Brasileirão. Um imenso retrocesso. Mas precisamos ver quem é que está pedindo essa loucura.
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Até onde sei, foram três os cartolas que pediram a mudança na fórmula do campeonato: os novos presidentes de Grêmio e Santos (Romildo Bolzan Junior e Modesto Roma Junior, respectivamente) e o presidente da Federação Baiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues. 
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O interessante é que os três tem motivos para reclamar. Não da fórmula, mas de seus próprios clubes/federações. 
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O Grêmio não ganha um título sequer desde 2010 e não ganha um troféu fora do Rio Grande do Sul desde 2001 - dentre os chamados "doze grandes brasileiros", tem o segundo pior jejum nesse quesito. O Imortal também não fica com um treinador por um ano sem demiti-lo desde 2008. Planejamento puro, como podem ver
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O Santos fez em 2014 um Brasileirão mediano e uma boa Copa do Brasil (além do vice no Paulistão), mas teve suas campanhas colocadas em segundo plano diante de dois episódios grotescos: a contratação mais cara da história entre clubes brasileiro mostrou ser um retumbante fracasso, e Leandro Damião por muitas vezes ficou no banco de reservas. O clube também chocou com a demissão de Oswaldo de Oliveira pelo ~baixo desempenho fora de casa~ - e como se Oswaldo tivesse como fazer melhor com o time que tinha em mãos. 
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Já o futebol baiano viu seus dois gigantes rebaixados para a Série B, além de todas as dificuldades encontradas pelo estado para se dar bem até mesmo na Copa do Nordeste - não alcança as semifinais do Nordestão desde 2010. Enquanto isso, a Bahia vê clubes de Pernambuco e Ceará crescendo no cenário regional e nacional. 
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Mais interessante ainda é ver a justificativa dos dirigentes para querer a volta do mata-mata. Ednaldo justificava sua loucura não querendo ver entregadas na última rodada do torneio. Como se clubes que apenas cumprissem tabela não fizessem seus últimos jogos contra possíveis classificados e rebaixados. 
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Romildo Bolzan Jr. diz que o campeonato é desequilibrado, já que algumas equipes começam o torneio mal. Ora, e isso não faz parte do jogo? Em 2008, o São Paulo começou o returno com onze pontos de distância para o próprio Grêmio, então líder do campeonato. Já em 2011, o Corinthians fez um primeiro turno exemplar e administrou a vantagem no restante do torneio. Em ambos os casos, o título só foi sacramentado na última rodada. 
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O presidente santista fala que a fórmula está esgotada para com o torcedor. Fale por si, sr. Modesto Roma. O torcedor vê o time ao longo de todo o ano, e não precisa ficar secando para o rival a partir de determinada data. Sua opinião não procede. 
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Os três cartolas também falam da tão batida ~falta de emoção~ dos pontos corridos. O mais chato é que esse choro sempre volta quando um clube ganha o torneio com rodadas de antecedência no ano anterior. E se ele ganha com facilidade é porque não teve rivais. Méritos próprios sim, mas muitos deméritos dos demais - Grêmio, Santos e times baianos inclusos. Vale lembrar que, no caso específico do Cruzeiro (atual bicampeão brasileiro), o time celeste ganha muito menos da televisão e dos patrocinadores que times de São Paulo e Rio de Janeiro. Lá, ao contrário de RJ, SP e RS, o trabalho é bem feito.
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Vale relembrar também que, em 2009, nada mais nada menos que quatro clubes chegaram com chances de ser campeões brasileiros - e um dos que tinha chances sequer foi para a Libertadores. Pergunte se alguém achou que era a fórmula que não dava emoção para o campeonato. Também é interessante notar que para a diretoria do Santos (campeã nos pontos corridos em 2004) e para a do Grêmio (vice-campeão em 2008 e 2013) a fórmula de disputa era perfeita enquanto seus clubes estavam bem nas tabelas de classificação. 
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Dirigentes, simplesmente parem de colocar a culpa de seus trabalhos mal-feitos na fórmula do campeonato. Já temos a Copa do Brasil como mata-mata. Respeitem o torcedor, entrem na linha no aspecto econômico e, acima de tudo, engulam esse choro juvenil. 
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Por fim, dou a sugestão do comentarista Antero Greco no Bate Bola 2ª Edição do dia 05/01: se tanto querem mata-mata para dar emoção, por que não fazem um mata-mata para definir os rebaixados? Assim, um time que terminou o torneio em 12º tem as mesmas chances de cair que o 20º. Nesse caso ninguém quer emoção nenhuma porquê? A dirigência do futebol brasileira fede.
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A CBF não vai mudar a fórmula do torneio até 2016. Mas, se era uma boa notícia, ela cai ao vermos que isso só acontecerá pela dificuldade de articular alguma mudança estrutural em dois anos seguidos com Copas América. A justificativa não me convence. A CBF já deveria ver o quanto os pontos corridos estabilizaram o calendário nacional - e o quanto sem ele estaríamos ainda pior. 
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Demoramos longos 54 anos para ver a principal competição do futebol brasileiro ter um formato que premie o time mais regular e mantenha as equipes jogando ao longo de toda a temporada. As demais eu quero mesmo que tenham emoção, mas já temos diversos torneios nesse aspecto. Um Brasileirão com mata-mata seria o oitavo gol da Alemanha nessa goleada que não tem fim.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Copa São Paulo, sinônimo de falta de bom senso

Eu costumo dizer que as categorias de base de futebol deveriam ter medidas menores, bem como o vôlei feminino em relação ao masculino. É uma questão física, não de incapacidade técnica. Mais: quanto mais novos os garotos, menores deveriam ser as medidas - pelo mesmo motivo: físico, não técnico. O problema da Copa São Paulo, porém, é muito maior que esse. 
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Gosto demais da Copinha. Com ela conheço alguns times que nunca mais verei e desbravo o interior paulista ao ver a tabela da competição. O problema é que tudo isso vem em doses tão cavalares que torna-se algo ruim. 
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São 104 times ao todo, e isso não seria um problema se fosse algo que tivesse critérios técnicos. Obviamente não é o caso. A lista de equipes participantes é convidada, e não tem pudor nenhum em mostrar que existe para satisfazer empresários ligados ao futebol. Ou você acha que o Sete de Setembro de Alagoas, o Tarumã do Amazonas, o Paracatu do Distrito Federal, o Serrado da Paraíba, o Guaicurus do Mato Grosso do Sul ou o o Babaçu do Maranhão fazem algum trabalho relevante no futebol, seja na equipe profissional ou na base?
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Não dá pare reclamar das equipes do interior de SP chamadas. Elas são equipes sede, e até na Copa do Mundo a seleção anfitriã é chamada. O problema é que na edição de 2015 duas cidades-sede não tem times no torneio. O Grupo U, em Ilhabela, tem Criciúma, São José do Rio Grande do Sul, Vila Nova e Guarani; enquanto a chave S tem Desportivo Brasil, Paysandu, Atlético Goianiense e Avaí jogando em Águas de Lindóia. É ridículo. Até mesmo o calendário indica que a competição está inchada até dizer chega e nada é feito. 
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Pior ainda é ver que o show de equipes não contempla sequer algumas que tem destaque no cenário atual. Tem, inclusive, time da primeira divisão que não está presente: o Joinville. Da Série B, não temos Bragantino, Oeste de Itápolis (times paulistas, maioria absoluta no certame), Boa Esporte, CRB, Macaé e Mogi Mirim. 
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Mais: alguns times de fora de São Paulo (estado que eu considero exceção, já que é a sede do torneio) que participam da Copinha sequer estão na primeira divisão estadual. Casos do Sete de Setembro (Alagoas), Tarumã (Amazonas), Goiânia (Goiás), Babaçu (Maranhão), Guaicurus (Mato Grosso do Sul), Araxá (Minas Gerais), Serrano (Paraíba) e Comercial (Piauí). Interessante é ver que, desses times, cinco caíram em grupos de pesos pesados do futebol brasileiro: o Sete de Setembro está no grupo do Atlético Mineiro; o Babaçu, no do Santos; o Guaicurus, no do Corinthians; o Araxá, no do Vasco; e o Serrano, no do São Paulo.  
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Correção: com exceção de SP, todos os estados tem determinado número de vagas na competição, e elas são indicadas pelas competições sub-20 e sub-19 estaduais.
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A Copinha, principal torneio do futebol de base nacional, apenas mostra os problemas que as categorias inferiores enfrentam. Os problemas que apontei são específicos do torneio, mas existem outros tantos na base dos clubes: empresários que colocam jogadores agenciados por eles e tiram outras promessas, falta de estrutura, cooptação de empresários e empresas agenciadoras, valorização excessiva do resultado, cobrança da parte física e não da técnica... se alguns desses problemas são nítidos até no futebol profissional, imagine na base - longe de todos os holofotes. 
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Falou-se muito na valorização das divisões de base após o 7x1. Ao menos por ora, nada mudou. 

sábado, 27 de julho de 2013

Não venha me falar de alienação

Sim, alienação existe e isso é ponto pacífico. A diferença é que fala-se muito dela em comparação ao quanto ela ocorre de verdade. Mais: quem mais fala dela é quem não pode falar de alienação.
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Não é difícil tirar essas mãos daí
Vejo muita gente falando que quem acredita na Globo, na Veja, na Folha de São Paulo e nos veículos da grande mídia é alienado. Precisamos dissecar essa afirmação que na maioria das vezes é simplesmente inverídica
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Aprendi um conceito em Jornalismo, nas minhas aulas de Crítica da Mídia, chamado Contrato de Leitura. Defini-lo é um tanto quanto difícil, mas é fácil entendê-lo. Basicamente, se você está satisfeito, concorda ou acredita no veículo midiático que dá audiência, você seguirá lendo-o/ouvindo-o/vendo-o. Se não, você simplesmente não se informará mais por ele e buscará outros veículos. 
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Acho que a realidade (ao menos a brasileira) não pode ser dessa maneira. Existem pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza e vão se informar unicamente pela chamada grande mídia, que está ao alcance de todos e é de fácil difusão. Esses sim podem infelizmente ser chamados de alienados, e cabe a nós alertá-los sobre o que estão fazendo com ele. Felizmente esse grupo está cada vez menor no Brasil. 
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Cai bem a muitos ~~engajados~~
A nova classe média já é uma realidade no país e já abriga mais da metade de toda a população. Esse grupo entra na internet, tem acesso a TV por assinatura, certamente tem rádio em casa e cada vez mais estuda outras línguas, ampliando ainda mais os veículos nos quais pode se informar - e também seu intelecto, por consequência. Por ser a maior classe social, é a que é mais disputada pela imprensa e pela comunicação - e também é a que mais se informa não só na grande mídia, mas em qualquer tipo de imprensa que você quiser considerar. É aí que mora o óbvio que a juventude revoltada e a moçada esquerdóide do Facebook não enxerga - ou não quer enxergar. 
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Se cada vez mais a população tem acesso à informação, os veículos de mídia cada vez mais dão um panorama completo da sociedade de acordo com a audiência de cada um. Se a antiga grande imprensa segue tendo maior público, ela representa sim a visão da sociedade - e isso, obviamente, não é alienação. 
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Se a população como um todo se sentisse incomodada, os veículos que citei no começo do post perderiam audiência e deixariam de ser conhecidos, hegemônicos e influentes. Bastaria ler a Carta Capital, ver a TV Cultura e comprar o Brasil de Fato. Não é isso que acontece.
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Simples: troque de canal
Ou melhor: isso até pode estar acontecendo. A Rede Globo vem, sistematicamente, perdendo IBOPE. A tabela de jornais mais lidos vê cada vez mais o crescimento de jornais popularescos e a queda dos tradicionais. Mesmo na internet, quando há interesse e/ou um grande evento próximo, a população busca ainda mais informação. E, de suma importância: no site que confiar, seja ele qual for. 
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Não, a mídia não te aliena, amigo classe média. Ela não tem culpa se você é um imbecil

domingo, 9 de dezembro de 2012

Datena deu o maior exemplo de shownalismo que eu me lembro

No dia 28 de novembro, o programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, mostrou o "jornalista" José Luiz Datena negociando o final dum sequestro em Diadema, na Grande São Paulo. A situação, que custou cerca de 20 minutos para a emissora, chocou quem viu. Quando uso a palavra "chocou" não quero dar entonações positivas ou negativas (não por enquanto) para o ato, mas pouquíssimas vezes se viu uma situação tão delicada acontecendo na televisão
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Mas, com todo respeito... que vergonha tudo isso. Um sequestro sendo negociado ao vivo é expor o telespectador ao que há de mais bárbaro no planeta, a uma verdadeira violência contra sua moral. O pior é que muitos gostam de "sentir na pele" tudo o que um sequestrador passa ou a "emoção" e a "adrenalina" de sentir-se um policial profissional.
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Mais erros dessa atitude totalmente ridícula de Datena. Colocar isso no ar é premiar um criminoso e deixar isso bem claro para quem está em casa - que pode muito bem pensar "eu sempre quis falar com o Datena, vou sequestrar alguém para conseguir isso". O apresentador também passa uma imagem errada da profissão de policial - e de jornalista também. Para quem gosta de ver esse tipo de programação cheia de sensacionalismo, com todo respeito, falta algo pra se entreter na vida. 
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A situação fica ainda mais vergonhosa para Datena quando lembramos que ele criticou veementemente (e com razão) a tentativa de negociação de Sônia Abrão e do programa A Tarde É Sua, da Rede TV!, do sequestro da garota Eloá Pimentel, entrando em contato com Lindemberg Alves, sequestrador da menina, ao vivo. Valem lembrar que, na época, Zelda Mello (Rede Globo) e um repórter da Folha de S. Paulo também falaram com o meliante.
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Hipocrisia, luta desenfreada por IBOPE... vergonha. Datena deu uma aula de como não se fazer jornalismo, do que não fazer, de como não agir de falta de caráter.  

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Porra, Fabuloso !

Cara, por que você fez isso ? Você sempre foi meu ídolo, sempre foi o jogador que eu quis ser, sempre foi o meu exemplo de raça e superação, sempre... por que você cometeu o mesmo erro, e que há muito não cometia ? Por quê Luis Fabiano, porquê ? Sempre soube que você é teimoso, bravo e esquentado, mas fazer uma imbecilidade como a que você fez hoje ? Com 13 minutos de jogo ? 
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Fiquei puto com você pela primeira vez na vida, se deixar. Mas, logo depois, a raiva virou tristeza. Você sendo tão infantil assim... e agora, como fica o meu sonho de te ver sendo decisivo numa final, marcando o gol do título ? Como que fica o São Paulo, Fabuloso ? 
Amanhã ou depois sei que vou acordar e estar pronto pra te defender com unhas e dentes de novo, como se nada tivesse acontecido. Mas, hoje... que ódio de você, quanta tristeza você me causou. 

domingo, 28 de outubro de 2012

O lado mais cruel da guerra

The Hurt Locker é um filmaço. Mesmo após tanto tempo na espera, gostei demais de ver o filme da diretora Kathryn Bigelow, vencedor de seis Oscar no ano de 2010 - melhor direção, melhor roteiro original, melhor edição, melhor mixagem de som, melhor edição de som e melhor filme
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O grande mérito do filme, ao meu ver, está em mostrar um lado mais nefasto (pra mim, claro) e pouco visto de guerras. Sem corpos no chão, sangue, carnificina e matança: o que se vê no longa é o lado mental da guerra. A saudade da família, as táticas extenuantes, o convívio com pessoas estranhas e a pressão de não saber se está lidando com pessoas amistosas ou não acaba com qualquer soldado.
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Não há muito o que dizer a não ser indicar pra quem estiver vivo. É um filme que mexe com seu brio e sua emoção, com performances excelentes de Jeremy Renner como sargento William James (que me deixou enraivecido boa parte do filme por sua falta de hierarquia) e Anthony Mackie como sargento JT Sanborn (bem mais racional, inteligente e ágil que seu companheiro que assume o Pelotão Bravo após a morte do sargento Matt Thompson (Guy Pearce), muito mais afinado com seus companheiros).
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A toda hora o filme dá um tapa na cara acerca de conceitos fincados na cabeça do leitor, seja qual for a mentalidade da pessoa. A diretora deixa bem claro que existem americanos com e sem caráter, bem como existem iraquianos com as mesmas características. Todos tem seus motivos, e cabe ao outro lado respeitá-lo - desde que, é claro, não se coloque a vida de terceiros em perigo. 
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Após a imensa decepção que tive com Atividade Paranormal 4 no cinema, Guerra Ao Terror fez meu fim de semana de cinéfilo.

Forçou demais

Hoje, fui ver Atividade Paranormal 4 acompanhado da minha namorada. Devo confessar que, mesmo não gostando de filmes de terror, via com bons olhos a série, que não traumatiza, mas apenas assusta. É um terror light, digamos assim. Após o quarto filme da série, porém, minha impressão mudou bruscamente.
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O começo é o de sempre: a família feliz mostrando alguns arquivos de imagem pessoal até que a presença de alguns espíritos começa a ser notada, influenciando e mobilizando o comportamento de alguns personagens e objetos. Os pequenos sustos mantiveram-se, o que é algo bom para dar aquele frenesi, mas a situação começa a descambar demais. 
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Quando um espírito consegue guiar uma faca ou abrir uma porta, começo a sentir frio na barriga - objetivo do filme. No entanto, quando um carro começa a ganhar vida própria graças a eles, acho forçado demais. 
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O longa perdeu a graça na referida cena, pra mim. Antes dela a sequência e o andamento eram bem razoáveis, lembrando os bons takes dos dois primeiros filmes. Depois, porém, as cenas de terror ficam caóticas e aceleradas, semelhantes às do histórico A Bruxa de Blair, descaracterizando totalmente a quadrilogia
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O final é algo de patético. Vários espíritos juntos que atacam uma das personagens, com direito a tomada nos rostos de zumbis, algo que nunca foi o mote de nenhum filme da saga
Por tentar fazer um terror cru, perdeu-se o suspense das ações - a grande graça dos filmes. Perdeu-se a graça, perdeu-se tudo. 

sábado, 13 de outubro de 2012

Desconstruindo a propaganda da Brahma sobre a Copa

A tentativa é válida: ir na contramão do senso comum e de um clichê que anda em alta por aí- quando nos deparamos com algo ruim, logo falamos "se agora tá assim, imagina na Copa !". Irritante (eu mesmo pretendo fazer um texto sobre isso) demais, claro, e só mostra a falta de habilidade brasileira em argumentar com o mínimo de conhecimento e contextualização. 
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No entanto, a propaganda da Brahma é uma ode ao fanatismo exacerbado, aquele que torna-se (bem) negativo. Além disso, o tom do comercial é dum ufanismo que deixaria Galvão Bueno orgulhoso - ou seja, é chato. 
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Para deixar o meu ponto de vista bem claro, peguei apenas o texto a propaganda para análise:
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"O Brasil é o país do futebol, mas também é o país das festas."
Nada pior que começar com dois clichês. Empobrece o texto e o produto final como um todo. O Brasil é mesmo o país do futebol, mesmo com cifras tão baixas perto dos clubes europeus, tratando tão mal os torcedores e estando na modestíssima 14ª colocação no ranking de seleções da FIFA ? Isso pra não falar na seleção atual, obviamente. Somos o país das festas mesmo ? Com base em quê eles falam isso ? Tem algum dado ? Informação errada e sem fundamento é o cúmulo para quem faz comunicação.
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"Por isso, a nossa Copa do Mundo da FIFA vai ser a melhor de todas."
Então só por sermos o país do futebol e das festas (segundo a propaganda, que fique bem claro) faremos a melhor Copa o Mundo da história ? E eu achava que, pra fazermos isso, teríamos que ter estádios modernos, infra-estrutura, cidades-sede preparadas, organização... essa frase é nojenta. É como falar que a pessoa que fez o melhor livro do mundo é o melhor escritor do mundo, desconsiderando o teor do livro, os vários contextos e muitas outras coisas. É uma relação de causa e consequência sem pé nem cabeça. É, repito, nojento.
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"Alguns insistem que os nossos aeroportos não vão dar conta, que o trânsito vai ser um caos, e sempre dizem: "se está assim agora, imagina na Copa ?"'.
Só um adendo aqui: alguns ? Todos estão dizendo isso - e, muitas vezes, embora sendo chato, com um grau de razão difícil de ser questionado.
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"Pessimistas, pensem bem."
Aviso: ainda dá tempo de não ler o festival de lorotas que vai tentar te deixar mais brasileiro mas que só vai te deixar com vontade de ir para a Argentina. 
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"O país que faz os maiores clássicos, o reveillón e o carnaval vai fazer a melhor festa já vista."
Novamente uma relação de causa e consequência sem lógica alguma. Quem precisa de organização, quem precisa de infra-estrutura, quem precisa de modernidade ou profissionais competentes ? Também é ridículo o tratamento que a propaganda dá para a Copa, sempre comparando-a com uma festa. Novamente levamos tudo do nosso jeito brejeiro e festeiro, sem seriedade nenhuma, dando motivos para imensos preconceitos mundo afora. Festa eu faço em casa, a Copa no meu país eu quero que seja um evento memorável e que nada dê errado. Bem, eu avisei que daqui pra baixo o nível ia ser risível, você quem optou em ver tudo...
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"Vamos imaginar como os aeroportos vão estar lotados. Sim, estarão, de torcedores empolgados e atletas incríveis."
Antes de mais nada: levar o nosso grave (e eterno) problema dos aeroportos em um tom tão pejorativo e caricatural é ridículo. Não precisamos achar que tudo vai ficar bom graças a um pensamento ou a uma propaganda, precisamos trabalhar e cobrar de quem faz tudo isso. Torcedor empolgado em aeroporto lotado simplesmente não existe. Nem a mais empolgada das pessoas aguenta aquela fila interminável que vemos em nossos tão frequentes apagões aéreos. Eles não estarão empolgados, estarão revoltados. E você acha realmente que vai estar no saguão e trombar com o Messi, ir ao banheiro e encontrar no mictório ao lado o Sneijder ou comprar café antes do Drogba ? 
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"Vamos imaginar como teremos engarrafamentos. Sim, teremos, de trios elétricos."
Só por curiosidade: já imaginou um engarrafamento de trio elétrico ? Um tipo de música altíssima o dia inteiro ? Não existe paz nem sossego, só a festa interminável que faria nós pedirmos pelo fim imediato já no segundo dia desse verdadeiro pandemônio. E, bem, você realmente acha que em cidades que tem engarrafamentos porque começou a chover nós não teremos nada com um evento do porte da Copa do Mundo ?
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"Imagine as praias, imagine as cidades, imagine o Brasil."
Imagine as praias lotadas e poluídas, imagine as cidades imundas, com vários roubos, homicídios e crimes diversos, imagine o Brasil construído com dinheiro público que ninguém fiscalizou e que poderia ser investido em outras áreas e não num evento que dura um mês !
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"Imagine que onde houver futebol vai ter Brahma, e onde tiver Brahma vai ter festa."
Futebol e festa, de novo... essa relação é corrosiva e só vai nos deixar ainda pior em nosso planos, planejamento e organização - temos isso, aliás ? E, cá entre nós, existem cervejas muito melhores que a Brahma. 
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Sempre fui a favor da Copa do Brasil pela visibilidade que ela dará ao nosso país e por achar que é a chance de ouro de tirarmos o nosso atraso em algumas áreas fundamentais ante o planeta. Mas isso não faz de mim um cego que cai em qualquer jogada barata de quem quer que seja. Eu cobro, e fiquei possesso com a referida propaganda. 
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O reclame foi feito pela Agência África, de Nizan Guanaes. Parabéns pelo verdadeiro desserviço, pessoal. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Minha mais recente paixão gastronômica

Uma semana átras, minha mãe apareceu tomando algo num potinho azul pequeno. Ela logo perguntou se eu queria iogurte grego, e a priori eu recusei por ver que a iguaria tinha como primeiro nome iogurte - algo que a minha mãe adora e eu só gosto quando tem algum sabor de fruta como morango ou uva
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A curiosidade, porém, bateu forte alguns dias depois. Peguei uma colherada e o sabor não me pareceu dos melhores. Após uma segunda prova, porém, me encantei. É bem diferente do já falado iogurte: é azedo, mas não tanto, e tem uma consistência única - além daquele gosto insuperável que só os derivados de leite possuem.
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Minha mãe comprou o produto da Vigor e da Nestlé. Só comi o da primeira marca, por ter uma consistência mais firme - o da segunda empresa é praticamente líquido e me assustou um pouco. O primeiro foi unanimidade e todos gostaram, enquanto o segundo deixou minha mãe com uma má impressão mas passou pela prova da minha irmã. 
Ainda não foi disponibilizada uma versão diet da iguaria e já vi que a Vigor tem uma versão sabor baunilha, que muito me interessou. É perfeito para quem quer tomar leve na manhã e acordar com um bom gosto na boca. Recomendo.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Eu sou contra o segundo turno

Introduzido no país pela Constituição de 1988, o segundo turno em eleições, em tese, é perfeito. Apenas duas pessoas, comparação direta de ideias e de propostas, fica muito mais fácil de se decidir. Meu amigo Junior Carvalho, repórter político no Grande ABC, elucida isso:
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"Segundo turno é bom pra fortalecer a democracia, a importância dos debates e facilitar a comparação de propostas, já que são apenas os dois lados.(...)"
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Concordo com tudo. Na realidade, como disse anteriormente, concordo com tudo em tese. O problema é que, nesse caso, a tese não se aplica à realidade. 
Continuo achando a ideia de uma eleição decidida em dois turnos muito válida, mas não no Brasil. Melhor: não com os políticos brasileiros. É simples: aqui, as eleições mostram as propostas no primeiro turno e já no primeiro turno começam os ataques pessoais aos candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto. Com dois candidatos no segundo turno e com as propostas já na mesa, os candidatos apenas se atacam, em uma campanha baixa, leviana e que só serve para atiçar ânimos pouco amistosos - e muito menos benéficos para a sociedade e para a democracia
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Para o segundo turno continuar sendo uma boa ideia precisamos mudar nossos políticos. Se isso não acontecer, prefiro que tudo seja decidido em apenas um dia. Poupa paciência e caráter.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A FARC venceu

"Esperamos que o governo não cometa os erros do passado Estamos convencidos de que a realidade nacional precisa de paz e justiça social. A obsessiva ideia de obter a paz com a vitória, usando a violência, com bombardeios, perseguições e repressões de toda classe precisa mudar. Precisamos de uma paz baseada no entendimento fraterno, com mudanças e o fim definitivo das razões que causam do conflito"
A frase acima tem um quê de Gandhi, Buda, Dalai Lama ou qualquer outro líder pacifista reconhecido internacionalmente. Mas o autor do texto é Timoleón Jiménez, líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, a tão conhecida FARC. Sim, eles mesmos que vocês estão pensando. 
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A FARC é uma organização interessante. É o clandestino que teve muito mais êxito que o seu antagonista legitimado pela lei - que é ruim, mas não deixa de ser legal. Como boa parte dos países latino-americanos, a Colômbia teve uma ditadura militar com apoio da CIA e dos EUA durante a Guerra Fria. No entanto, a ditadura de Gustavo Rojas Pinilla foi muito breve, durando "apenas" 4 anos. A FARC sugiu há 48 anos e desde então luta contra o imperialismo, contra a influência norte-americana e todo aquele blábláblá que a ala vermelha de qualquer lugar costuma falar. 
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A pergunta é: que imperialismo ? Ao contrário de outros países, os colombianos souberam se livrar de sua ditadura rapidamente. Desde então houveram sim governos de cunho mais neoliberal, mas todos dando liberdades democráticas a todos. Eram os colombianos mostrando sua aura direitista nas urnas enquanto os guerrilheiros iam para o mato praticar sequestros e matar em nome de Trotski. 
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Voltando à citação do primeiro parágrafo: ao longo dessa semana, o governo colombiano, por meio de seu presidente Juan Manuel Santos anunciou que começou a negociar a paz com os guerrilheiros. Santos falou em cadeia nacional para seu povo e pouco depois Jimenez apareceu, em vídeo feito diretamente de Havana. 
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A situação é tão sem pé na cabeça que caso o guerrilheiro que coordena o processo de paz aparecesse em público ele seria preso. Mais: a organização que já matou milhares de pessoas são agora encarregados de, duma hora pra outra, dar a paz para seu país. Um verdadeiro atentado - que consegue ser pior que os cometidos pelos guerrilheiros. 
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Mais do que nunca, a Colômbia é a FARC. Eles chegaram a níveis nunca antes vistos por qualquer organização ilícita, isso após diversas demonstrações de poder dos cartéis de drogas colombianas. Agora, a guerrilha é estatal - e sem ela não existe paz. 
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Fico me perguntando como conseguem defender verdadeiros fascínoras como os pertencentes a FARC. Eu posso não gostar dos Estados Unidos e ser socialista sem sair matando qualquer um. Eu debato, não mato. E, amigos, matar por poder é um ato nojento - apoiar quem faz isso idem. 
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Ás vezes a neura da esquerda com alguns conceitos tão vastos como "imperialismo" e "inimigos" me dá ojeriza.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

As Olimpíadas acabaram há uma semana atrás

Esse título de post tão simples, insosso e sem graça, quase uma apostila do primário, deve-se unicamente a nós. Sim, a nós, que "vibramos" e "criticamos" com o desempenho dos atletas brasileiros em Londres e que agora voltamos a nossa humilde (e ridícula) posição anterior ao ciclo olímpico de meros coadjuvantes e de não-propulsores do esporte no país. 
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As Olimpíadas acabaram no domingo e na quarta-feira a seleção de futebol jogou. Desde o domingo, porém, a perguntaque ficava não era "por que ficamos tão mal no quadro de medalhas ?", mas sim "o Mano vai continuar sendo o técnico da seleção ?". Costumo falar que o futebol é muito mais que um esporte, mas quando chega-se nesse nível de monopolização a situação começa a ficar crítica. O tanto que criticamos o atual estado do nosso futebol não condiz com a falta de crítica (e de prática, e de apoio, e de audiência... de nada, basicamente) com todos os nossos esportes olímpicos.
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A nós, culpados (não os únicos e talvez nem os principais, mas certamente com uma boa parcela de culpa) pelo estado lastimável dos nossos esportes olímpicos, cabe a reflexão. Quantas vezes ao menos buscamos entender como funciona uma competição de tiro esportivo ou de badminton ? Como podemos não ver ou não gostar se nunca buscamos entendê-los ? Se gostarmos, criaremos audiência, o que ajudará o esporte, que pode trazer novos atletas, que fará a paixão pelo esporte se propagar por algumas gerações e assim sucessivamente. É um círculo virtuoso que só faz bem. Não adianta jogarmos a culpa nos demais (e, ah!, como gostamos de fazer isso !) e não olharmos pra nós mesmos. E sim, todo esse desmepenho patético nas Olimpíadas tem muito de nós mesmos. Que tal mudar isso e parar de se fazer de rogado colocando a culpa em terceiros ?
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Agora, a outra parte. O investimento do governo no esporte olímpico melhorou bastante de algum tempo para cá - o post do blog do Menon ilustra bem isso. Por que, então, nosso desempenho não cresceu da mesma maneira ? Creio que muito disso explica-se pelo Comitê Olímpico Brasileiro. O COB é presidido há 17 anos por Carlos Arthur Nuzman, que por sua vez era presidente da Confederação Brasileira de Vôlei. Sua gestão tá longe de ser transparente, e ele controla boa parte das confederações nacionais e estaduais dos esportes olímpicos brasileiros - incluindo cortes inexplicados de verba caso seu candidato preferido perca o pleito. Nada muito diferente do que acontece na política brasileira, como podemos ver. A sociedade, caso quisesse o bem do esporte olímpico, protestaria contra a presença de Nuzman há tanto tempo no COB, mas nada fazemos. E o governo deveria intervir na presidência - não tirando Nuzman do poder, mas sim acabando com seus longos tentáculos nos rincões do poder olímpico brasileiro. 
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Nuzman costuma dizer que, sob seu mandato, o Brasil cresceu demais no quadro de medalhas. Sim, crescemos. Passamos a ter nossas três ou quatro medalhas de ouro garantidas por edição, é bem verdade. Mas a economia nacional (e o consequente repasse de dinheiro estatal e ganho com investimentos Brasil afora) certamente cresceram muito mais que o nosso desempenho olímpico. Deveríamos estar bem melhores do que estamos hoje. 
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Também é visível o quanto boa parte dos investimentos destina-se a esportes coletivos. Nada contra, são esportes como quaisquer outros. Mas, no quadro de medalhas, eles rendem bem menos medalhas que os individuais. Por uma opçãp de gosto do público e puro comodismo da cartolagem do COB, vôlei, basquete, futebol e algumas outras modalidades ficam com boa parte da fatia do bolo, deixando boa parte dos esportes individuais com pouco - com algumas exceções bem pontuais, como o judô e a ginástica olímpica.
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Também devemos colocar o dedo na cara de um seleto grupo de atletas olímpicos que tornaram-se "popstar" do esporte nacional. César Cielo é o maior exemplo desse círculo. O caipira treinava na universidade de Auburn, nos EUA, e tinha uma rotina militar, que o levou ao ouro olímpico. Ao se tornar conhecido no Brasil, assinou com o Flamengo (que possui um parque aquático no mínimo vergonhoso, para ser simpático com o clube) deixando todos com a impressão de que ele queria lucrar, e não mais ganhar. Seu doping encoberto pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos apenas deixou sua situação ainda mais caricata - o episódio é narrado com maestria por Lúcio de Castro aqui
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Mas não é apenas Cielo que está nesse grupo. Maurren Maggi assinou com o São Paulo FC e viu seu desempenho ruir. Toda a delegação de ginástica olímpica (com a exceção lógica de Arthur Zanetti, que não tem tantos vínculos com a confederação da modalide) passou vergonho, sendo que possui um CT de alto rendimento em Curitiba. Fabiana Murer é um caso a ser estudado por psicanalistas, pois ser atrapalhada pelo vento é algo que eu jamais imaginei ver em uma edição de Jogos Olímpicos - e olha que ela adora fugir de suas responsabilidades em competições. Também vi erros da dupla Robert Scheidt e Bruno prada no iatismo, no vôlei masculino e no futebol feminino, mas tais erros são do esporte, e não de política esportiva. 
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Último ponto, e também o mais importante: falei até aqui de atletas de alto padrão, conhecidos mundialmente. Mas a função do esporte é, antes de mais nada, proporcionar uma vida melhor a seus praticantes, principalmente os jovens. Como será que o esporte olímpico brasileiro, nessa situação deplorável na qual se encontra, ajuda nossas crianças a sair da marginalidade e do sedentarismo ? Antes de formarmos grandes atletas, precisamos formar grandes cidadãos - e acho que todos sabem a importância que o esporte tem nesse desenvolvimento civil. Enquanto nosso esporte vai pelo ralo, vemos milhares de pessoas marginalizadas por todos os cantos, que poderiam receber incentivos governamentais em uma troca benéfica para todos: o governo financia e custeia treinamentos enquanto o futuro atleta treina e ajuda o país não só em Olimpíadas, mas também servindo de exemplo para todo o país se orgulhar. 
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Fica a lição para todos: sociedade, políticos e atletas. Mais do que obter um bom desempenho nas Olimpíadas do Rio, devemos olhar com muito cuidado para ainda mais além, com o legado eterno que qualquer competição de grande porte (não só o evento, mas também seus resultados práticos) deve deixar. Enquanto tivermos esse olhar simplista, superficial e horrendo que temos hoje, ficaremos átras de Hungria, Cazaquistão, Irã e Coreia do Norte em Olimpíadas, e átras de países bem mais sem tradição esportivo no quesito inclusão na sociedade por meio do esporte. 
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Mas, quem liga pra isso, não é mesmo ? O importante é saber se o Mano vai ser o técnico da seleção na Copa.