sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Botafogo de Cuca

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Se hoje o clube e o treinador estão distantes e bem diferentes, eles protagonizaram um dos momentos mais marcantes do milênio no futebol brasileiro. O Botafogo segue tentando implantar um estilo de jogo marcante e bonito mas segue derrapando em seus resultados. Já Cuca, ao que parece, mudou bastante. Deixou de ser prejudicado pelo emocional e consegue fazer um trabalho exemplar no Atlético Mineiro. Mas, conhecendo Cuca, é sempre bom esperar até o último momento para elogiá-lo.
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O Botafogo começou a ser a vedete do futebol brasileiro em 2006, ao acabar com um jejum de 9 anos sem títulos estaduais. Mas você se lembra como veio esse título tão singular ? O Fogão venceu a Taça Guanabara após ficar em segundo em seu grupo, ficando átras do América. Americano de Campos e Cabofriense (ambos na segunda divisão carioca, junto com o próprio Sangue) também estiveram na semifinal do torneio. Na Taça Rio, o Botafogo foi lanterna de seu grupo (!) e os três times que fizeram a semifinal da Taça Guanabara foram para a próxima fase, mas sucumbiram ante o Madureira, que venceu o segundo turno e perdeu os dois jogos na final para a Estrela Solitária. 
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Vale sempre relembrar o desempenho incrível dos outros três grandes no Carioca de 2006: o Fluminense foi o oitavo, o Vasco da Gama o nono e o Flamengo o décimo primeiro, ficando a uma posição de não ser rebaixado. O que dizer de um campeonato desses, no qual Friburguense e Volta Redonda ficam na frente de três grandes ? 
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O Botafogo, que venceu o campeonato mais bizarro da história do Rio de Janeiro, chegou com panca de favorito para o Brasileirão. Resultado: um amargo 12º lugar. 
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Nas Copas que disputou, uma eliminação para o Ipatinga logo na segunda fase (o Tigre foi até a semifinal, sendo parado apenas pelo campeão Flamengo) e uma eliminação na primeira fase para o Fluminense no jogo marcado pela cobrança de pênalti bizarra do jogador Willian - convenhamos que o nome não ajuda. 
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Em 2007 dá-se início a sina de vergonhas mais marcantes do alvinegro. O primeiro vice-carioca para o Flamengo foi apenas o começo de um ano no qual ao mesmo tempo em que o time exibia um futebol vistoso em campo era motivo de chacota por seus resultados e suas entregadas de maneiras estapafúrdias.
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No Brasileirão, o Botafogo vinha cabeça com cabeça com o São Paulo. O confronto entre as duas equipes era muito aguardado e chegou na penúltima rodada do primeiro turno. Maracanã lotado (os maldosos dirão que foi a última vez que o Botafogo lotou um estádio, o que não deixa de ser verdade) para ver a equipe e... São Paulo 2x0. A equipe degringolou e terminou o nacional apenas na 9ª colocação.
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Foi nas Copas, porém, que o Botafogo entrou pra história em 2007. Na Copa do Brasil, a equipe contou com uma ajuda imensa do árbitro Carlos Eugênio Simon para passar pelo Atlético Mineiro (atual time de Cuca) nas quartas-de-final. Mas o feitiço virou contra o feiticeiro e, em um jogo maluco, o time foi eliminado pelo Figueirense em pleno Maracanã - faltou cabeça e sobrou xingamento para a bandeirinha Ana Paula de Oliveira. Também devem ter sobrado as penas do frango que Julio César tomou no gol de Cleiton Xavier.
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Na Copa Sul-Americana não foi diferente. Após vencer o River Plate por 1x0 no Rio de Janeiro, o Fogão vencia por 2x1 e fez muita força para tomar três gols em 15 minutos e ser eliminado pelo time platino. Além da amarela histórica, fica a lembrança da torcida jogando calcinhas na volta do time para a Cidade Maravilhosa, alegando que só haviam meninas no time. (Essa é a hora que eu começo a rir sozinho lembrando da cena)
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O ano acabou, mas as vergonhas botafoguenses não. Mal o ano começou e o time perdeu o Campeonato Carioca de novo para o Flamengo, dessa vez com um ingrediente todo especial: a cena histórica do time inteiro chorando nos vestiários, reclamando da arbitragem - ok, eu estou rindo novamente. No Brasileirão mais uma campanha decepcionante, ficando em sétimo lugar. 
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Na Copa do Brasil, uma derrota nos pênaltis para o Corinthians, na semifinal - o detalhe é que a torcida já cantava vitória no estádio, bradando que "praia de paulista é o rio Tietê". Na Copa Sul-Americana a equipe ficou nas quartas-de-final, sendo eliminados pelo Estudiantes de La Plata. O lance mais engraçado (desculpe, mas não existe outra palavra pra descrever o lance) dessa partida falarei depois.
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No final de 2008 Cuca saiu da equipe, mas as proezas que ele realizou são inesquecíveis. Ele e, claro, os bravos guerreiros que conseguiram protagonizar momenos inesquecíveis para quem acompanha a equipe. 
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A começar pelo gol. Se um grande time começa com um grande goleiro, um time bizarro começa com um goleiro bizarro. Castillo marcou época por seus braços curtos e por seu incrível retrospecto de fazer uma defesa importante a cada cinco jogos e tomar um frango a cada três partidas. 
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Na lateral direita passaram Ruy Cabeção (clique aqui e aqui para saber o motivo do apelido) (eu tô chorando de rir dessas fotos) e Joílson, o mesmo que passou por São Paulo e hoje está no Atlético Goianiense - não sem antes ser dispensado sem jogar pelos poderosos Figueirense e Boavista de Saquarema. Na zaga, Rafael Marques, Scheidt (lembra dele ?), Luciano Almeida e Juninho marcaram época. Juninho é, inclusive, a síntese daquele time: pipoqueiro e sem cabeça.
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Lembra do jogo contra o Estudiantes, pela Copa Sul-Americana ? Pois bem, o motivo pelo qual ele tornou-se inesquecível é o zagueiro André Luis. Na partida, o jogador ficou descontrolado ao tomar um cartão amarelo, tirou a tarjeta das mãos do árbitro, olhou dramaticamente para o cartão e deu o cartão para o juiz, advertindo-o ! (Eu tô me segurando pra não acordar ninguém em casa rindo) 
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Na volância, os nomes mais lembrados são Diguinho (sim, o coadjuvantíssimo no Fluminense de hoje em dia), Leandro Guerreiro e Túlio. Armando essa equipe... bem, ele merece um parágrafo só pra ele.
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Lúcio Flávio sempre foi o motor e o meia criativo (?) do Botafogo de Cuca. Ao sair do Fogão, em 2011, foi contratado pelo Atlas. A diretoria do clube mexicano, animada com o reforço, disse que havia contratado o Pelé Branco (Jesus...). Pior: ao chegar no Botafogo, Seedorf disse que "é uma honra atuar com a 10 do Botafogo, a mesma utilizada pelo Pelé Branco"
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Quem o ajudava no meio campo era Zé Roberto, também conhecido carinhosamente como Cachaça pela torcida. Destaque também para o inesquecívelmente ruim Adriano Felício, que fez apenas um gol na equipe - em uma excursão pela Suíça, contra o Partizan Belgrado. Boa, Felício !
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No ataque, Dodô tornou-se o artilheiro dos gols bonitos no Fogão. Ao seu lado, Reinaldo também atuou muito bem. Também passaram pelo ataque Jorge Henrique, André Lima e Wellington Paulista.
Como é bom relembrar causos bizarros do futebol, não ?
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