sexta-feira, 1 de maio de 2009

De novo.

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Durante o ano trabalhista brasileiro, não existe intervalo de tempo menor entre os feriados que os 8 dias que separam a morte de Tiradentes e o dia do Trabalho, comemora nesse dia 1º de Maio. E acho que nenhuma data dá uma falsa alegria tão grande a nós braisleiro quanto essas duas. Em praticamente uma semana relembramos a morte do mestre Telê Santana e a do, ao meu ver, maior brasileiro da história do país. Não foi um político, um libertador, um médico, advogado ou religioso. Foi aquele que por diversos anos nos dava alegrias quinzenalmente, nos dando orgulho de ser brasileiros. Só podia ser Silva, sobrenome originado no Brasil.
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Ayrton também é um nome comum. O que fez sua fama foi seu segundo nome, exótico e sonoro. Senna. Mega Senna. De sua origem não tão humilde no bairro de Santana, zona Norte de São Paulo, para o primeiro kart, construído por seu pai foi um pulo. Já nessa tenra altura da vida ele inovou ao fazer as curvas deslizando e pondo o kart de lado, método que até hoje é usado e ele criou. Tinha um olhar periférico sem igual. Daí veio o convite para ingressar em categorias européias. Não deu graça. Venceu todas. 
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Com 23 chegava a F1, pilotando uma Toleman. Deu show em Mônaco, pista mais seletiva, ultrapassando seu ídolo de infância Niki Lauda e só perdendo pois a FIA suspendeu a corrida quando Ayrton iria passar Prost. Sempre a FIA, sempre Prost. Em 85 foi para a Lotus, ganhando seu primeiro GP, em Portugal, no primeiro ano. Em 86, ao vencer o GP dos Estados Unidos, criou sua marca registrada ao erguer a bandeira tupiniquim, um dia após a eliminação da seleção brasileira na Copa de 86, para a França. Seleção de Telê, logomarca de Senna. Dois gênios se completam.
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6 vitórias depois, Senna foi para a equipe de melhor carro na categoria, a McLaren. Do seu lado teria Alain Prost, então bicampeão, conhecido pela alcunha de professor. No primeiro ano, Senna ensinou ao professor como se duela com honra, vencendo o campeonato. Um ano depois, o professor ensinou ao brasileiro a sujeira da F1 junto com seu compatriota Jean Maria Ballestre, então presidente da FIA, derrotando-o nos tribunais após o GP do Japão. Com Prost na Ferrari, o ano de 1990 marcou a redenção do brasileiro, que pôs pra fora o francês, da mesma forma que ele fez no ano anterior. No ano do tri e da cosnagração, ele venceu as poderosas Williams de outro planeta, de Patrese e sobretudo de Mansell, que jamais esqueceu o drible de carro na saída da reta em Suzuka.
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Manteve-se na equipe até 1993. Em 92 viu o Leão Mansell vencer o circo pela única vez e em 93, após ser vetado por Prost na Williams, viu seu rival francês vencer o campeonato. Em 94, enfim, foi para a escuderia de Frank Williams. Até que a curva Tamborello o acidentou. Isso é história. É tão melhor relembrar os 6 GP's de Mônaco que ele venceu ( o que deu-lhe a honra de poder ser chamado de Rei de Mônaco, substituindo Graham Hill ), as duas vitórias emocionantes no Brasil ( 91 e 93 ), as corridas no Japão no ano em que venceu o campeonato lá, o GP de Donnington onde largando em 5º lugar assumiu a frente já na primeira volta em 93, as ultrapassagens, os dribles. A raça. A vontade e a felicitação em ser e por ser brasileiro. 
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Pilotos existem muitos. Ídolos, não. Ele foi e ainda é um ícone, intocável para quem o viu e para quem conhece minimamente sua trajetória. O tema da vitória podia não ser certeza, mas ligar a TV aos domingos era saber que teríamos um representante do povo, que não aceitava ser submisso. Um homem de garra, de fé, de paixão. Muito mais que um profissional, um apaixonado.
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Ayrton Senna da Silva, como muitos. Ayrton Senna piloto, como poucos. Ayrton Senna do Brasil como ele só. Para todos.
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