domingo, 6 de setembro de 2009

O meu pressentimento não falha

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Comentava com todos a minha volta. O que elvaria uma pessoa nos tempos de hoje ficar ansiosa prum jogo de seleção ? Ela joga no máximo uma vez por mês. Não tem como criar vínculo maior. Eu criei. Como ? Não sei. Mas a alegria de 2002 com toda a família do meu pai reunida na sala vendo a final contra a Alemanha é algo que eu sempre gosto de lembrar. As primeiras vitórias contra Turquia China e Costa Rica idem. As suadas peleias contra a seleção bela com o meu amigo e contra a seleção inglesa com a minha avó materna. A Copa América de 2004 com a família do meu pai novamente. A Copa América seguinte com o Bruno e com o Yuri. A Copa das Confederações de 2005 com a minha mãe. A de 2009 com a mesma e com a Ellen. Talvez eu não tenha sentimento nenhum com a seleção. Mas ela me faz lembrar de fatos muito bons. E acaba tendo a minha simpatia.
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Pois bem. É raro começar a pensar num jogo terça quando ele acontece sábado. Mas tudo estava contra. O jogo era no caldeirão de Rosário. Estádio escolhido a dedo por Maradona. Cidade igualmente apontada pelo técnico argentino. A pressão seria grande. Eu sentia que tudo correria bem. Bem até demais. Cinco de Setembro pros argentinos o fazem relembrar da humilhação imposta pela Colômbia em Nuñez. A nossa seleção é bem melhor. Sentia que poderíamos fazer história.
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Vi o jogo aqui no quarto. Minha mãe e minha irmã não pareciam tão animadas quanto eu. Apesar da pipoca que fizeram. Jogando bola consegui dispersar um pouco. Mas depois que voltei da quadra o nervosismo tomou conta de mim. Integralmente. Quando começou a transmissão não consegui ficar indiferente. Olhava o Arroyito e lamentava pelas cores não serem o auriazul de sempre. Mas convenhamos. O Gigante estava lindo. Um barulho ensurdecedor. Mas não senti em nenhum momento que os argentinos poderiam levar a melhor. Minha avó perguntou qual seria o resultado do jogo. Me permiti a dizer unicamente que não perderíamos.
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Começa o maior clássico entre seleçeões do planeta. Eu parecia estar errado. A Argentina veio pra cima com tudo. Teve no mínimo 3 chances desperdiçadas por seus atacantes. O Brasil não conseguia roubar a bola e sair em contra-ataque. Felipe Melo sumia. Robinho e Fabuloso não se faziam presentes. Maicon pouco jogava. Quem resolvia era Elano e André Santos. Quando o Brasil conseguiu ficar um pouco com a bola achou uma falta. Elano, o melhor meio campista da seleção no jogo, cobrou. Luisão subiu livre e fez 1x0. A história recente de vergonhas hermanas para nós começava a se redesenhar de novo.
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Cinco minutos depois a jogada se repete. Falta. Elano na bola. Mas dessa vez ele toca para Kaká na esquerda. Ele vira para Maicon no bico da área. O lateral chuta. Andújar espalma. E sem ninguém para impedi-lo Luís Fabiano faz o segundo do Brasil. O gol do camisa 9 matou os argentinos. Rosário estava muda. Os leprosos que invadiram a cancha canalla faziam vergonha. Maradona os representava bem. Arrancava as unhas. Quase chorava. Toda a pressão e tudo o que planejou de nada adiantava. O que se ouvia era " Eu sou brasileiro com muito orgulho com muito amor ". Calados em casa. A Argentina já está cansada de perder para os sempre superiores brasileiros. Mas passar por tamanha humilhação em casa era algo novo.
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Os 15 minutos finais do primeiro tempo viram uma defesa e um verdadeiro milagre do melhor goleiro do planeta. Júlio César salvou com o pé uma bola indefensável de Maxi Rodríguez. O segundo tempo não começou muito diferente do primeiro. A Argentina, cada vez mais desesperada, vinha pra cima com tudo. Aos 19 minutos encerram-se as semelhanças. Num petardo de muito longe Dátolo acerta o ãngulo do goleiro brasileiro. A Baja quilombera, como é conhecida a hincha argentina, se anima. Nesse instante assumo que até eu fiquei preocupado. Sentimento que durou 3 minutos. Kaká arrancou. Achou Luis Fabiano na direita. Ele esperou Andújar sair para tocar por cima. Impiedoso. Humilhante. A Argentina perdia pela segunda vez em casa em quase 100 jogos nas eliminatórias. Com Maradona e tudo.
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O gol do Fabuloso foi tão massacrante para o sentimento hermano que eles perderam a razão. Jogaram uma pedra em Juan, que estava no banco. Objeto entregue ao quarto árbitro tal qual a garrafa atirada no gramado antes do jogo. O terceiro gol havia sido a pá de cal numa finada seleção sem brilho. O jogo seguiu-se muito mais com o ãnimo brasileiro do que com qualquer outra coisa. A partida acabou e a seleção havia se garantido na Copa. A Argentina pode ter se complicado demais com tal resultado.
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O tango foi e continuará sendo muito triste nos nossos vizinhos. Aqui o samba come solto. O esquadrão de ouro é bom nisso e é bom no couro. Couro que a Argentina produz sem fibra. E que pode deixa-los sem Copa.
Comentários
1 Comentários

Um comentário :

José Henrique. disse...

Só quem é Ferreira e tava naquela sala, na final de 2002, sabe como foi especial aquele dia!