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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Eu sempre gostei de Dunga, mas não aprovo a volta dele

O futebol português viveu uma situação que eu achava bem inusitada: muitos colocavam a maior parcela de culpa do fracasso da seleção no técnico Paulo Bento, mas a maioria queria que ele continuasse na casamata da Seleção das Quinas. Quando li a matéria linkada, achei bizarro. Mas aprendi hoje que isso fazia sentido - não pelos mesmos motivos explicados na reportagem da sempre ótima Trivela.
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Eu gostava demais de Dunga enquanto técnico da seleção. É óbvio que ele cometeu erros, como qualquer um comete. O principal deles foi dar moral demais para um grupo pequeno de jogadores que seguiam cegamente o que ele falava - o reflexo disso foi a ausência de craques na seleção brasileira na Copa de 2010. Essa é a verdade.
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Há, também, algumas verdades que os críticos de Dunga se esquecem: ele ganhou com sobras uma Copa América (com direito a um 6x1 no Chile e um 3x0 na Argentina na final) e também uma Copa das Confederações (fazendo 3x0 na Itália, então campeã mundial e batendo a sólida seleção dos Estados Unidos por 3x2 na final, e uma virada de tirar o fôlego). Também vale dizer que ele soube dar uma cara para a seleção: uma defesa forte e um contra ataque mortal. Isso sem contar na garra que aquela equipe tinha. Mais: criticam a virada da Holanda nas quartas-de-final da Copa de 2010, mas se esquecem que o primeiro tempo daquele jogo foi um show da Seleção Canarinho.
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Enfim, a discussão sobre o trabalho de Dunga é grande. O fato é que a volta dele é um imenso retrocesso para todos os lados. Só é boa para quem menos merece qualquer elogio.
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Para Dunga, a volta dele à casamata brasileira é a tradução do neopeleguismo. Ele será, oficialmente, a bucha de canhão: tudo que falarem mal da CBF, da seleção e de qualquer outro assunto relativo a isso cairá nas costas dele. Sem contar que ele não treinou nenhuma outra equipe e ninguém sabe o quão atualizado ele está em relação a pensamentos, treinamentos e afins. 
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Para o futebol brasileiro, Dunga significa que a tão clamada "renovação" vai ficar pra depois - como acontece desde 1989, quando Ricardo Teixeira assumiu a CBF. Ao não escolher nomes muito mais prontos para o cargo (Tite é o principal deles) e voltar com quem já teve sua chance, a entidade opta por um estilo que traz bons resultados, mas não traz grandes legados (palavra tão em moda hoje em dia) e nem tem um estilo desejado por ninguém nesse momento - e o momento era o de começar algo totalmente novo. 
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Tenhamos em mente que, como tudo que envolve a CBF desde a chegada de José Maria Marin à presidência do órgão, a escolha de Dunga é meramente política. Explico: após os dois últimos jogos da final da Copa do Mundo, o próprio Marin e Marco Polo Del Nero (próximo presidente da instituição, que asusme em 2015) foram tão criticados quanto Felipão e Parreira. Pois bem: ao colocar o controverso, inimigo da imprensa, ranzinza, teimoso e culpado por uma eliminação em Copa do Mundo Dunga, quem será o culpado por tudo daqui pra frente será o treinador, não o cartola. Esse é o pensamento deles: ter quem leve a culpa de tudo de ruim que eles farão, e não buscar alguém que faça algo bom. 
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Goste ou não de Dunga, não se esqueça de quem o colocou lá. Esses sim são dignos de todas as críticas possíveis. 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Daqui pra frente: TUDO precisa mudar

"No comecinho dos anos 2000, o grandalhão Oliver Bierhoff era o maior - e bota maior - símbolo do então apático futebol alemão. Experiente, corpulento, de canelas longas, pouca técnica e quase nenhuma movimentação, o centroavante abusava dos seus 1,91 m para finalizar as jogadas do único jeito que sabia: pelo alto, entre os zagueiros, cabeceando firme para dentro das redes. O movimento era repetido à exaustão. Jogo a jogo.
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Na Eurocopa de 2000, na Bélgica, os alemães sentiram a limitação bater na ponta das chuteiras. Atirados em um grupo com equipes fortes - Inglaterra, Portugal e Romênia -, caíram logo na primeira fase, marcando apenas um ponto e um gol. Vexame para uma camisa tricampeã mundial, que já tinha vestido Franz Beckenbauer, Karl Rummenigge e Paul Breitner."
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Esses são os primeiros parágrafos do ótimo texto sobre a mudança ocorrida no futebol alemão na virada do milênio escrito por Guilherme Pavarin e Alexandre Versignassi para a Superinteressante. O mesmo futebol alemão que nos humilhou também teve que mudar drasticamente há cerca de quinze anos. 
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A única correção ao texto: a mudança, talvez, já estava na mente de muitas pessoas. Já ouvi que ela é mais antiga, desde a eliminação nas quartas-de-final para a Bulgária, na Copa do Mundo de 1994. Também já vi que a mudança se deu com a derrota na final da Copa de 2002, para o Brasil. Seja como for, a mudança aconteceu - assim como tem que acontecer no futebol brasileiro.
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A única correção ao pensamento alemão: mudanças tem que acontecer sempre, e o ideal é que aconteçam pequenas mudanças, mas que elas sejam frequentes. De qualquer forma, a mudança alemã é definitiva e alçou a Alemanha ao centro do futebol mundial, colocando os tedescos como exemplo e parâmetro máximo. É algo tão espetacular que eu realmente recomendo que todo mundo leia o texto - linkado acima. 
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Coloco uma frase do texto que é fundamental para o prosseguimento da minha ideia e do meu texto:
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"A DFB, na verdade, é tudo o que a CBF não é"
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Essa frase diz tudo - e no texto eles explicam bem. Também é interessante pontuar que transformar a CBF em uma DFB tupiniquim não seria bom. A DFB é pública, e não preciso nem dizer os vários problemas que uma estatal brasileira pode ter - pra ficar no exemplo mais latente.
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A principal diferença é cultural, ao fim e ao cabo. A DFB é pública, e o que é público na Alemanha funciona. Porque há cobrança da população; porque há o mínimo de comprometimento dos dirigentes da DFB e dos governantes do país; porque a imprensa está atenta e tem consciência; e porque há muito mais pessoas conscientes de dificuldades e virtudes do que acontece no país. Sim, temos que expandir nosso pensamento. Culpar só a CBF é uma leviandade imensa. Nós mesmos temos culpa.
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A CBF é uma entidade privada e tem seus desmandos. Pessoas que trabalham em empresas particulares podem, sim, se rebelar. Ninguém dentro da CBF faz isso. Os brasileiros em geral não fazem nenhum tipo de pressão para termos mudanças na Confederação Brasileira de Futebol, também. A instituição é privada, mas cuida de um espórte, que é público - logo, passível de todo e qualquer protesto. 
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Em 2011 tivemos alguns protestos contra a CBF, exigindo a renúncia de Ricardo Teixeira. Bem, ela veio. Mas não preciso dizer que o problema era muito maior que ele. Precisamos voltar a protestar contra os desmandos cometidas por esse órgão nefasto. 
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Também vale entender como funciona a a CBF - se você tem um inimigo, deve saber o modus operandi dele para derrotá-lo. As eleições para o corpo diretivo se dão entre as próprias federações e clubes. Pois bem: desde 2007 a entidade sequer tem oposição em suas eleições internas. Sim, muito disso se dá por conta de todas as dificuldades impostas pelos cartolas que estão no poder, mas ninguém se arrisca - e como não tem nenhum tipo de pressão, fica tudo na mesma situação patética de sempre, com eleições para inglês ver
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Nos últimos tempos surgiu um movimento muito bem visto pela maioria dos que acompanham o futebol, mas que logo começou a sofrer contestações: o Bom Senso F.C. Eles tem ideias simples, mas que tornam-se revolucionárias ante o atraso no qual está inserido o futebol brasileiro. Creio, inclusive, que boa parte de suas bandeiras são as mesmas que as de qualquer um que goste de futebol. É hora de apoia-los, firmemente. Se eles estiverem errados, se algo der errado, é só contestá-los e/ou combatê-los. O que não dá é pra continuar assim. 
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A pressão, diga-se de passagem, não vale apenas para a população. Se um dirigente começa a ter vários escândalos contra si e não tem um trabalho bem feito, ele será pressionado por um sem fim de pessoas: jornalistas, pessoas ligadas ao Direito, conselheiros, outros dirigentes... ele não terá sossego, simplesmente. Algo que passa longe de acontecer no Brasil.
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A FIFA proíbe terminantemente a interferência dos governos nacionais nas confederações de cada país, por uma série de fatores - e tenha certeza que manter seu quintal corrupto é uma delas. É sabido, porém, que a presidente Dilma Rousseff está em rota de colisão com a CBF - recebeu, inclusive, o Bom Senso no Palácio do Planalto. É um caso semelhante ao descrito no parágrafo anterior: podemos erras, mas temos que mudar. O que não dá é manter o continuísmo.
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O problema para tudo isso acontecer é óbvio: a CBF é poderosa demais. É muito forte politicamente e cuida do esporte hegemônico nacional. É, aliás, uma das poucas entidades que consegue driblar a tão poderosa Rede Globo de Televisão. O emblemático caso aconteceu no maior clássico sul-americano, entre Brasil e Argentina. O jogo válido pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002 foi disputado às 20h de uma quarta-feira - e não às 22h, horário tradicionalmente reservado pela Globo para o futebol. Tudo porque a emissora fez um Globo Repórter colocando Ricardo Teixeira contra a parede em seus diversos escândalos de corrupção. Acuada, a Rede Globo teve que acatar o novo horário e mexeu em sua quase intocável grande de programação para passar a peleja.
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A Globo, como se sabe, apóia sempre a seleção a níveis quase ditatoriais - repare que a relação entre a Globo e a ditadura militar está sempre presente, aliás. No já chamado Mineirazzo, nem mesmo os sempre pachecos Galvão Bueno e Walter Casagrande se controlaram. Era o descompasso completo, mas só vimos o tamanho da vergonha quando eles perderam a compostura. O que mais me revoltou na transmissão do jogo de ontem foi ouvir Casagrande falar que o Brasil nunca jogou bem na Copa, indo contra o que eles mesmos sempre falaram e contra o discurso sempre ufanista de outrora. Isso é covardia. Ir contra o que se fala anteriormente quando lhe convém é não ter honra, caráter ou culhão. 
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A mídia, principalmente esportiva, precisa aletar contra o que está dando errado desde o começo, ou noticiar qualquer fato relevante para o público. A Globo não faz isso, faz apenas o que lhe convém. Cabem os protestos que eu falei acima, sempre com inteligência e para atingir a audiência da emissora.
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Por fim, olhemos para nós mesmos: desde o ano passado reconquistamos o gosto e revimos o poder que manifestações populares tem. E não fazemos nada para ajudar nossa maior paixão. Também temos culpa no cartório, sim. E precisamos mudar nossa mentalidade- não só futebolística. 
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Uma das frases mais célebres de Ayrton Senna (é sempre bom falar dele) diz que "o segundo é o primeiro perdedor". Quem me conhece sabe que eu sou competitivo e concordo com essa citação. Mas eu reconheço o esforço, as capacidades e as limitações. Não desprezo a derrota, seja em qual posição eu termine. E, se o Brasil (ou o que representa o Brasil) não é campeão, nada vale. Isso é errado. A derrota faz aprender, e quem ganhou certamente aprendeu muito com as várias derrotas que já teve na vida. 
Não podemos esquecer que a seleção que passou vergonha no Mineirão neutralizou a Colômbia, discutivelmente o melhor time da Copa na média de sua trajetória. Também conseguiu controlar Croácia e Camarões e, querendo ou não, protagonizou um dos jogos mais emocionantes do Mundial ante o Chile. 
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Outra: vimos o show de vários países americanos na Copa e nós cantamos a catarrenta "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" como se não houvesse amanhã. Não peço para torcermos mais pela Seleção do que pelos nossos clubes, mas peço para que acompanhemos os amistosos e para que torçamos em Copas América, Copa das Confederações ou qualquer outra competição que disputemos. Um outro defeito seria quase que naturalmente contornado: a torcida incentivaria no estádios, com gritos que dão vontade de gritar - e não criem antipatia de boa parte dos ~torcedores~. Aqui, ao menos, já temos o começo de uma mudança: surgiu a Banda Verde e Amarela, com cantos bacanas para embalar os jogos da seleção brasileira.
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Temos muito o que fazer, como esse texto mostrou. Vamos à luta.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Fora de campo: desorganização e incapacidade motivaram o vexame

Em 2012, Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF. Confesso que fui inocente e acreditei que teríamos uma mudança para melhor na instituição que manda (e não organiza, como oficialmente falam por aí) no futebol brasileiro. Dias depois, foi divulgado que o novo mandatário era José Maria Marin, governador biônico de São Paulo durante a ditadura militar e candidato a Prefeitura de São Paulo e ao Senado na Nova República pelo PSC - mesmo partido de gente como Marco Feliciano, Joaquim Roriz e Pastor Everaldo. 
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Saía o corrupto Teixeira e entrava o político e reaça Marin. Difícil falar quem era pior. Alguns amigos, porém, me deram o veredicto: Teixeira conseguia ser melhor. Era ridículo, um péssimo comandante, sujo, asqueroso e digno de todas as ofensas que você pode falar para alguém. Mas, sob sua batuta, as seleções principais e de base ganharam onze títulos mundiais, três intercontinentais e vinte e sete sul-americanos. Ele, ao menos, era vitorioso.
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Já Marin... bem, menos de dois meses antes de assumir a presidência da CBF ele simplesmente roubou uma medalha na final da Copa São Paulo de Futebol Junior e já assumiu a entidade marcado por esse episódio lamentável. Sua atitude mais drástica, porém, foi demitir Mano Menezes do comando técnico da Seleção Brasileira logo após o título do Superclássico das Américas. Sim, o torneio não valia nada e é até bom que ele não exista mais, mas Mano começava a encontrar o seu time ideal, obtendo resultados melhores e com melhores exibições, também. De uma hora para outra isso foi para o espaço. 
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A demissão de Mano Menezes, na tarde seguinte a um título, pegou a todos de surpresa. Como se já não fosse desgraça o suficiente, o contratado é Luiz Felipe Scolari, que levava o Palmeiras a passos largos para o rebaixamento no Brasileirão - apesar de ter ganho uma Copa do Brasil no melhor estilo Felipão
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A imprensa perguntava-se à época qual era o Palmeiras de verdade: o campeão da Copa do Brasil ou o que estava virtualmente rebaixado no Brasileirão. Com Felipão na casamata da Seleção Canarinho, a pergunta mudou: Felipão é o campeão da Copa do Brasil ou o virtualmente rebaixado no Brasileirão? 
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O começo da segunda passagem de Felipão pela Seleção foi espetacular. Ganhou a Copa das Confederações com 100% de aproveitamento, batendo Itália, Uruguai e Espanha em jogos de nível técnico elevadíssimo. Venceu, em diferentes momentos, seleções do calibre de França, Portugal e Chile. Era incontestável, surfou em seu carisma ao fazer diversas propagandas e tinha a confiança de todos nós - minha, inclusive.
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Aí veio o período pré-Copa do Mundo. Logo na primeira entrevista coletiva, o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira disse que a seleção "era favorita, sim". Pior: Felipão disse que ganhar a Copa do Mundo era uma obrigação, como se isso fosse algo fácil.
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Os amistosos antes do Mundial também não ajudaram: apesar do placar elástico, o Brasil fez um primeiro tempo lastimável contra o frágil Panamá. Contra a Sérvia, mais um punhado de erros e um placar bem mais apertado - apesar do melhor futebol, que foi o suficiente para vencer Croácia e Camarões e empatar com o México em um jogo que poderia ter qualquer placar.
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Encerrada a primeira fase de grupos, alguns problemas eram nítidos. O time era mal escalado, com posições invertidas e um meio de campo quase inexistente. Reconhecidamente teimoso, Felipão seguiu confiando em jogadores em fase tenebrosa, como Daniel Alves, Fred, Paulinho e Oscar  - o terceiro com boas atuações no final da campanha; o quarto com uma estreia excelente e nada mais. Mais: as substituições eram erradas e batidas, além de não mudar o jogo. Todos sabiam que quem poderia entrar era Ramires, Willian, Bernard ou Jô nos lugares de Hulk, Oscar e Fred. Como bem mostrou Mauro Cézar Pereira, Felipão e toda a comissão técnica colocada por Marin estava obsoleta - e agonizava dirigindo a seleção na Copa do Mundo no Brasil.
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A comissão técnica de Marin também chamou a atenção por algo que, até onde me lembro, jamais foi sequer notada em outra delegação: pelo fator psicológico. é óbvio que o fantasma da Copa de 1950 e o peso de ver o Mundial sendo jogado aqui após tanto tempo pesa, mas não deveria ser tão determinante assim. Deu a impressão que ele sequer foi trabalhado, na realidade. 
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Após os jogos contra Chile (tenebroso) e Colômbia (o melhor da Seleção na Copa, com sobras), veio a vergonha ante a Alemanha. A Alemanha fez hoje a maior atuação de uma seleção na história das Copas do Mundo e creio que não tinha como vencê-los hoje, mas dava pra passar longe da vergonha que aconteceu. 
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É claro que Neymar e Thiago Silva fizeram falta, mas um esquema tático também fez falta. Um preparo psicológico e emocional idem. Dirigentes íntegros, com mentalidade voltada para o futebol e não para o poder ou outros quetais semelhantes também são ~desejáveis~. E, bem, façam as suas escolhas acerca do que pesou mais no vergonhoso jogo de hoje. Eu já tenho as minhas. 
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Mas... e agora ? O futuro da seleção é o próximo tema a ser discutido aqui. 

Em campo: seis minutos que acabaram com um sonho de 64 anos

Muitos amigos meus (inclusive estudantes de Jornalismo no penúltimo semestre de seu curso) se queixam de que não conseguem começar bem seus textos - isso para temas banais. Imagine, então, como é tentar explicar seu ponto de vista sobre a maior derrota da história da maior seleção nacional da história. 
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Não tem como - e, como diz um dos meu mais competentes professores na faculdade, "Jornalismo não é ciência" para ter certo e errado na maneira de como escrever. 
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Mas há como apontar alguns dos vários motivos que trouxeram a eliminação vexatória. E, se não é a abertura do meu texto, coloco uma das opiniões sobre esse tristíssimo episódio ocorrido hoje com a Seleção brasileira: foi a maior vergonha que a Seleção Canarinho já passou.
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Optei por dividir minhas impressões sobre o jogo de hoje em três textos, que serão publicados de agora até a outra semifinal, entre Holanda e Argentina. Nesse aqui, falo sobre a atuação dos atletas e de aspectos táticos das equipes. 
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É interessante notar que os dez primeiros minutos de jogo da pior partida da história da Seleção brasileira foi de domínio tupiniquim. O time pressionava, chegava bem pelos lados, tinha troca de posições e contava com boa movimentação da equipe. Maicon apoiava bem; Bernard pressionava. 
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Faltava, entretanto, duas situações. Faltava não, seguia faltando. Duas situações que eram reclamadas em maior e menor aspecto depois de cada jogo brasileiro:

1) Meio de campo
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Via-se, novamente, os zagueiros e volantes tentando acionar os meias e atacantes com lançamentos longos. Nem os primeiros tentavam aproximar nem o segundos recuavam para buscar jogo. Quem tentava chegar de trás era Fernandinho (de partida desastrosa desde o início), e quem tentava recuar um pouco era Bernard (que foi muito valente, mas mostrou que ainda falta algo para se tornar um grande jogador). De resto, era só chuveirinho na área.
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2) Posicionamento da linha de armação
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Tenha como "linha de armação" o setor ocupado pelos pontas mais recuados, o setor antes do centroavante ou o "3" do tão falado "4-2-3-1" atual. Esse foi, talvez, o maior erro de Felipão durante a Copa do Mundo - e olha que não foram poucos. Com Bernard substituindo Neymar (outra alteração bem contestável), ele tinha o ponta-direita Hulk jogando na ponta-esquerda e o ponta-esquerda Bernard jogando na ponta-direita. Com Neymar a situação era ainda mais estapafúrdia: o ponta-direita Hulk seguia na ponta-esquerda; o ponta-esquerda Neymar jogava centralizado e o central Oscar jogava na ponta-direita. Três posições, três erros. Só podia dar errado.
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Aí vem uma bola parada, e o melhor jeito de mudar a história de um jogo é em um lance assim. Não deu outra: Thomas Muller fez 1x0. Mas chama a atenção a liberdade com que Thomas Muller fez o gol. Não tinha ninguém nem sequer perto dele. E não foi uma jogada ensaiada, foi um cruzamento simples no segundo poste. Falta de treino evidente. 
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O que matou o jogo, porém, foram os seis minutos nos quais saíram os quatro (!) últimos gols do primeiro tempo. O segundo tento nasceu de um erro individual de Fernandinho que terminou em gol de Miroslav Klose - que ultrapassou Ronaldo e tornou-se o maior artilheiro da história das Copas. Depois disso o time apagou. Tivemos uma sucessão de erros individuais, buracos imensos em todos os cantos, jogadores perdidos no gramado... aqui perdemos o jogo. 
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Sofremos também com a Alemanha, é claro. Foi a melhor partida da melhor equipe da Copa. Vou além: creio que foi a maior atuação de uma seleção na história dos Mundiais. A zaga se segurou muito bem; Bastian Schweinsteiger seguiu tranquilo; Sami Khedira e Mesut Ozil foram acima do que estão acostumados; Miroslav Klose e principalmente Thomas Muller e André Schurlle foram cirúrgicos e Toni Kroos teve uma atuação digna de uma nota 10: perfeito em tudo que fez. 
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Una os cenários descritos acima. A tragédia estava desenhada. Imagine o que não foi Thomas Muller e Philipp Lahm caindo pelos lados de Marcelo, por exemplo. Mas o ~duelo~ que mais me deu pena (e não há outra palavra pra ser colocada aqui) foi entre Toni Kroos e Fernandinho. Foi lastimável. O melhor do jogo contra o volante que entregou, no mínimo, dois gols para o adversário. 
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Não leve o parágrafo acima como um juízo de valor. Eu mesmo gosto bastante de Fernandinho - a dupla que ele fez com Yaya Touré nessa temporada no Manchester City campeão da Premier League e da Capital One Cup foi espetacular. Ele entrou muito bem em algumas partidas, também. Mas hoje teve uma atuação vergonhosa, simplesmente. 
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Em tempo: não sou dos que acham que a Seleção jogou mal a Copa inteira, ou só jogou mal. Achei as partidas ante Croácia, Camarões e principalmente contra a Colômbia de muito bom futebol por parte do Brasil - apesar dos erros já sabidos.
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Voltando ao jogo de hoje: vontade não faltou em momento algum. No primeiro tempo todos corriam - pena que como um bando; no segundo o Brasil voltou atuando bem e só não fez um gol antes porque Neuer fez, no mínimo, quatro defesas muito boas. André Schurrle entrou no segundo tempo e marcou mais dois, quando o Brasil já não assustava mais e já tinha assimilado a eliminação eminente. Oscar marcou o dele quando a partida já tinha virado pelada. 
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Nas quatro linhas, foi isso que aconteceu. Não foi só a Copa no Brasil, a oportunidade de ouro que tínhamos para esquecer o Maracanazzo de 1950, que jogamos fora: foi um pouco da nossa própria reputação, que embora ainda seja imensa, se apequenou hoje. Mas não foi só isso que nos fez passar por tamanha vergonha. Isso é assunto pros dois próximos posts.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Os mesmos erros, as mesmas críticas, o mesmo resultado

A única coisa que mudou na seleção foi o fato de termos feito um gol de pênalti. Ademais, tudo segue na mesma letargia que persegue a seleção de Mano Menezes: jogadores questionados, sistema de jogo que não funciona, trapalhadas e o carma de encarar uma seleção forte e tradicional.
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Analisando jogador por jogador, quem se salva ? Ralf talvez, que não errou um passe sequer, desarmou e saía jogando bem. Ainda salvo Fernandinho, que, ao menos pra mim, não estreiou pela seleção, já que ele jogou praticamente como um terceiro volante, sendo ele meia de ligação. Mas, de resto... Júlio César quase tomou novo frango, em chute de longe. Lúcio e Thiago Silva fizeram uma incrível e inédita linha burra com dois zagueiros, deixando Gotze sem empecilho algum pra marcar o segundo gol. Daniel Alves só nos fez ter mais saudade de Maicon, Pato não jogou bem e Robinho e Neymar, a despeito do jogo ruim, ao menos marcaram os gols da seleção.
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Alguns jogadores merecem destaque especial. Desde quando Ramires saiu do Benfica, nunca mais jogou nada pela seleção. Aquele segundo volante seguro, incansável e que desarmava até o exército norte-americano não existe mais. Hoje, o que ele faz ( e a única coisa que faz ) é correr e errar passes. Era incrível ver como o ex-cruzeirense errava toques de cinco metros e queria fazer lançamentos de cinquenta, pra desespero de toda a nação. André Santos é quase um caso à parte também. Suas trapalhadas e seu futebol lamentável já tornaram-se praticamente folclóricos, mas hoje ele chegou no fundo do poço, e parece que de lá não quer sair. Seu primeiro tempo foi regular para os padrões do lateral-esquerdo - ou seja: fraco. A bobeada dele no terceiro gol foi uma trapalhada que até Didi, Dedé, Mussum e Zacarias não pensaram. É totalmente impossível querer resultados bons com um jogador desse naipe.
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É claro que a Alemanha é uma excelente seleção e tem um trabalho fora de série, mas o Brasil teve uma atuação pra se esquecer. Huumels e Badstuber atuaram bem na zaga, Lahm é um jogador espetacular ( tanto por sua polivalência quanto por sua categoria ), e o meio de campo primoroso dos tedescos compensou muito bem a inoperância de Klose, Cacau e Super Mario Gõmez à frente. Muller estava sumido e Kroos não é um jogador fora-de-série, é verdade, mas Schweinsteiger, Gotze e Schurrle demonstraram o quanto são excelentes hojen, não só pelos gols.
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Temos que questionar também o técnico Mano Menezes. Repito: questionar, o que é totalmente diferente de pedir a cabeça. Seguir convocando André Santos e Ramires; deslocar Fernandinho para uma posição na qual ele nunca jogou; praticamente queimar Renato Augusto e Luiz Gustavo, que entraram faltando cinco minutos para a partida acabar e com o jogo já perdido; fazer sempre as mesmas alterações em jogos amistosos, que servem para testar novas formações táticas pro time... são erros demais prum técnico da seleção, certo ?
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Há muito trabalho a ser feito até a Copa das Confederações, daqui dois anos. Mas já foi-se um e os resultados, mais que tímidos, são inexpressivos e vexatórios.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O agora e o futuro da seleção canarinho

Não tem como esconder a frustração quando o Brasil perde. Única seleção pentacampeã mundial, vencedora de tudo que se pode ganhar e com o rótulo de pátria de chuteiras na testa, não há como cada eliminação, em qualquer circunstância, não gerar frustração e arrependimento. Temos, porém, que analsiar friamente os fatos. Essa eliminação ante o Paraguai, por exemplo, não pode ter vilões.
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Vi muitas pessoas em redes sociais questionando o trabalho de Mano. Mais do que isso, pedindo para que ele saia da seleção. Todos aqui sabem o quanto eu gostei da era Dunga na seleção brasileira, mas pedir a cabeça do treinador é um equívoco duma torcida mimada e sem a mínima cultura futebolística. Por mais que as seleções de Mano tenham jogado mal diversas vezes em amistosos, ela saiu-se muito bem nas duas últimas partidas da Copa América, mesmo com a eliminação. Com duas partidas jogando um ótimo futebol, vê-se que o trabalho deu resultado, o time tem certo entrosamento e há nítida evolução. Isso são méritos do treinador, e, muito graças aos jogos contra Equador e o segundo contra o Paraguai, Mano Menezes sai fortalecido da competição.
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É claro que ele errou. O erro mais grave foi convocar André Santos e Adriano para a lateral esquerda, deixando Marcelo de fora por picuinhas de convocações anteriores - atitude, aliás, pela qual Dunga foi demonizado, e que a mídia brasileira não noticiou. A convocação poderia conter outros nomes como Hernanes e Leandro Damião, mas suas ausências são totalmente explicáveis. Já a de Marcelo, não.
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Outro erro de Mano inexplicável foi manter Maicon na reserva contra Venezuela e no primeiro jogo ante o Uruguai. Quando teve oportunidades, Maicon foi um monstro, jogou muito e deixou Daniel Alves no chinelo. Dani poderia entrar pelo lado esquerdo, posição pela qual ele já atuou - e teria sido certamente melhor que André Santos. Mas desse erro ele redimiu-se, duma forma ou de outra. Com esse erro ele aprendeu, tanto que, ao notá-lo, não o repetiu.
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Agora, o time. Certos erros que não ocorriam aconteceram de maneira inexplicável. Como justificar os dois frangos de Júlio César contra o Equador ? O que dizer dos erros de saída de jogo de Daniel Alves no primeiro gol contra o Paraguai ou a ausência de marcação de Lúcio no segundo gol do mesmo jogo ? Desde a Copa de 2006 a zaga canarinho é elogiada com toda a razão, mas ela deixou a desejar nessa Copa América. Isso sem contar, claro, com André Santos, que mostra-se incapaz de realizar um simples cruzamento. Mas dele já falamos anteriormente.
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Um ponto destácavel é a dupla de volantes, que parece ter encontrado seus melhores dias. Lucas Leiva foi, talvez, o melhor jogador brasileiro na Copa América. Seguro e tranquilo, foi expulso no jogo da eliminação, e sua ausência possibilitou o crescimento guarani na partida. Ramires começou a competição discretamente, mas evoluiu muito junto com o time graças ao entrosamento com seu companheiro na contenção das jogadas adversárias.
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A emblemática camisa 10 brasileira tem dono, e por muitos anos: Paulo Henrique Ganso. O paraense sumia algumas vezes, mas quando, aparecia, deixava um companheiro na cara do gol, certamente. Cabe a ele buscar mais jogo, mas cabe aos companheiros aciona-lo mais. Não adianta nada ter um jogador de tamanho gabarito e acionar o lateral que passa ou os pontas. Não dá pra ter Ganso como jogada de segurança, ele tá no campo pra ser o armador de todas as jogadas - e, quando contaram com ele, apareceu muito bem.
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No ataque, irregularidades. Robinho e Neymar intercalaram partidas boas e ruins - Neymar foi bem contra o Equador, Robinho jogou muito no segundo jogo ante o Paraguai. Mas esperava-se mais dos dois ponteiros, graças ao entrosamento deles e de Ganso. Já Alexandre Pato precisa se tocar que ele é o centroavante do time, e não o ponta, como atua no Milan. Quando jogou de frente pro gol atuou muito bem ( no primeiro tempo contra a Venezuela e contra o Equador ), ficando fixo na área e deixando Robinho e Neymar correrme, um por cada lado.
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Entre os reservas, Fred mostra irregularidade, mas marcou o gol redentor no primeiro jogo contra o Paraguai após boa partida - pena que, na segunda, deu dó. Lucas Silva, promessa são-paulina, não atuou bem em nenhum jogo. Jádson, por outro lado, mostrou serviço e jogou bem contra o Paraguai, sendo infelizmente substituído graças ao cartão amarelo levado. Elano e Elias pouco atuaram, mas Elano marcou negativamente graças ao pênalti magistralmente mal batido contra o Paraguai.
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Como disse no início do texto, temos que ser frios ao analisar a eliminação. Perdemos para um time que joga junto há anos, com o mesmo técnico que que só foi eliminada da Copa do Mundo do ano passado com muito custo, pelos atuais campeões. O time de Gerardo " Tata " Martino tem um sistema de marcação alucinante, que não deixa o adversário respirar, além de atacantes do porte de Valdez, Roque Santa Cruz e Lucas Barrios. Está muito longe de ser uma equipe qualquer.
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Como pode-se ver, há erros e acertos. Havia um time em formação, que achou a fórmula ideal, mesmo com a eliminação. O que deve ser feito agora é não inventar culpados para uma derrota que só não foi vitória porque o futebol não como o tribunal, justo todo o tempo. Derrotas acontecem, e o trabalho mostrou-se bem feito. Não podemos abandona-lo agora para mais tempo de experimentações e testes. Como qualquer equipe há erros, uns aqui outros ali, uns grandes e outros pequenos, mas todos corrigíveis. E, com competência, pode-se corrigir tudo tranquilamente. Só não podemos largar o projeto que começou a dar resultado.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Tudo de novo

O Brasil perdeu, de novo. Pra França, de novo. Em Saint-Denis, de novo. No Stade de France, de novo. Sem raça e sem vontade, de novo. Iludindo um povo que acha a seleção boa de bola com pouco, mas pode, sabe e deve jogar muito mais pra ter meu reconhecimento, de novo.
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É dolorido perder pra França. Sou duma geração que acostumou-se a ver a seleção massacrando qualquer adversário e criando freguesias como as existentes com Argentina, Chile, Uruguai, Estados Unidos, Itália e Portugal. Mas contra a França, unicamente contra a França, algo acontece. Os jogadores já entram mais acuados, o passado recente de 19 anos sem vitórias, uma final de Copa perdida, duas quartas-de-final idem, tudo isso, parece empurrar o Brasil pra lona quando enfrenta os Bleus.
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Muita gente, se não todos, acham que o Brasil jogou bem no primeiro tempo. Discordo. Jogar bem é diferente de ser melhor em campo. Melhor o Brasil de fato foi, mas não precisava muito para ser superior à uma França desinspirada, que sobrevivia e assustava graças a lampejos de Menéz e Benzema, quando muito. O brasil chegava pouco incisivamente, dominava o meio campo mas não pintaram oportunidades concretas.
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Tudo isso até Hernanes fazer o que fez. Um chute desleal, que lembra não só a voadora de de Jong em Xabi Alonso na final da Copa passada mas também o chute que deu a vitória para Anderson Silva na celebrada luta contra Vitor Belfort pelo UFC. Um verdadeiro crime contra o futebol, sobretudo contra o tal bom futebol que Mano sempre pregou, a Globo sempre exigiu e o torcedor sempre quis ver.
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Errando tanto, xingando com vêemencia e com frequência, o estado emocional do Brasil era nítido. Todos estavam nervosos, confundindo a raça que sempre exijo com violência. O lance de Hernanes foi simplesmente a síntese disso. Se é um problema coletivo, culpar apenas o jogador é errado. A comissão técnica também tem sua parcela por não saber trabalhar a serenidade da equipe.
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O segundo tempo foi consequência da expulsão. A França veio pra cima e marcou seu gol com Benzema, após ótima jogada individual de Menéz pela direita. Com um a menos e perdido em campo, o Brasil não conseguia esboçar uma reação, pouco chegava e dependeu de Júlio César para não ser goleada.
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Elias, Jádson e Júlio César atuaram bem. Alexandre Pato e Robinho não. Falta muito, muito mesmo, pra seleção voltar a ser o que era. Falta vontade de vencer, falta não pipocar pras seleções fortes, faltam brios. De novo.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A era Mano

Após a esperada ( e lamentada, por mim ) saída de Dunga da seleção, da corajosa recusa de Muricy Ramalho em assumir o cargo ( mesmo motivada pelas divergências entre CBF e Fluminense ) e do convite aceito por Mano Menezes, veio a primeira convocação do ex-técnico corinthiano. Ao menos pra mim, tal lista deixou muito a desejar. Tanto que a convocação merece ser dissecada. Após o nome da posição, os selecionaos pelo novo treinador da seleção canarinho. Um breve comentário sobre eles, e, após isso, os jogadores que eu convocaria se estivesse no cargo de Mano Menezes.
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Goleiros: Victor, Jefferson e Renan.
Não entra na minha cabeça uma lista de jogadores brasileiros sem Júlio César. O melhor goleiro do mundo é figura certa pra Copa de 2014, e deveria ser aproveitado desde esse momento. A convocação de Victor foi muito defendida por mim para a Copa, no lugar do fraquíssimo Doni. Mas... Jefferson ? Simplesmente não dá pra acreditar, só pode ser piada. Existem no mínimo 5 arqueiros melhores que ele, e o botafoguense sabe que não tem capacidade técnica para estar na seleção nem sob a condição de ser terceiro goleiro. Renan é um ótimo nome, mas pro futuro
Quem eu chamaria: Júlio César, Gomes e Victor
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Laterais-direitos: Rafael e Daniel Alves.
Muitos gostaram da convocação de Rafael, do Manchester United. Eu não fui um deles. É um nome pra seleção, mas depois da Copa América, talvez. No Brasil existem dois nomes que deveriam ser lembrados e ainda jovens: Mariano, do Fluminense e Patric, do Avaí. Sou fã de Maicon, mas para a Copa de 2014 ele estará com uma idade muito avançada para a posição.
Quem eu levaria: Daniel Alves e Mariano.
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Laterais-esquerdos: Marcelo e André Santos.
Talvez a posição mais carente do Brasil foi a melhor escolha do novo técnico. Até porque qualquer nome pode ser discutido aqui, e todos, portanto, tem que ser acatados. Júnior César, do São Paulo, talvez merecesse mais, porém sua idade já é muito avançada.
Quem eu levaria: Marcelo e André Santos
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Zagueiros: David Luiz, Rever, Henrique e Thiago Silva.
Aqui temos a única boa surpresa dessa convocação, pra mim. Enfim o futebol magnífico apresentado por David Luiz no Benfica será coroado com uma convocação pra seleção. Junto com Thiago Silva, temos uma dupla de zaga pras próximas duas Copas do Mundo. Os reservas, porém, me preocupam. Henrique sumiu após ser vendido pelo Palmeiras em 2008. No mesmo ano, Réver fez um Brasileirão espetacular pelo Grêmio, caiu de produção e depois sumiu. Temos zagueiros muito melhores que os dois hoje em dia.
Quem eu levaria: David Luiz, Thiago Silva, Miranda e Alex Silva.

Volantes: Hernanes, Sandro, Jucilei, Lucas, Ramires
Lucas é o volante de contenção mais adequado pra jogar na Copa de 2014, mesmo não jogando tudo o que sabe. Ramires tem potencial pra ser o melhor segundo volante do planeta num futuro próximo. Sandro é uma jóia rara, tal qual Hernanes. O são-paulino, porém, há muito não joga o que deve e não seria convocado por mim. Jucilei, então, nem se fala. Apenas sua polivalência poderia justificar sua convocação, mas nem ela me deixa seguro quanto a lembrança dele para vestir a amarelinha.
Quem eu levaria: Ramires, Lucas, Sandro e Elias.
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Meias: Carlos Eduardo, Éderson e Ganso.
A tão esperada convocação de Ganso enfim veio. Talvez seja a mais merecida e barbada dessa lista de hoje. Os outros dois jogadores, porém, me desapontaram deveras. Éderson não passa dum jogador mediano do medíocre time do Lyon, e Carlos Eduardo destaca-se no Hoffenheim pois seu time é limitado. O francês não tem, de longe, qualidade pra ser titular em muitos times do Brasil, quanto mais na seleção. Já Carlos Eduardo tem certa técnica. No entanto, ainda preferiria outros nomes.
Quem eu levaria: Ganso, Giuliano, Elkeson e Bruno César.
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Atacantes: Neymar, Robinho, Alexandre Pato, Diego Tardelli e André.
Na convocação, Dunga colocou um jogador a mais que os 23 da Copa, e deu espaço a mais um atacante. Neymar ganhou sua vaga, Robinho manteve-a e André completa a trifeta de ponteiros santistas. Alexandre Pato e Tardelli foram relembrados por diferentes motivos. Pato por sua tenra idade, fator determinante nos convocados de hoje, e Tardelli por sua inquestionável capacidade técnica. André é um bom jogador, talvez até tenha nível de seleção, mas hoje temos nomes melhores.
Quem eu levaria: Luís Fabiano, Neymar, Diego Tardelli e Kleber.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Estatísticas de nada valem perto da emoção

Desde de manhã o Brasil vivia a ânsia do jogo da seleção. No meio de toda a fuzarca típica desses dias, alguns comentavam que era importante fazer o primeiro ou único gol da partida, sair na frente. A conversa era justa, e não tão óbvia quanto pensam. Tais falas se tornam chatas quando o argumento único dos indíviduos é " nesse mata-mata sempre quem saiu na frente avançou ".
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De que vale alguns números e fatos diante de fatos novos e apromessa de muita emoção pela frente ? Todos sabem da relação entre frieza e calor. Um cubo de gelo, quando colocado em ambiente quente, se derrete. A explicação do porque a emoção é sempre mais gostosa e marcante que a razão é nítida, e só não enxerga quem não quer.
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E assim foi, com a emoção em primeiro plano, que se iniciou a partida. Aos sete minutos, Robinho marca um gol bem anulado pelo juiz. Três minutos depois, não teve jeito. Após linda assistência longa de Felipe Mello, o mesmo Robinho sai na cara do gol holandês e faz o primeiro gol da partida. Os mesmos chatos que já citei comemoravam como se fosse o fim da partida. Para os verdadeiros amantes de futebol, os de sangue fervente, só se ouvia um ar de otimismo imenso, e todos pensavam consigo mesmo que poderia ser goleada. E, de fato, poderia ter sido. Em linda jogada, Robinho fez um carnaval na defesa laranja pela esquerda, Luís Fabiano tocou de letra e encontrou Kaká livre. O camisa 10 chutou e obrigou Stekelenburg a fazer uma belíssima defesa. O Brasil perdeu boas chances também com Juan e Maicon. E foi só o primeiro tempo. No segundo, porém, tudo ruiu. Os estatísticos, a seleção canarinho, o Brasil. Foi um domínio absurdo holandês, com o gol de empate saindo aos oito minutos, após cobrança de falta batida por Sneijder. Aos 22, o golpe de misericórdia: tabelinha aérea na área brasileira, com a nossa zaga vendo tudo de maneira estoica. A bola novamente vai até Sneijder, que marca o 2x1. Com o gol, o Brasil se abalou e perdeu a cabeça. Felipe Melo deu um pisão vergonhoso em Robben e foi expulso. Dali pra frente, tentativas desesperadas de colocar a bola pra frente e tentar o milagre da virada, que, obviamente, não veio, tal qual o hexa. Quem se baseava na frieza numérica não acreditava ao ouvir o apito final da partida.
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Mais tarde, Uruguai e Gana se enfrentariam no confronto mais inesperado das oitavas. A Celeste Olímpica tinha mais peso, e os ganeses mais disposição. Num primeiro tempo sem muita emoção, os platinos pressionaram mais, mas sempre esbarraram num Kingson inspirado como sempre. Os africanos pouco chegavam, mas sempre levavam perigo. Muntari ensaiou um voleio plasticamente perfeito, mas, pro seu azar, a bola pegou na canela. Instantes depois, a mesma Jabulani foi amiga de Boateng, Ao desferir o canudo de fora da área, ela curvou-se toda e escapou do alcance de Muslera. As Estrelas Negras iam realizando o sonho de colocar um país africano pela primeira vez nas semifinais duma Copa. Na segunda etapa, os azuis foram pra cima, e logo aos dez minutos Forlán cobrou uma falta perfeita e empatou a partida. Os sul-americanos continuavam a blitz sobre Gana, mas a partida foi pra prorrogação. Primeiro tempo truncado, segundo tempo com fôlego renovado graças às boas investidas ganesas. No instante final, após bate-rebate na área, Suárez mete a mão na bola descaradamente sobre a linha. O juiz português vê e expulsa o 9 uruguaio. Na cobrança, Gyan, que poderia se tornar o artilheiro da Copa e fazer história, chuta no travessão. Após o pênalti, viriam outras oito cobranças. Forlán, Victorino e Scotti ( que substituiu o contundido capitão Diego Lugano ), converteram. Gyan, dessa vez, e Appiah, idem. Aí brilhou a estrela do fraco goleiro platino Muslera, que defendeu as cobranças de Mensah e Addiyah. Sem dó nenhuma, Loco Abreu deu a classificação pra Celeste batendo cavado e no meio, à lá Palenka. Das camisas mais vitoriosas dos mundiais está de volta. O futebol agradece ao mesmo tempo em que a África chora a eliminação honrosa de seu último representante, num dos jogos mais emocionantes de todos os torneios de seleções.
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Os enfadonhos estatísticos estavam incrédulos após o fim do jogo. Seus corações palpitavam como nunca antes, transpirando a emoção. Aliás, estatística... alguém ouviu falar nela após as duas aprtidas de hoje ? Desistam desagradáveis pessoas exatas, a emoção sempre está um patamar acima dessa chatice toda.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Eficiência, nada muito além disso

Posso fazer uma gradação crescente do meu dia hoje. Saí mais cedo do cursinho graça sa uma consulta ao dermatologista, na qual ela foi bem clara: vou ficar careca. O tempo é indeterminado, pode levar poucos ou muitos anos, mas uma hora ela chegará. Não é a melhor notícia pra se receber, mas prefiro tudo dito assim, sem muitos rodeios e com toda a sinceridade possível. A notícia, mesmo esperada, sempre choca e nunca é fácil de ser digerida, infelizmente.
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No almoço, observei todo o segundo tempo de Holanda x Esloováquia. Os gols de Robben e Sneijder, os líderes da Laranja Mecânica nessa Copa do Mundo, não mostraram todo o poder de jogo do país baixo. Na realidade, há muito tenho falado o quanto estou decepcionado com o futebol burocrático e decepcionante, até certo ponto, dos holandeses. Não é novidade nenhuma a minha imensa simpatia por tal seleção, graças ao futebol bonito, técnico e ofensivo, O pragmatismo desses tempos anda me deixando entristecido. De qualquer forma, eles conseguem seu objetivo. O gol do eslovaco Vittek, no final da partida, fez a seleção da Eslováquia sair de cabeça erguida e com uma campanha honrosa, após eliminar e vencer a Itália na primeira fase, e podendo ter melhor sorte ante a seleção laranja.
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No intervalo entre ambas as partidas, tempo pra lição e pra outra esperada conversa. Novamente, a tal eficiência entra em ação. Sem titubear, um fala pro outro o que acha e o que sente, sem maiores delongas. No fim, até deu tempo pras sempre presentes brincadeiras, com a certeza de que ao menos eu desabafei sem discussões mais ásperas. Nada mais perfeito.
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Enfim, jogo do Brasil. Não senti o mesmo clima dos jogos da primeira fase, talvez pela proximidade entre as duas últimas partidas. Quem perdeu fomos nós. A seleção entrou no jogo pra vencer, com uma atitude totalmente diferente da partida anterior. Atacando maciçamente desde o início, fez uma blitz no campo chileno no começo da peleja. Ao tirar um pouco o pé, o golpe derradeiro. Escanteio na medida pra Juan, com toda a serenidade peculiar do zagueiro, cabecear de maneira perfeita, abrindo o marcador. O resultado adverso desestabilizou os Rojos, que tomaram o segundo gol quatro minutos depois do primeiro, em assistência de Kaká e gol de Luis Fabiano, driblando o goleiro. No segundo tempo, Robinho ainda marcou o terceiro, após uma jogada espetacular de Ramires, mostrando a comissão técnica e a todo mundo que, de fato, merece uma chance entre os titulares. Lamenta-se apenas a falta desnecessária e a posterior suspensão de Ramires para as quartas-de-final. Com o 3x0, a seleção canarinho provou ser a mais sólida equipe das oitavas-de-final, não dando chances ao adversário. Que assim seja, sexta-feira e até dia 11 de Julho.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Emoções

Não, essa música não trata de nada relacionado ao rei Roberto Carlos. É algo bem mais simples, nítido para todos nós, reles mortais, e não apenas a majestades de qualquer espécie feito o já citado. O dia hoje prometia mutias emoções, não correspondidas.
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Jogo do Brasil em Copa todos sabem como é. O país para, literalmente. O trânsito, as pessoas, o comércio, a indústria... só não contávamos que a seleção também ia parar. Jogo fraco até os 30 minutos do primeiro tempo, momento no qual os selecionados começaram a perseguir o gol, com boas chances de Luís Fabiano, Maicon e bola na trave de Nilmar. No começo da segunda etapa, é a vez dos lusitanos irem ao ataque com insistência. No entanto, a pressão durou apenas 20 minutos. Os instantes finais da partida foram duma monotonia sem tamanho, pois tal resultado classificava Portugal e garantia a primeira posição do Brasil, já que Costa do Marfim não conseguiu o milagre do qual precisava. Os Elefantes bateram a fraca Coreia do Norte por 3x0, mas precisava de mais 6 gols para ir à segunda fase. Poucas emoções de manhã pela Copa.
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Já aqui em casa, vendo o jogo com meu primo, passei o tédio da partida e me diverti. Piadas ruins, conversas fraternas, um almoço feito por mim e a revelação ( apenas da parte dele, óbvio ), do meu lado doméstico, lavando a louça e fazendo esse tipo de coisa. Infelizmente, ele foi embora de casa cedo, pois minhas aulas práticas começaram hoje. Após ouvir as palavras do instrutor ( gentil, calmo e de voz fina, grande seo Souza ! ), ele dá a ordem para trocarmos de lugar, deixando-me guiar o automóvel. A mistura de euforia e receio se fizeram presentes em tal segundo, me proporcionando as emoções que faltaram nos jogos da Copa do Mundo. Após as duas horas de aula, elogios do instrutor e a certeza de que não foi nada tão trágico assim, apesar dos momentos de inexperiência normais, ao deixar o carro morrer, por exemplo. Pela primeira vez me senti um condutor de verdade. Mais: vi a liberdade no vidro da frente, a alegria pela janela e a dependência ficando no retrovisor.
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Enquanto eu dava minhas voltas iniciais, acontecia a rodada derradeira do grupo H da Copa. Nela, Espanha e Chile fizeram um dos jogos mais aguardados da fase de classificação. Nele, David Villa fez história aos 24 minutos. Ao fazer o primeiro gol da Fúria, tornou-se o maior artilheiro da Espanha em Mundiais, com 6 gols. Iniesta, retornando hoje após sentir dores musculares, fez outro, ainda no primeiro tempo. No lance do gol, o árbitro ainda expulsou o volante chileno Estrada, deixando o caminho ( perdoe-me pelo trocadilho ) livre pros europeus fazerem mais, o que não ocorreu. Bielsa fez duas alterações pro segundo tempo, uma delas a entrada de Millar em substituição a Valdivia. Logo no primeiro lance, o recém-chegado ao campo desconta. Depois foi puro toque de bola sem objetividade nenhuma, com o placar favorecendo ambas as seleções, num ato dos mais vergonhosos que se pode ver. Ok, culpa da Suíça, incapaz de fazer um mísero gol na fragilíssima Honduras, num jogo encerrado em 0x0. Mas certos eventos apodrecem o futebol duma forma lastimável.
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A partir de agora, as emoções virão em doses homéricas. Aulas de direção correntes ( a próxima é dia 1º de Julho ), eliminatórias da Copa do Mundo começando... como diria o inconfundível e chato, mas sempre presentes nas mais empolgantes transmissões, Galvão Bueno... haja coração !

domingo, 20 de junho de 2010

Saudades

Hoje eu já acordei com saudade de ontem. Da melhor conversa recente com a pessoa que me fez feliz, e há muito anda estranha. Das histórias com quem me faz bem. Do sempre lindo episódio de Grey's Anatomy. E eu senti saudades até do que não havia acontecido.
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Hoje meus avós viajaram pra Portugal. Desde as primeiras horas do dia vivíamos tal expectativa e apreensão. Eu menos, confesso. Assistia Paraguai x Eslováquia, com afinco, mesmo às 8:30h dum domingo. O Paraguai abriu o placar com Vera, no primeiro tempo, após dominar os 45 minutos iniciais e podendo até ampliar o marcador, jogado por apenas uma equipe, praticamente. A segunda metade foi tenebrosa, de baixíssimo nível técnico de ambos os lados. Riveros aproveitou a única grande chance do período e fez 2x0, praticamente colocando o escrete guarani na segunda fase do Mundial.
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Logo após colocar as malas no carro, começou a execução dos hinos nacionais de Itália e Nova Zelândia. Consegui, inclusive, acompanhar Fratelli d'itália, canção adorada por minha pessoa e ode italiana. No entanto, quem deu o tom da partida foi Smeltz, autou do primeiro gol da partida. O neozolandês aproveitou confusão na área e o toque estranho de Cannavaro contra o próprio patrimônio para concluir. A Azzurra vai pra cima com tudo, e 15 minutos depois chega ao empate, após Iaquinta converter pênalti. Parti pro aeroporto justamente após a cobrança da penalidade máxima. No trajeto até Guarulhos, fui ouvindo o drama italiano. No intervalo, chegamos no destino e nos despedimos de meus avós e minha irmã. Algo bem frio, ao contrário de tudo que envolve famílias, sobretudo as nossas. Quanto ao jogo, dali pra frente, foi um verdadeiro ataque contra defesa, com a zaga oceânica se segurando como conseguia e o ótimo goleiro Preston fazendo boas defesas. Mais uma atuação lamentável da Squadra Azzurra.
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Após um vigoroso almoço na Cepam, fui pra casa da Juliana ver o jogo do Brasil. Após eras sem ver os meus grandes amigos, tempo no qual aconteceu de tudo um pouco aconteceu. O jogo foi espetacular. Após as dificuldades iniciais, Kaká, Robinho e Luis Fabiano triangularam e a bola sobrou no pé de Fabuloso arrematar com violência. O jejum do camisa 9 havia terminado, 1x0 pro Brasil. Depois foi só verde-e-amarelo. No início do segundo tempo, de novo ele, Luis Fabiano, fez um golaço. Ao seu estilo, claro, cheio de dribles e chapéus, mesmo que de canela e com dois toques de mão, mas um golaço. Pouco depois, Kaká cruza da esquerda e Elano, o elemento surpresa, confere o surpreendente 3x0 de bom futebol da seleção. Ainda deu tempo pra Kaká ser expulso num lance estranhíssimo, reflexo de tanta violência marfinense ao longo do jogo. Drogba fez o de honra da Costa do Marfim, fechando o jogo em 3x1.
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Saudades dos meus avós. Da minha irmã. Da Itália feia e eficiente. Só não deu pra sentir saudades do Brasil raçudo, pois esse apareceu hoje.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Estreias

Acordei sete horas da manhã num dia no qual há aula no cursinho. Minha estreia nas aulas matadas ( sim, pois vem de matar aula e não de aula morta ) no cursinho. Ok, o motivo foi nobre. Fui fazer a prova no Atende Fácil de São Caetano, último passo antes das aulas práticas na auto-escola. Não deixa de ser uma estreia, a de condutor de verdade.
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Voltando pra casa com, vi os minutos finais de Nova Zelândia x Eslováquia. Não me surpreendi com a momentânea vitória eslovaca. Aliás, dizia aos quatro ventos que tal seleção poderia eliminar a tradicionalíssima Itália. Nos descontos, o balde de água fria: Reid aproveita cruzamento vindo da esquerda e empata. Os All Whites ( oposto do famoso time de rugby do país, conhecidos mundialmente como All Blacks ), após duas participações e 28 anos, enfim, marca seu primeiro ponto em Copas. A decepção de sua adversária, certamente, foi imensa. Com a chance de arrancar á frente no grupo, perdeu pontos justamente aonde não poderia perder. Agora, enfrentando duas seleções mais fortes, terá dificuldades pra ser a surpresa o qual todos esperavam.
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A estreia mais aguardada em casa durante a Copa, após a brasileira, é tradicionalmente a de Portugal. Com dois avós que choram ouvindo o hino do país e lacrimejam ao ouvir certos versos dos Lusíadas, o motivo é óbvio. Pois, novamente, veio a decepção. Com um sistema defensivo interessante e atuando com 3 zagueiros ( algo que, ao menos eu, não lembro de ver numa seleçao africana ), a Costa do Marfim neutralizou os patrícios, com doses significativas de lances ríspidos, de ambos os lados. O jogo ficou chato e foi quase um ataque contra defesa, é bem verdade. Taticamente foi interessante, ao menos. Na segudna etapa, tudo mudou de figura. O jogo ficou mais franco, com Liédson aparecendo bem e Fábio Coentrão dominando o meio campo luso. No fim das contas, um 0x0 injusto, no qual as seleções mereceriam ao menos um gol por mostrarem o dom de defesa e ataque possuídos.
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A decepção foi imensa com a partida sem gols anterior. Após o almoço, o sentimento que faz todas as bandeiras tremularem país afora seria posto á prova, em mais uma estreia deste dia 15. A seleção brasileira, de hino novamente cortado ( e vocês não sabem o quanto isso me emputece ), começou pressionando, sem sucesso, a frágil Coreia do Norte. Os asiáticos saiam bem em contra-ataques, mas faltava pontaria. Sobrava emoção, como era nítido no hino do país, levando o camisa 9 dos comunistas, conhecido também como " Rooney Asiático ", aos prantos, feito uma criança. Um primeiro tempo letárgico do escrete canarinho.
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A virada do segundo tempo não vinha surtindo efeito. Robinho continuava sendo a principal arma brasileira, com Michel Bastos e Lúcio aparecendo bem e Kaká decepcionando, juntamente com Luís Fabiano e os demais. Num desses mágicos, ocorridos só em stiauções adversas e favorecendo apenas os maiores, Maicon cruza ( sim, eu não consigo acreditar, apesar de saber da qualidade dele, que o lance foi uma finalização ), e abola, caprichosamente, entra. Lindo lance, comemorado de forma emocionada pelo melhor lateral direito do mundo. Tempos depois, Robinho demonstra o motivo pelo qual é o homem de confiança de Dunga. Dá uma linda assistência prum apagado Elano fazer o 2x0, numa bela jogada. Tempos depois, um norte-coreano qualquer e igual aos outros fura a sólida defesa brasileira e desconta. Placar de 2x1, fim de jogo.
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Seria ótimo se fosse só isso. O gol da Coreia do Norte ilustra bem a decepção quanto ao jogo. O Brasil perdeu, simplesmente a chance que tinha nas mãos de se classificar ainda na primeira fase. Fazendo 3 ou 4 gols na seleção vermelha, o Brasil precisaria segurar o empate ante Portugal e Costa do Marfim, deixando o pepino para ambas as seleções ao enfrentar s coreanos. Elas, pressionadas, teriam dificuldades para marcar, obviamente, e o Brasil jogando recuado é letal, como todos sabem. Chance perdida.
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Para os povos nos quais eu via alguma simpatia, as estreias foram decepcionantes. Pra mim, tiveram algo de bom. pra mim, é isso que vale.

Chegou a hora

Não importa mais se temos Gilberto Silva, Josué, Kleberson e Doni. Se Ganso, Neymar, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno ficaram de fora. Se a Jabulani pinga demais, é leve, e todos a odeiam. Se o frio de espantar em Johannesburgo vai girar em torno dos 0°C. Ou se Dunga é encrenqueiro, turrão e teimoso, se a imprensa mais atrapalha do que ajuda e se o Galvão só fala asneira.
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Mais do que nunca, o Brasil está na mesma sintonia. Agora pouco importa o local, o credo, a cor, a etnia ou a descendência. Todos iremos nos orgulhar da bandeira que tremula nas janelas das casas e dos carros, cantar o primeiro verso de nosso hino e emocionar-mos ao primeiro acorde dele. Todos tremeremos ao ouvir o apito inicial da partida, e todos, num só grito, nos faremos ouvidos no país da Copa.
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O país do futebol pede passagem. A camisa da seleção canarinho, a maior vencedora de todas as Copas ao redor do mundo e o mais estrelado escrete, seja na camisa ou nos nomes que a compõe., virá com tudo. Mordido, graças ao fracasso retumbante na última Copa. Com a raça não vista há muito no selecionado, e com a certeza da eficiência tão característica dos últimos tempos.
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Agora, ninguém tá mais nem aí se a seleção jogar feio ou bonito. Tocando de letra ou de bico. De cabeça ou de canela. Com a mão ou maltratando ela. Agora vale o gol, a explosão, a euforia e a vontade. Agora é hora de levarmos nossas forças e nossa bandeira pro maior patamar já alcançado.
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Agora é Copa. Começa pra nós a Copa do hexa.

domingo, 6 de setembro de 2009

O meu pressentimento não falha

Comentava com todos a minha volta. O que elvaria uma pessoa nos tempos de hoje ficar ansiosa prum jogo de seleção ? Ela joga no máximo uma vez por mês. Não tem como criar vínculo maior. Eu criei. Como ? Não sei. Mas a alegria de 2002 com toda a família do meu pai reunida na sala vendo a final contra a Alemanha é algo que eu sempre gosto de lembrar. As primeiras vitórias contra Turquia China e Costa Rica idem. As suadas peleias contra a seleção bela com o meu amigo e contra a seleção inglesa com a minha avó materna. A Copa América de 2004 com a família do meu pai novamente. A Copa América seguinte com o Bruno e com o Yuri. A Copa das Confederações de 2005 com a minha mãe. A de 2009 com a mesma e com a Ellen. Talvez eu não tenha sentimento nenhum com a seleção. Mas ela me faz lembrar de fatos muito bons. E acaba tendo a minha simpatia.
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Pois bem. É raro começar a pensar num jogo terça quando ele acontece sábado. Mas tudo estava contra. O jogo era no caldeirão de Rosário. Estádio escolhido a dedo por Maradona. Cidade igualmente apontada pelo técnico argentino. A pressão seria grande. Eu sentia que tudo correria bem. Bem até demais. Cinco de Setembro pros argentinos o fazem relembrar da humilhação imposta pela Colômbia em Nuñez. A nossa seleção é bem melhor. Sentia que poderíamos fazer história.
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Vi o jogo aqui no quarto. Minha mãe e minha irmã não pareciam tão animadas quanto eu. Apesar da pipoca que fizeram. Jogando bola consegui dispersar um pouco. Mas depois que voltei da quadra o nervosismo tomou conta de mim. Integralmente. Quando começou a transmissão não consegui ficar indiferente. Olhava o Arroyito e lamentava pelas cores não serem o auriazul de sempre. Mas convenhamos. O Gigante estava lindo. Um barulho ensurdecedor. Mas não senti em nenhum momento que os argentinos poderiam levar a melhor. Minha avó perguntou qual seria o resultado do jogo. Me permiti a dizer unicamente que não perderíamos.
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Começa o maior clássico entre seleçeões do planeta. Eu parecia estar errado. A Argentina veio pra cima com tudo. Teve no mínimo 3 chances desperdiçadas por seus atacantes. O Brasil não conseguia roubar a bola e sair em contra-ataque. Felipe Melo sumia. Robinho e Fabuloso não se faziam presentes. Maicon pouco jogava. Quem resolvia era Elano e André Santos. Quando o Brasil conseguiu ficar um pouco com a bola achou uma falta. Elano, o melhor meio campista da seleção no jogo, cobrou. Luisão subiu livre e fez 1x0. A história recente de vergonhas hermanas para nós começava a se redesenhar de novo.
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Cinco minutos depois a jogada se repete. Falta. Elano na bola. Mas dessa vez ele toca para Kaká na esquerda. Ele vira para Maicon no bico da área. O lateral chuta. Andújar espalma. E sem ninguém para impedi-lo Luís Fabiano faz o segundo do Brasil. O gol do camisa 9 matou os argentinos. Rosário estava muda. Os leprosos que invadiram a cancha canalla faziam vergonha. Maradona os representava bem. Arrancava as unhas. Quase chorava. Toda a pressão e tudo o que planejou de nada adiantava. O que se ouvia era " Eu sou brasileiro com muito orgulho com muito amor ". Calados em casa. A Argentina já está cansada de perder para os sempre superiores brasileiros. Mas passar por tamanha humilhação em casa era algo novo.
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Os 15 minutos finais do primeiro tempo viram uma defesa e um verdadeiro milagre do melhor goleiro do planeta. Júlio César salvou com o pé uma bola indefensável de Maxi Rodríguez. O segundo tempo não começou muito diferente do primeiro. A Argentina, cada vez mais desesperada, vinha pra cima com tudo. Aos 19 minutos encerram-se as semelhanças. Num petardo de muito longe Dátolo acerta o ãngulo do goleiro brasileiro. A Baja quilombera, como é conhecida a hincha argentina, se anima. Nesse instante assumo que até eu fiquei preocupado. Sentimento que durou 3 minutos. Kaká arrancou. Achou Luis Fabiano na direita. Ele esperou Andújar sair para tocar por cima. Impiedoso. Humilhante. A Argentina perdia pela segunda vez em casa em quase 100 jogos nas eliminatórias. Com Maradona e tudo.
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O gol do Fabuloso foi tão massacrante para o sentimento hermano que eles perderam a razão. Jogaram uma pedra em Juan, que estava no banco. Objeto entregue ao quarto árbitro tal qual a garrafa atirada no gramado antes do jogo. O terceiro gol havia sido a pá de cal numa finada seleção sem brilho. O jogo seguiu-se muito mais com o ãnimo brasileiro do que com qualquer outra coisa. A partida acabou e a seleção havia se garantido na Copa. A Argentina pode ter se complicado demais com tal resultado.
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O tango foi e continuará sendo muito triste nos nossos vizinhos. Aqui o samba come solto. O esquadrão de ouro é bom nisso e é bom no couro. Couro que a Argentina produz sem fibra. E que pode deixa-los sem Copa.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Amplitude de pontuação

Não estranhe o exótico título. A ideia é simples. Os de cima começam a perder pontos bobos e os de baixo começam a reagir. Vide os dois G4. O de cima somou nessa terça 5 pontos. O de baixo 6 ao todo. Estranhíssimo. Vide os líderes. O Atlético Goianiense tinha tudo pra disparar novamente na ponta. Ia ganhando de 2x0 do Ipatinga. No Serra Dourada. Em 20 minutos o Tigre fez dois. Empatou. Com o incansável Marcelo Ramos. 2x2 no fim. A liderança podia cair no colo do gigante Vasco da Gama. O trôpego time cruzmaltino só empatou com o América. Em Natal. 2x2. Também.
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Os outros dois times do G4 se enfrentaram. Guarani e Ceará fizeram em Campinas o jogo mais vistoso da rodada. O Bugre não venci a 6 jogos. O Vôzão não perdia a 13. Mas os alviverdes passaram pelos cearenses no Brinco de Ouro. 2x1. Com direito a sufoco nordestino nos campeineiros no fim da partida. A Lusa podia voltar ao G4. Mas perdeu para o Duque de Caxias. 2x1. No Giulitte Coutinho. Com direito a gol do eterno Edivaldo.
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No G4 de baixo os dois piores da competição vem conseguindo arrancar pontos. O Campinense fez 2x2 contra o Paraná Clube no Amigão. O ABC fez mais. Arrancou um bom empate contra o Brasiliense. 1x1. No Distrito Federal. Fortaleza e Vila Nova empataram no Castelão. O Fortaleza permaneceu na degola. O Vila começa a se recuperar. 2x2. Quem fez feio foi o Juventude. Perdeu em casa pro São Caetano. De virada. 2x1. No último minuto. Haja sofrimento com o azulão. Que já é o nono.
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Beirando o G4 de cima tem-se 4 equipes. Com 3 ou menos pontos de diferença pros 4 primeiros. Além da Lusa. Bragantino e Figueirense duelaram. Em Bragança. E deu Leão. 1x0. E a Ponte Preta segurou o Bahia. Em Pituaçu. 2x2.
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Nota-se também a boa média de gols. 3,2 por jogo. Sem nenhum 0x0. E com muitos 2x2. Fica apenas gravado a modorrenta partida da seleção. 1x0 pro Brasil ante a tenebrosa Estônia. Num amistoso onde o primeiro tempo foi frio demais e o segundo foi quente demais. Além de ser feio.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Dois dias na pele de Maxi López

O atacante gremista estava em polvorosa. Era pálido. Gelado. A frieza argentina tomava conta de seu corpo numa noite que iria ser tensa. Haviam milhares no Mineirão. Haviam alguns em campo. E havia Maxi López. O jogador levava consigo a esperança do torcedor gremista de fazer um bom resultado fora de casa ante o Cruzeiro. Algum gol. Um empate. Uma vitória. Quem dera. O jogo começou e ele perdeu gols. Muitos. Ele o seu parceiro de ataque Alex Mineiro desandaram. O Grêmio de Autuori não é mais o mesmo. O de Roth era melhor. Quem diria. O gênio Autuori de Libertadores. Onde estaria ? Ninguém sabia.
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Como dizem todos que entendem de futebol. Quem não faz toma. Wellington Paulista 1x0. Cruzeiro. O jogo ficou quente. Era semifinal de Libertadores. Compreende-se. O que não dá para entender é a atitude do argentino. Chamou Elicarlos, jogador celeste, de macaco. Ouviu um Xuxa. Bem mais cabível. Wagner, 10 cruzeirense, chegou. Cor não, bem dizia ele. Aqui temos negros. E exigimos respeito. Talvez agora saiba o motivo de considerarem a Xuxa do demônio.
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Não parou por aí. O Cruzeiro fez mais 2. Wagner e Fabinho. Souza ainda descontou para os gremistas. Pode ser fundamental o tento marcado fora de casa. Que não seja. Maxi López ganhou minha antipatia. Joga muito ? Joga. Mas certas coisas não são cabíveis. Me perdoe o Grêmio. A antipatia durará até o jogador sair do clube. Sou Cruzeiro nessa semifinal. O time do macaco. A raposa. Que vai mostrar que são bem superiores as Xuxas.
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Após o jogo todos foram à delegacia. A Xuxa. O macaco. O gênio superjulgado Autuori. Todos foram liberados. Mas chama a atenção da X, quer dizer, do argentino:
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" No calor do jogo se fala muita coisa absurda que no gramado fica normal. Não o xinguei. Falei por que todos na Argentina falam isso de brasileiros. Nem sei o que macaco significa. "
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Materazzi, em italiano, xingou a irmã de Zidane. Ele, argelino e francês, sentiu. A Copa de 2006 foi marcada pela cabeçada de Zizu. Bem na final. Encerrando a carreira. No gramado nada fica normal. A constituição e os bons-valores éticos lá ficam. Será mesmo que ele não sabe o significado do termo macaco, etnicamente falando ? Os jornais argentinos sempre ilustram isso. Sempre. A Xuxa mal sabe ler. E se todos falam isso no outro lado da fronteira, a situação é complicada. Sou a favor de guerra. Pra mostrar que os macacos sabem manejar armas. Vidas. Sem dó. Deixando as pobres Xuxas dançando o triste tango sob a Lua de Cristal.
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Ele foi dormir de cabeça quente. Sem dúvida. Acordou. Treinou. E certamente viu o jogo entre Brasil x África do Sul. Sabia-se que o resultado não iria agradar Maxi López. Eram só... macacos ? Estavam no lugar onde a Xuxa mais queria se encontrar. E que jogo. Que festa. Confesos que foi o primeiro jogo da Copa das Confederações que vi ao vivo. E me emocionei no início ao ver a mistura de ritmos e a moção que os africanos fazem e dão em seus novos estádios. A competição pode não ser tão bem organizada como na Europa. Mas está bem mais legal de se ver.
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O Brasil jogou melhor. Esbarrava na belíssima marcação do time sul-africano de Joel Santana. Todos aqueles macacos juntos, suando. Por um objetivo. Que a Xuxa não conseguiu. E dava gosto ver tal partida. Aos 42 do segundo tempo, ele ouviu de Galvão Bueno tais palavras em tal momento:
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http://www.youtube.com/watch?v=C-f8gyAXgkE -> " Capricha Daniel, você entrou pra essa bola. Essa é a sua bola Daniel. É a sua bola na Copa das Confederações. É o seu momento Daniel. Capricha essa que é a sua bola Daniel. Vai partir Daniel. Essa bola é sua Daniel. Partiu Daniel. Pé direito... GOOL ! É DO BRASIL ! "
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Ainda ouviu a conclusão. " Essa era a sua bola Daniel Alves ! Aos 42 do segundo tempo ! ". Argentino, será que Maxi López ficou bravo ? Bastante. Ainda mais vendo o orgulho de todos aqueles macacos. Mesmo perdendo. Orgulhosos. Orgulho que a Xuxa jamais teve em um jogo. E jamais teve enquanto humano. E sabendo de seu papel no futebol. A alegria era visivel. A ira da Xuxa idem.
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Essa é a Argentina que eu conheço. Que eu gosto de ver. Adoro. Sempre falando muito. Achando que pode. E perdendo no final.