sábado, 9 de janeiro de 2010

Guia prático de como desapontar uma filha

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Quem me conhece sabe que devido aos conflitos diários que ocorrem aqui em casa minha relação com a minha mãe sempre foi estremecida. Ao longo de 2009 perdemos o já raro contato que tínhamos. Um não aguenta mais fingir apreço pelo outro. Apesar disso existe o terceiro elemento da casa. O que mesmo não falando nada a respeito equilibra todas as ações do lar. Esse pequeno ser iluminado chama-se Ellen.
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Ela é o motivo de ainda termos algum contato. Minha irmã consegue ir além. Ela faz todos da casa rirem. Inclusive eu e minha mãe. Juntos. Acredite... é um fato e tanto.
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Precisávamos escolher dois presentes para nossa mãe. Um de Natal e um de aniversário. Compraríamos os dois numa tacada só graças ao fato dela nascer no primeiro dia do mês e do ano. Pela proximidade das datas não poderíamos comprar objetos muito caros. Juntamos algum dinheiro e dividimos ambos os presentes.
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O de Natal seria um porta-retrato. Bem recebido e sem maiores alardes. Com algum atraso ( meu pai ficou comigo e com a Ellen até dia 3 ) entregamos ontem o presente pra nossa mãe. Pensamos em algo que ela pdoeria usar rotineiramente. Compramos um jogo de xícaras e pires todo desenhado para se tomar café.
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Ela ficou perplexa. Sem reação. Ellen comentava o porque de nossa decisão com um daqueles longos discursos que misturavam emoções e explicações. Acabada a fala ela bruscamente a fitou com seus olhos.
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" É isso ? Esse é o meu presente de aniversário ? "
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Até eu que não costumo dar atenção a assuntos familiares mudei o foco. Minha irmã, frente a frente com minha mãe, ficou sem reação. Sua habitual bondade dava lugar a uma perplexidade sem tamanho. Não satisfeita nossa progenitora soltou outra.
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" Vocês dois juntaram dinheiro pra comprar isso ? Pra mim ? "
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Ameacei falar algo. Caso falasse a situação não iria ficar nada boa. Ou melhor... iria ficar pior do que já estava ou está há algum tempo. Me contive. Não porque quis. Mas graças a reação da outra mulher da casa. Ellen segurou as lágrimas e disse boa noite. Trancou-se no quarto de lá não mais saiu.
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Após alguns minutos bati à porta. Obviamente encontrei-a chorando. Desapontada como nunca. Após faze-la chorar ainda mais com a verdade a fiz a dormir. Era o que me cabia e, sobretudo, o melhor a se fazer.
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Vejamos as consequências disso. Talvez Ellen se transforme numa rebelde domiciliar silenciosa como o irmão. Talvez a relação entre mãe e filha jamais seja a mesma. O que sinceramente não pode mais acontecer é uma criatura como a que me deu origem fazer suas diabruras à torto e a direito com seu clã. Essa família não precisa duma mãe. Não como essa.
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