domingo, 20 de março de 2011

Política de Aristóteles, a cidadania de hoje

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Lendo o clássico livro Política, de Aristóteles, constatei o óbvio: a palavra-título da obra, com o tempo, teve seu significado alterado. Alterado pra pior, muito deturpado, praticamente estuprado. Considero que neste livro esteja o conceito original da palavra, o que a idealizou, o sentido grego. Hoje em dia ela mudou, e cheira mal. É um caminho sem volta.
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Pensando por outro lado, a mudança do significado etimológico pode não ser de todo ou tão ruim assim, e ser apenas reflexo das mudanças sofridas por toda a sociedade ocidental durante a história. Isso significaria que a mudança de toda a sociedade oriental foi ruim ? Em partes, sim. Em grandes partes, sim. Mas não cabe a nós julgar isso, não nesse instante, ao menos. Vamos ao livro em si.
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O que Aristóteles chama de política, hoje em dia, é sinônimo de cidadania. Tratados sobre constituição, educação, moral, ética e democracia tornaram-se pauta para discussões sobre o papel do homem na sociedade. O que faz o elo contextual com a época aristotélica é a frase que norteia todo o livro e já conhecida de muitos: " o homem é um ser político ".
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Na ideia original, política é qualquer relação de poder e hierárquica entre seres humanos. Para exemplificar, muitos dão o exemplo das reuniões de condomínio, que elegem síndicos, secretários e outros cargos. Infelizmente, porém, nem com tal exemplo é possível mais dimensionar o que Aristóteles dizia. Até essas " simples " eleições envolvem interesses, corrupção e favores. A política em estado puro é, hoje, um mamute: só conhecemos por livros, extinto e deixa saudade e curiosidade em todos.
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E sobre tudo que envolve o caderno de política dos jornas ? Deixe de bobagem. Isso é politicagem, não política. Partidos, coligações, chapas... tudo isso é o supra-sumo da irracionalidade e da falência das instituições que outrora eram chamadas de políticas. Enquanto não houver uma mudança grande no sistema político, continuaremos sendo governados por pessoas da estirpe que nos governam hoje. Mesmo que a politicagem não volte a ser política, ela pode voltar a ser algo minimamente bom para todos.
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O livro fala sobre estudos empíricos dos assuntos já falados no texto, sendo interessantíssimo de ler. Para comprendê-lo totalmente, porém, é necessário contextualizar com a Grécia Antiga, algo bem difícil. De qualquer forma, é um grande ensinamento, seja qual for a sua interpretação. A literatura, a política, a cidadania e os leitores agradecem.
Comentários
1 Comentários

Um comentário :

Anônimo disse...

Não creio ser possível trazer um conceito aristotélico (que tem um contexto), pra realidade do século XXI, em qualquer localidade, como a do Brasil.
Isso é anacronismo.