sábado, 17 de janeiro de 2015

Péssimos dias para o UFC

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Ao menos aqui no Brasil, o único esporte que chegou perto do crescimento que o MMA conseguiu foi o futebol americano. Mesmo assim, as artes marciais mistas ficam na frente pelo apoio que as Organizações Globo dão ao evento - até mesmo transmitindo, ainda que porcamente, as edições com lutas importantes de brasileiros. E, bem, todos sabem que qualquer coisa que passa na Globo logo ganha fãs - efêmeros ou não.
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O UFC teve um ano terrível em 2014, o pior em vendas da organização desde 2005. A resposta deveria vir em 2015, mas o que se vê é um script totalmente diferente.
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A primeira grande luta do ano veio logo no dia 03/01, com Jon Jones (com alguma sobra o melhor lutador da atualidade) enfrentando Daniel Cormier. A luta foi muito aguardada por conta das confusões que os dois atletas causaram. Após a vitória de Bones, porém, a surpresa: ele lutou sob efeito de cocaína e disse que iria se desintoxicar. 
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Esse tipo de situação, principalmente nos Estados Unidos, é uma bomba que mancha qualquer entidade. Até mesmo a NFL, a liga esportiva mais forte do país mais rico do mundo, teve um forte abalo no começo dessa temporada com o Caso Ray Rice - o pior para a organização foi a sua possível omissão nessa circunstância. 
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Pois bem: como se não soubesse como o que aconteceu com a NFL repercutiu mal, o UFC multou Jon Bones Jones em apenas US$ 25 mil. Para efeito de comparação: a vitória rendeu a ele US$ 500 mil; o bônus de "luta da noite" do evento, US$ 50 mil. 
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O que mais me chamou a atenção nesse "janeiro negro" do UFC não foi esse caso, mas sim um erro crasso de calendário - o que é chocante, já que norte-americanos são mestres em planejamento de eventos. 
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O próximo evento da organização será no domingo, 18/01. A luta principal será entre Conor McGregor x Dennis Siver, dois postulantes ao cinturão do Peso Pena. Outro destaque vai para a luta de Benson Henderson, conhecido atleta do Peso Pena, contra Donald Cerrone. Até aí, tudo bem. 
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O problema é que o dia 18/01 é a data das finais de conferência da NFL, historicamente segunda e terceira maiores audiências da TV do ano - atrás do Super Bowl, final do campeonato. Com jogos tão importantes de futebol americano, ninguém vai ver o evento do UFC. 
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A explicação dessa situação absurda vem do próprio contrato televisivo do UFC. O evento do dia 18/01 será chamado de UFC Fight Night, com transmissão nacional do Fox Sports norte-americano. Boa parte das lutas acontecerá durante a final da conferência AFC, que será transmitida em rede nacional pela CBS - a final da conferência NFC terá transmissão da Fox; logo, não tem porquê duas empresas do mesmo grupo concorrerem entre si. 
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Uma aposta ousada que tem tudo para ser um fracasso. A começar pelo mais básico de tudo: a CBS é uma TV aberta, enquanto o Fox Sports é uma rede fechada. Como vimos, o card (conjunto de lutas) do evento do dia 18/01 é de importância secundária, enquanto o jogo da NFL é decisivo. Mais: o evento ocorrerá no TD Garden, na cidade de Boston (a poucos quilômetros de Foxboro), sede da final da AFC.
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O que mais chama a atenção é que a imensa maioria das lutas do UFC acontecem aos sábados. Bem no fim de semana em que as lutas ocorreriam quase que sem concorrência com outros eventos o card é colocado no domingo. A tendência óbvia é que todo mundo (UFC, Fox Sports, os lutadores, os anunciantes) saia perdendo e bem descontente com os números de audiência alcançados. 
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Pode ser que isso não se concretize, claro - e, se isso não se concretizar, Dana White e os irmãos Fertitta, "chefes" da organização, merecem todos os aplausos. Mas, por ora, merecem todas as críticas possíveis por uma aposta com baixíssima chance de dar certo e por praticamente deixar Jon Jones impune.  
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