domingo, 22 de maio de 2011

O jovem, de fato, lê mais ?

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Na semana passada, a revista Veja trouxe na capa uma informação chocante: os jovens estão lendo mais que antigamente. É bacana ver o senso comum sendo quebrado, duma forma ou de outra, mas devemos analisar a afirmação com cautela. Hoje diz-se com muita frequência que os adoelscentes só querem saber de internet e não se interessam sequer pelos autores contemporâneos, quanto mais pelos clássicos. A Veja contestou isso, e eu me interessei pela reportagem. O interesse acabou na capa.
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Achei incrível ver como a Veja usou argumentos ruins e poucos dados estatísticos para defender sua idéia. As artes da revista, usadas normalmente para trazer dados e explicá-los, preferiram fazer uma linha de livros a serem lidos de acordo com um inicial, que faz sucesso hoje em dia. Por que fazer uma reportagem sem dados, na pura base do achismo, como essa ? isso é desinformação na sua forma mais bruta.
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É fácil falar, também, que os jovens da classe média lêem mais. Eles sempre leram, seja para ir bem na prova da escola, por imposição dos pais ou por vontade própria, mas sempre leram. Se lêem mais que em outros tempos não se sabe - eu sinceramente acho que sim, e isso deve-se ao fato das editoras terem descoberto o mercado dos 15 aos 22 anos de idade - e não cabe a nós discutir infundadamente, como a revista faz. O que incomoda a todos, entretanto, é o acesso que os mais carentes tem à leitura.
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Os jovens mais abastados, com a ascenção ecônomica, podem comprar livros com tranquilidade. Mas e o que mora em comundiades carentes, tem oa cesso a informação e ao conhecimento sem passar por nenhum sufoco, como pregam diversos estatutos de direitos humanos ?
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Como a situação social do país melhorou e muitas pessoas das classes D e E passaram para a C, é claro que os números absolutos de leitura melhoraram. Mas o desafio principal, que a Veja não falou, é fazer com que todos tenham como ler um livro de seu interesse, sem exceção. Além disso, é improtante despertar neles a vontade de ler, o que uma educação de qualidade pode fazer. Nesses dois aspectos, o Brasil fica devendo.
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Um dos maiores pecados jornalísticos é profanar dados sem contextualizá-lo. A Veja pecou, por mais que isso não seja nenhuma novidade.
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