segunda-feira, 2 de maio de 2011

Opiniões sobre o domingo esportivo mundo afora

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Poucas vezes vi um time inteiro ser operado pelo juiz. Sempre prefiro ser cético e frio para não entrar na onda de torcedores mais exaltados, mas o que vi hoje no Pacaembu foi um verdadeiro assalto à mão armada. Criticado durante toda a semana pelos cartolas do Palmeiras, Paulo César de Oliveira mostrou-se magoado com o time ou mostrou que as críticas eram verdadeiras, pois o árbitro desfavoreceu claramente o time alviverde. Antes de realizado o sorteio para definir quem seria o juiz do Derby contra o Corinthians, o JT anunciou o nome, que foi confirmado dias depois. Se foi sorte, se o repórter sabia de algo de alguma forma, talvez jamais saberemos. Mas, que ficou estranho, ficou. De qualquer forma, Paulo César amarelou Kléber, ídolo palmeirense, logo com três minutos, num lance totalmente desnecessário. Ao ver um carrinho desleal de Danilo e um pé alto igualmente desleal de Liédson, o homem do apito preferiu expulsar apenas o palestrino. Felipão, que pedia calma aos jogadores e era o palmeirense mais tranquilo em campo, deu a entender com a mão que a partida estava comprada pro seu adversário e foi expulso. Expulsão justa, mas só seria justa se Paulo também expulsasse Tite, que estava igualmente eufórico e falando coisas esdrúxulas. Foram os piores minutos duma arbitragem que eu já vi na vida, certamente. Ao sair o gol do Palmeiras, a torcida verde, em maioria no estádio, urrou contra todo o absurdo que via diante de seus olhos. Pouco depois, à sua frente, a torcida viu a bola de William ultrapassar a linha de gol. Ultrapassou mesmo ? Pra mim, atravessou, mas o lance é dificílimo. Mas, tenho certeza que se o lance fosse pro Palmeiras, a arbitragem não validaria o gol. Nos pênaltis, Júlio César defendeu a cobrança de João Vitor e colocou o Corinthians na final do Paulistão. No entanto, o César que tirou o Palmeiras do Paulistão não foi o Júlio, mas sim o Paulo.
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Falar que o Flamengo é campeão carioca não é novidade pra ninguém. É o maior vencedor da competição, com 32 títulos, e, desde 1999, é o oitavo título, uma verdadeira dinastia no campeonato. Mais impressionante ainda é a incrível coincidência - ou nem tanto - de vermos que, em cinco jogos finais desses campeonatos, quem perdeu para o Flamengo foi o Vasco. Outra dinastia, se é que existe isso em clássicos com finais. Pelo segundo ano consecutivo um time vence todos os turnos do Campeonato Carioca, feito inédito na história da competição. E, mais uma vez, quem faz história no Rio de Janeiro é o Flamengo.
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O Campeonato Mineiro fica cada vez mais sem graça. A final vai ser Galo x Cruzeiro, o Cruzeiro chega com a melhor campanha mas clássico é clássico. Falar mais o quê ?
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No extremo sul, o azul dava a cor, a rima e a graça. Time encaixado, primeiro turno vencido. Aí, duas semanas átras, veio o Oriente Petrolero e a viagem pra Bolívia, na qual o time misto de Santa Cruz de la Sierra humilhou os titulares do Imortal por 3x0. Acidente de percurso, classificação garantida, tudo passou. A classificação pra final da Taça Farroupilha veio à duras penas contra o Cruzeiro, mas veio. Na terça-feira, a derrota no Olímpico pra Universidad Católica ligou o alerta vermelho nos lados da Azenha. E não só o alerta, mas o lado vermelho do Rio Grande prevaleceram hoje. O Internacional, atual campeão da América e numa crescente desde a chegada de seu ídolo-mor Falcão pra ser técnico da equipe, saiu na frente, tomou o empate no finzinho mas soube se garantir nos pênaltis. Agora, a lógica parece contrariar a literatura e insistir que a rima de sul com azul não dará mais liga. Com o Inter cada vez mais forte e com uma finalíssima do Gauchão, o colorado deve ver seu rival fora da Libertadores e numa crise pra final estadual. A rima de final estadual é diferente de sul azul, e parece que a rima que vigorará nos pampas será a do Internacional que matou o Imortal.
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A torcida do Náutico sempre vomitou contra os rivais Sport e Santa Cruz que só ela era hexampeã estadual. A frase " hexa é Luxo " é famosa em Pernambuco como marca dum time sem tanta força nacional, mas hegemônico nos anos 60, no inesquecível time dos grandes Lala e Bita. A marca por pouco não foi igualada pelo Santa Cruz dos anos 70 de Ramón, Luciano Veloso, Levir e Givanildo, e pelo Sport dos anos 90, de Leomar, Nildo, Jackson e Wallace, ambos pentacampeões. Em ambas as oportunidades, quem acabou com a série de títulos dos inimigos foi o próprio Náutico. Novamente o Sport engatou uma sequência de cinco títulos seguidos em anos anteriores, mas, como uma sina maldita, o Leão vinha mal no campeonato, e classificou-se a duras penas para a semifinal do campeonato pernambucano. Nas semifinais, como manda o roteiro cinematográfico, teria pela frente o Náutico, em dois jogos que prometiam ser eletrizantes. O 3x1 pro Sport na Ilha do Retiro foi muito comemorado, o time parecia numa melhor fase que o Timbu e a chance de classificação era grande. No meio da semana, Eduardo Ramos, do Náutico, foi acusado de ser subornado pela diretoria rubro-negra, o que acirrou ainda mais os ânimos para o jogo de volta. Dentro dos Aflitos, o goleiro Glédson fez um lance bizarro e Bruno Mineiro marcou um golaço pro Sport, que, mesmo com a derrota por 3x2, classificou-se pra final, contra o Santa Cruz. os dois rivais do Náutico. Os dois que já foram impedidos de ser hexacampeões pelo Náutico. A história do futebol pernambucano pode ser reescrita se o Sport vencer, e o hexa, de luxo, pode virar o caminho dum hepta único.
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No fim do ano passado, com o Vitória rebaixado em casa e o Bahia ascendendo a série A após sete anos longe dela, dava a impressão que o eixo do futebol baiano havia mudado. Com o começo do estadual, o tricolor titubeava, enquanto o Vitória parecia que jogava junto há anos. Jogando mal e burocraticamente, o Bahia amargaria o sempre inevitável BaVi logo nas semifinais. E de nada adiantou vencer no Barradão por 3x2, pois perdeu em Pituaçu por 1x0. Na final, outro BaVi, mas o Ba da final é de Feira de Santana. Não tem clássico ou time páreo pro Vitória na Boa terra há muito tempo, e o rubro-negro tem tudo pra conquistar seu décimo quarto título em dezessete anos, um número impressionante. Não mais impressionante que a hegemonia do Leão.
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Mesmo com as duas torcidas mais presentes de Goiás sendo Atlético e Vila Nova, o maior time do estado, ou, ao menos, o mais vitorioso, reconhecido e por mais tempo na série A é o Goiás. Uma das torcida mais fanáticas do estado, o Vila, e o próprio Goiás fazem o Derby do Cerrado, o confronto com mais tradição em Goiás. E esse foi o clássico da semifinal do Goianão esse ano. Após um ataque de abelhas, o eletrizante clássico teve um gol no final e o resultado de 2x2 que classificou o time verde, o maior, pra final contra o da outra torcida fanática, o Atlético. Ao ouvir o apito de encerramento, Rafael Tolói ajoelhou e abraçou um companheiro de seu time, numa cena que refletiu o grande jogo no Serra Dourada. Betinho, do Vila, o chutou. Um chute fraco, é verdade, mas o chutou. O time do Goiás ficou revoltado e partiu pra cima de Betinho, e os do Vila, sem saber, correram pra cima do Goiás. Muitos, sem saber o que de fato acontecia, começaram a se bater. E como se bateram. A violência não foi só entre torcedores, mas a carnificina também rolou entre os jogadores. Cenas que só se via em lutas de boxe, jiu-jitsu ou MMA, socos, pontapés, voadoras e todo o tipo de agressão. Na arquibancada, nem se fala. A polícia era impotente, e um policial foi socorrido por um torcedor, numa cena impressionante. Filhos choravam, pais tentavam explicar o que acontecia pros rebentos, e o que se via era uma selvageria sem fim iniciada por dois atos impensados. Toda essa confusão levou à morte dum torcedor, que não importa de qual time era, teve a vida perdida. Após o fim do empate entre Goiás e Vila Nova, quem perdeu foi o futebol.
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