O Brasil perdeu, de novo. Pra França, de novo. Em Saint-Denis, de novo. No Stade de France, de novo. Sem raça e sem vontade, de novo. Iludindo um povo que acha a seleção boa de bola com pouco, mas pode, sabe e deve jogar muito mais pra ter meu reconhecimento, de novo.
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É dolorido perder pra França. Sou duma geração que acostumou-se a ver a seleção massacrando qualquer adversário e criando freguesias como as existentes com Argentina, Chile, Uruguai, Estados Unidos, Itália e Portugal. Mas contra a França, unicamente contra a França, algo acontece. Os jogadores já entram mais acuados, o passado recente de 19 anos sem vitórias, uma final de Copa perdida, duas quartas-de-final idem, tudo isso, parece empurrar o Brasil pra lona quando enfrenta os Bleus.
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Muita gente, se não todos, acham que o Brasil jogou bem no primeiro tempo. Discordo. Jogar bem é diferente de ser melhor em campo. Melhor o Brasil de fato foi, mas não precisava muito para ser superior à uma França desinspirada, que sobrevivia e assustava graças a lampejos de Menéz e Benzema, quando muito. O brasil chegava pouco incisivamente, dominava o meio campo mas não pintaram oportunidades concretas.
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Tudo isso até Hernanes fazer o que fez. Um chute desleal, que lembra não só a voadora de de Jong em Xabi Alonso na final da Copa passada mas também o chute que deu a vitória para Anderson Silva na celebrada luta contra Vitor Belfort pelo UFC. Um verdadeiro crime contra o futebol, sobretudo contra o tal bom futebol que Mano sempre pregou, a Globo sempre exigiu e o torcedor sempre quis ver.
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Errando tanto, xingando com vêemencia e com frequência, o estado emocional do Brasil era nítido. Todos estavam nervosos, confundindo a raça que sempre exijo com violência. O lance de Hernanes foi simplesmente a síntese disso. Se é um problema coletivo, culpar apenas o jogador é errado. A comissão técnica também tem sua parcela por não saber trabalhar a serenidade da equipe.
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O segundo tempo foi consequência da expulsão. A França veio pra cima e marcou seu gol com Benzema, após ótima jogada individual de Menéz pela direita. Com um a menos e perdido em campo, o Brasil não conseguia esboçar uma reação, pouco chegava e dependeu de Júlio César para não ser goleada.
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Elias, Jádson e Júlio César atuaram bem. Alexandre Pato e Robinho não. Falta muito, muito mesmo, pra seleção voltar a ser o que era. Falta vontade de vencer, falta não pipocar pras seleções fortes, faltam brios. De novo.