segunda-feira, 13 de junho de 2011

Bebês

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A relação adulta com crianças segue um script rigorosamente igual. Do nascimento até os três, quatro anos, quando o pequerrucho é bebê e todos os seus atos parecem não ter consciência alguma, todos exprimem sua admiração e encanto falando coisas como " ai que lindo ! ", " que bonitinho ! " e coisas assim, que certamente você já presenciou. Depois disso até o início da pré-adolescências, todos acham que a criança é pirracenta, chata e mal-educada.
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Não se sabe da onde vem o fascínio dos bebês. Deve vir da aparente fragilidade física deles, da necessidade vital que eles tem de estarem cercados por seus pais e familiares, de seus atos sinceros e sem rabo-preso com nada nem ninguém. Esse raciocínio refere-se aos tempos antigos, claro. Hoje em dia, há uma competição desleal pela beleza e pelas roupas que o bebê usa desde pequeno.
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Confesso que eu sempre achei bebês graciosos, mas nada demais. Com o nascimento da minha irmã caçula, Graziella, mudei meu conceito. Fiquei encantado com aquele pedaço de gente que eu vi na primeira semana de vida e vi crescer, dois anos e meio átras. Hoje ela já entra no meu quarto e tecla o meu notebook, mostrando que em algo puxa ao irmão. Quando estamos à mesa, nos olhamos e sorrimos, fazemos caretas, e rimos, rimos muito. Não há como não se apaixonar pela loira de cabelo loiro. Um verdadeiro anjo que enche a todos de alegria.
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Hoje outro capítulo da minha relação com bebês foi escrito. Ao voltar para casa após comprar algumas coisas, uma mãe e seu filho de colo entram no elevador. Logo coloquei-me no meu canto, e o bebê começou a me observar. Flagrei-o me fitando, e também o olhei. Ele sorriu pra mim, e olhou pra mãe sorrindo. Me olhou de novo e virou a cara, ainda sorrindo. Antes de sair - eles iam pro sexto andar - me olhou pela terceira vez e sorriu. Aquele sorriso sem dentes e aquele olho castanho escuro marcou o resto do meu dia. Sei que ele se chama Arthur, mas nada mais sei sobre quem ele é ou o que fazia no prédio. Mesmo assim, ele me marcou.
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Acho que, quando um bebê vira uma criança e torna-se chata pra todos, os pais tem grande influência nisso. Muitos pais, ao verem o bebê chorando, irritam-se, berram, batem. Com um exemplo desse, como exigir que o bebê seja sempre pacífico e educado, se as atitudes de seus próprios pais não são assim ? E, quando o rebento fica rebelde, os pais tornam-se ainda mais ignorantes. O choro tem que ser encarado como a única forma de comunicação do bebê com quem o cria, e não como algo que tem como motivo irritar quem quer que seja. Enquanto esse pensamento existir, continuaremos vendo casos lamentáveis de maus tratos na televisão.
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Minha segunda-feira foi iluminada pelo sorriso do pequeno Arthur, e, cada vez mais, os bebês fazem-se presentes na minha vida.
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