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Nos demais jogos da primeira fase, nenhuma surpresa. Jaguares, Cerro Porteño, Unión Española, Independiente e Grêmio eliminaram Alianza Lima, Deportivo Petare, Bolívar, Deportivo Quito e Liverpool do Uruguai, respectivamente.
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No sorteio da fase de grupos ficou nítido o quanto o critério ( ou a falta de ) da CONMEBOL ao sortea-los é ridículo. Enquanto tivemos grupos muito desequilibrados, como Junior Barranquilla, Grêmio, Oriente Petrolero e León de Huánuco vimos alguns grupos fortíssimos surgirem, como América-ME, Fluminense, Nacional e Argentinos Juniors. Para promover a Libertadores e fazer dela uma competição ainda mais forte ( ao menos para o mercado exterior ), é necessário uma valorização urgente do sorteio da Libertadores. As duas medidas principais - e urgentes - a serem tomadas são: a realização do sorteio apenas após todas as vagas serem preenchidas ( evitando os vergonhosos grupos Peru 1. Paraguai 1, Colômbia 2 e San Luis, por exemplo ); e a criação de algum critério técnico para a competição em potes ou baseado num ranking histórico da CONMEBOL por países - o que não existe hoje em dia -, similar ao que ocorre na UEFA. Assim, poderíamos ter os campeões num pote, os vice em outro, os advindos da pré-Libertadores num terceiro, e assim sucessivamente. É algo tão óbvio que chega a ser vergonhoso ter que dar uma " idéia " dessas, mas é ainda mais vexatório ver que algo tão simples não é utilizado para a maior competição das Américas.
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O grupo 1 teve o Libertad como líder destacado, fazendo 14 pontos, o dobro do Once Caldas, outro classificado. Once Caldas, aliás, que começou muito mal a competição, e teve uma " recuperação " no segundo turno. Os cafeteros venceram apenas uma partida na co
mpetição, fora de casa, tornando-se a primeira equipe na história da Libertadores a se classificar sem vencer uma partida em casa. A Universidad San Martín de Porres, do Peru, venceu duas, mas perdeu as outras quatro, e ficou na terceira colocação. Os mexicanos do San Luis ficaram na última colocação, com cinco pontos.
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Junior Barranquilla e Grêmio dominaram de cabo a rabo o grupo 2. A briga sempre foi monopolizada pelas duas equipes para vem quer chegaria na primeira posição, tendo vantagem na segunda fase do torneio. Melhor para a equipe da cidade-natal da cantora Shakira, que fizeram 13 pontos, contra 10 do Imortal tricolor gaúcho. Oriente Petrolero, da Bolívia, e Léon de Huánuco, do Peru, fizeram 6 e 5 pontos, respectivamente, e foram eliminados. Vale destacar as duas derrotas seguidas e vexatórias do Grêmio: a primeira em casa, para o Junior - que dava a impressão que o time colombiano poderia vir a ser uma grata surpresa do certame, o que não vingou - e o inexplicável 3x0 ante o Oriente Petrolero em Santa Cruz de la Sierra, até então lanterna do grupo e sem motivação alguma para a partida. O vexame tirou do Grêmio a liderança da chave, já que uma vitória pelo placar mínimo colocaria a equipe na primeira colocação.
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Em um dos grupos da morte, o 3, muito sofrimento para o time brasileiro. O Fluminense vinha mal, mas se classificou de forma heróica para o mata-mata. O grupo, equilibrado desde o princípio, teve o América-MEX como líder, finalizando a primeira fase com 10 pontos so
ados. Na última rodada do grupo, porém, todos os times poderiam se classificar ou ser eliminados, o que deu grande dose de dramaticidade para os jogos realizados no dia 20 de Abril. Em jogo de compadres, Nacional e América ficaram num 0x0 morno em Montevidéu, mostrando claramente que as duas equipes gostavam do placar. De fato, o 0x0 classificava os albos e as águias, já que o Argentinos Juniors perdia para o Fluminense por 3x2 e os uruguaios ficavam em segundo pelo saldo de gols. Mas, no último instante, o Flu fez 4x2 e ultrapassou o Nacional na classificação. Mais um capítulo histórico do time que contraria a lógica.
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O grupo 4 mostrou-se bem equilibrado, ao contrário do que era previsto. O principal responsável pelo equilíbrio foi o supreendente Caracas, que incomodou os favoritos Universidad Católica e Vélez Sarsfield, chegando a bater a UC por 3x1 em Santiago. Na última rodada, entretanto, os venezuelanos sucumbiram e permitiram a classificação de chilenos ( em primeiro ) e argentinos ( em segundo ). Completando o grupo aparecia outro time chileno, o Unión Española, que fez apenas 4 pontos e foi o lanterna.
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Em mais um grupo com três times de grande presença na Libertadores, o 5, Cerro Porteño, Santos e Colo-Colo travaram uma grande batalha pelas duas vagas destinadas ao grupo desde o começo. O fiel da balança foi a quarta equipe, o Deportivo Táchira, que acabou decidindo os classificados duma maneira peculiar. Quem perdeu pontos ante os venezuelanos passou de fase, ou seja, Cerro e Santos. Destaque para o grande jogo da última rodada, no qual os paraguaios venceram os chilenos de virada fora de casa e selaram a classificação. O Santos ficou com a segunda colocação.
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O Internacional quase complicou um grupo fácil, o 6. Apesar da primeira colocação, o grupo permitia uma pontuação bem maior que os 13 pontos conquistados pelo colorado, o que lhe permitiria enfrentar um adversário bem mais fraco - e veremos que isso foi importante nos mata-matas. O Emelec mostrou ser a segunda força do grupo, perdeu menos que o mexicano Jaguares, mas a objetividade do time de Chiapas ( teve 3 vitórias e 3 derrotas, contra 2 vitórias, 2 derrotas e 2 empates que os equatorianos ) fez a diferença e levou o time norte-americano para as eliminatórias. Com 4 pontos conquistados, o Jorge Wilstermann, que disputava a segunda divisão campeonato boliviano, foi o último colocado.
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Num grupo interessante desde o início, Cruzeiro e Estudiantes voltariam a se encontrar após protagonizarem a final da Libertadores de 2009. A eliminação do Corinthians ante o Tolima, na primeira fase, serviu para deixar os dois times como grandes favoritos, o que de fato ocorreu. Mas ninguém esperava que o principal favorito da toda a competição saísse desse grupo. O Cruzeiro perdeu pontos apenas em Ibagué, ante o Tolima. Nas outras 5 partidas, 5 vitórias, incluindo 5x0 no Estudiantes e 6x1 no Tolima em Minas Gerais e 3x0 nos pincharratas em La Plata.
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Em outro grupo equilibradíssimo, LDU, Peñarol, Independiente e Godoy Cruz protagonizaram grandes partidas na chave 8. Os equatorianos contaram com a força no estádio Casablanca - e da altitude de Quito - para fazer 9 dos 10 pontos em casa e classificar-se em primeiro. Com a LDU imbatível em casa, as outras três equipes fizeram grandes jogos e, mesmo perdendo em casa na última rodada, o Peñarol ficou na segunda colocação do grupo, estendendo o maior bandeirão do mundo na noite. Entre os argentinos eliminados, frustração para o Independiente, maior vencedor da história da Libertadores, e orgulho para o Godoy Cruz, que ficou a dois pontos da classificação em sua estréia na competição.
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As oitavas-de-final reservaram boas partidas e confrontos históricos, como Cruzeiro e Once Caldas, Cerro Porteño x Estudiantes, Libertad x Fluminense, LDU x Vélez Sarsfield, Internacional x Peñarol e Universidad Católica x Grêmio. O prognóstico para as quartas era ainda melhor, podendo ter grandes jogos, como Cruzeiro x Santos, Fluminense x LDU e um sensacional GreNal. Mas, como futebol é futebol...
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O futebol brasileiro vinha bem, mas sofreu um baque imenso no dia 5 de Maio. Cruzeiro, Santos, Fluminense e Internacional conseguiram bons resultados ( os 3 primeiros venceram e o último empatou fora de casa ), e tinham a faca e o queijo na mão para ir às quartas. Quem destoou dessa panorama foi o Grêmio, que perdeu em casa para a Católica por 2x1 e praticamente se despediu da competição. No dia 4, o Santos acendeu todas as velas possíveis para segurar o 0x0 com o América no México e avançar. No dia 5 o desastre foi total. Quatro jogos, quatro derrotas, quatro eliminações. O Grêmio confirmou o que já era esperado e viu a Católica vencer de novo, dessa vez no Chile. O Fluminense perdia de 1x0, placar que lhe dava a vaga, até os 40 do segundo tempo, quando Samudio fez 2x0 e fez a torcida tricolor perder a cabeça ( desculpas pelo humor negro... ). Nuñez ainda faria 3x0, fechando o caixão do Flu. As derrotas mais incríveis, porém, foram de Internacional e Cruzeiro. O Inter fez 1x0 logo no começo da partida, mas em 5 minutos tomou a virada e viu a festa carbonera no Beira-Rio. O Cruzeiro, melhor time da competição, entrou nervoso em campo, viu Roger ser expulso, o Once Caldas fazer 2x0 e Cuca dar uma cotovelada no adversário. Tudo isso num dia só ! Definitivamente, 05/04/2011 é uma data para ser esquecida pelo futebol brasileiro.
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Nas demais partidas, mais surpresas. O Jaguares eliminou o bom Junior Barranquilla com dois empates, fazendo 3x3 na Colômbia e se classificando graças ao 1x1 no México. O Cerro Porteño tirou o sempre forte Estudiantes nos pênaltis, após duas partidas empatadas em 0x0. No confronto que se antevia mais equilibrado e acabou sendo o mais díspare, o Vélez Sarsfield venceu duas vezes a LDU, incluindo um surpreendente 3x0 em Quito, e foi para a próxima fase.
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Nas quartas-de-final, o Santos, único brasileiro na competição, venceu na Colômbia o Once Caldas por 1x0 e passou algum sufoco no Pacaembu, mas foi para a semifinal com o 1x1. O Cerro classificou-se para as semis após magra vitória de 1x0 no General Pablo Rojas e empate contra o Jaguares por 1x1 na América do Norte. Em mais duas atuações de gala, o Vélez venceu duas vezes o forte Libertad, incluindo um sensacional 4x2 no Paraguai. Os jogos mais emocionantes foram os realizados entre Universidad Católica e Peñarol. No primeiro, em Montevidéu, 2x0 para os uruguaios, em duas falhas bizonhas do goleiro chileno Garcés. Na volta, 2x1 para a UC, placar que não foi suficiente e classificou os uruguaios para a próxima fase. E, adivinhe: no gol de Stoyanoff, aos 39 do segundo tempo, falha de Garcés.
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Nas semifinais, dois grandes jogos entre Santos e Cerro, que já tinham se enfrentado na primeira fase. Na primeira partida, no Pacaembu, 1x0. Segundo muitos, era pouco. No Paraguai, novamente passando sufoco, o Peixe segurou um sensacional 3x3 ( com direito a gol de Zé Love ) no Paraguai e voltou a final após 8 anos. Na outra chave, mais uma vez o Peñarol fez seu milagre e conseguiu segurar de maneira histórica, com direito a pênalti perdido por Santiago " El Tanque Silva " no finzinho e gol - muito - mal anulado do mesmo, um 2x1 que lhe interessava no Fortín, resultado que o interessava após o 1x0 no Centenário.
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Na reedição da final de 1962 da Libertadores, num primeiro jogo fraco, Santos e Peñarol ficaram no 0x0. A segunda partida também teve uma primeira metade fraca, mas no segundo minuto da segunda etapa Neymar fez o gol que abriu o placar e deixou os manyas perdidos em campo. Danilo, em belo toque de chapa, fez 2x0, na segunda falha do goleiro Sosa na partida. Nem o gol contra de Durval deu chance para o Peñarol. O Santos foi tricampeão, com todos os méritos.
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Numa Libertadores empolgante, certamente uma das melhores dos últimos anos, um gigante sul-americano acordou em nível internacional, com um time que marcou época nos campos brasileiros e continentais. Que a Libertadores 2012 seja tão espetacular quanto a de 2011.