A frase do título do post foi proferida por Paulo Henrique Ganso, exemplo de como um jogador pode ser espetacular dentro e fora de campo. Apenas mais um dos tantos exemplos e estigmas do Santos, que ontem coroou uma era e desafiou alguns antigos estigmas ao conquistar o tricampeonato da Libertadores da América.
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Os novos meninos da Vila surgiram em 2002, campeões brasileiros desacreditados e que eternizaram Diego, Robinho, Paulo Almeida, Elano, Renato, Alex e Léo. Após eliminar São Paulo, Grêmio e Corinthians - que haviam sido melhores na primeira fase - e após a igualmente inesquecível pedalada de Robinho pra cima de Rogério, o Santos voltava a ser grande. Robinho protagonizou outro lance de impacto em 2003, na reestréia do Santos na Libertadores após longa ausência, dando uma série de dribles nos jogadores do América de Cali, e saindo aplaudido pela torcida colombiana.
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Na final da mesma Libertadores de 2003, porém, o Santos falhou. Perdeu duas vezes para o Boca Juniors de Tevez, Schelotto, Donnet, Cagna, Schiavi, Burdisso e Abbondanzieri e parece que ficou faltando algo praquele time que encantou a todos. Por mais que viesse também o Brasileirão de 2004, ficou uma lacuna nas glórias que aqueles garotos poderiam trazer - o título brasileiro perdido, em 2003, é totalmente compreensível com o timaço do Cruzeiro à época.
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Mesmo ganhando alguns Paulistões, faltava força ao Santos. Faltava aquele toque mágico, aquilo que faça o torcedor acreditar que um time campeão possa tornar-se um time invencível. Esse toque chegou ano passado, quando Neymar amadureceu, Ganso apareceu e Robinho voltou. De lá pra cá e após um Paulistão e uma Copa do Brasil depois, Robinho saiu, Elano chegou, Neymar praticamente expulsou Dorival Jr. do Santos, Adílson Batista fracassou e Marcelo Martellotte assumiu o time duas vezes. A geração de craques ficou completa, porém, quando outro profissional chegou e assumiu a responsabilidade.
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Muricy veio desprestigiado do Fluminense após trocar uma série de acusações com o presidente tricolor, Peter Siemsem. Era vitorioso e competente, mas vinha dum trabalho contestado e duma saída controversa. E, claro, tinha a mancha de jamais ter sido campeão da Libertadores rondando-o.
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Um time jovem e talentoso, mas que não sabia se iria vingar ao ponto de ser o mais forte das Américas, um técnico que parecia não dar certo com a competição, um time marcado por ver sua antiga geração de garotos sucumbir... tudo isso junto daria certo ?
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Deu. Muricy soube dar a experiência que faltava para os garotos ( não só Neymar e Ganso, mas também Rafael e Adriano ), soube aproveitar bem os experientes Edu Dracena, Durval e Léo, fazer Arouca jogar como nunca e como ninguém e até segurar Zé Love, em péssima fase, no time. Tudo deu certo pro Santos após um começo claudicante, no qual a equipe poderia ver-se eliminada já na primeira fase. Mesmo passando por apuros e momentos delicados nos mata-matas, o peixe conseguiu ser superior. Seja por sorte de campeão ou por competência do time. Conseguiu, e isso é o que importa.
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Contra o Peñarol, os primeiros 135 minutos foram chatos, até mesmo fracos. A decisão mostrou-se mesmo no segundo tempo da segunda partida, logo e também nos egundo minuto, quando Neymar bateu e o fraco goleiro manya Sosa aceitou. Depois, Danilo, bom valor santista, fez. 2x0. Durval ainda fez contra, mas nem a confusão depois da partida ( iniciada e causada por um santista não identificado, é verdade ) atrapalharam o tricampeonato do Santos. Agora Muricy é campeão da Libertadores, Neymar e Ganso são craques e não há contestação alguma sobre isso e a geração do começo da década passada foi vingada.
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Neymar jogou por Robinho, Ganso jogou por Diego, Adriano jogou por Paulo Almeida, Arouca jogou por Renato, Rafael jogou por Fábio Costa, Edu Dracena jogou por Alex, Durval jogou por André Luis, Elano e Léo jogaram por eles mesmos. Cada craque surgido no Santos no milênio foi bem representado, e o time dos eternos craques é o maior vencedor brasileiro da história da Libertadores.