quarta-feira, 31 de julho de 2013

Por que vocês gostam tanto desse papa ?

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Após sua viagem ao Brasil, o papa Francisco concedeu uma entrevista para vários jornalistas de todo o mundo no avião que o levava de volta para o Vaticano. O evento ganhou repercussão mundial por uma frase impactante, mas temos que saber ler as entrelinhas. 
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Todo bonzinho... só que não
Antes de mais nada, leia a entrevista na íntegra, disponível no ótimo blog do correspondente internacional do Estadão, Jamil Chade
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Pela primeira vez na história da da igreja católica apostólica romana, o sumo pontífice em exercício não tratou o homossexualismo como algo negativo. Na última pergunta, ele diz: "Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, pra julgá-la?".
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É inédito para o catolicismo. É um avanço sem precedentes para uma instituição que é, há muito, descompassada da sociedade que representa. Mas, nas entrelinhas, ele segue maldizendo os homossexuais.
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Repare que, na frase dita por Jorge Mario Bergoglio, ele não faz alusão a nada positivo - como todos os veículos da mídia deram a entender. Pelo contrário, ele fala apenas em não julgar. Você costuma falar isso de quem faz algo errado e que você não gosta. 
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A já histórica entrevista do papa
Além disso, veja o que o papa disse imediatamente após a frase tão marcante: "O catecismo da igreja católica explica isso muito bem". Como bem lembrou o jornal Brasil 247, a catequese diz que a orientação sexual não é pecado, mas atos homossexuais são. Basicamente: você pode se declarar homossexual, só não pode beijar uma pessoa do mesmo sexo. Vai reprimir seu próprio sentimento e vai viver eternamente infeliz. 
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O papa foi brilhante em seu jogo de palavras. Bancou o bonzinho quando segue com seu pensamento retrógrado. Ao pensarmos na igreja católica ele avançou sim, mas longe do alarde propagado pela mídia. Digamos que ele saiu do pensamento do ano de 1450 e foi até 1600, mais ou menos. Ainda faltam bons 400 anos de distância para o mundo contemporâneo. 
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Sobre as mulheres, nem precisou de jogo de palavras. Falando sobre a ordenação de mulheres para qualquer cargo na igreja, ele foi enfático: "a igreja já falou e disse que não. Essa porta está fechada". Muito moderninho o papa de vocês, não ?
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Francisco no papamóvel no RJ
As atrocidades a respeito do sexo feminino não param por aí. Para o bispo de Roma, o papel da mulher é apenas um: fazer a espécie se multiplicar. Tem até exemplo pra explicar, olha só como o papa de vocês é bonzinho ! "O papel da mulher na igreja não é só maternidade, a mãe da família. É muito mais forte. A mulher ajuda a Igreja a crescer. (...) Um exemplo histórico: para mim, as mulheres paraguaias são as mais gloriosas da América Latina. Sobraram, depois da guerra (1864-1870), oito mulheres para cada homem. E essas mulheres fizeram uma escolha um pouco difícil. A escolha de ter filhos para salvar a pátria, a cultura, a fé, a língua. Na Igreja, se deve pensar nas mulheres sob essa perspectiva".
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A última, e que eu não vi ninguém comentar. A respeito dos divórcios, prática tão corriqueira hoje em dia, o papa também mostrou-se bonzinho até a página dois: separar pode; casar de novo, não. "Os divorciados podem fazer a comunhão. Não podem quando estão na segunda união". Portanto, se você se apaixonar novamente enquanto estiver divorciado, esqueça. Você não será mais considerado como crente a deus
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O bonzinho e o ditador Videla
Por fim: nunca é demais lembrar que, antes de ser papa, Jorge Mario Bergoglio era jesuíta em Buenos Aires e teve participação direta em, no mínimo, dois casos no mínimo suspeitos ao longo da ditadura militar argentina - leia aqui. Veja que a defesa dele é apenas dizer que ajudou em outros casos, sem falar dos quais ele é acusado. Assim até eu, santo padre. A foto desse parágrafo mostra Bergoglio dando uma hóstia ao então general general Jorge Rafael Videla, que fez sumir no mínimo 30 mil pessoas na Argentina. Olha quem o papa de vocês, tão bonzinho e simpático, foi abençoar...
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Não sei daonde tiraram (tanto a imprensa quanto vocês) que esse papa é moderno e diferente dos demais, mas eu sigo muito feliz com meu ateísmo.  
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