quinta-feira, 18 de julho de 2013

Sim, nós podemos - ser rebaixados

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As eleições americanas de 2008 elegeram o primeiro presidente negro dos Estados Unidos - algo que estava no imaginário popular como um tabu e algo praticamente inatingível, visto que menos de cinquenta anos antes da eleição de Barack Obama a discriminação racial estava dentro da lei. Mas não foi só isso. 
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Há quanto tempo não rimos assim?
A eleição de Obama mudou também o marketing político com um só slogan: Yes, we can - Sim, nós podemos em português. Essa frase tornou-se tão marcante que passou a ser lembrada das mais diversas formas munda afora. 
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Na campanha do político, a frase trazia ares esperançosos. Hoje eu a complemento para falar do São Paulo Futebol Clube com outros ares: o do pessimismo e da desilusão. 
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Na saída de campo de mais uma derrota (a sexta seguida, algo que não acontecia desde 1936, quando o SPFC tinha menos de um ano de vida), o atacante e ídolo (sim, ídolo) Luis Fabiano falou pela primeira vez em rebaixamento. Antes de mais nada, quero dizer o quanto é desapontante ver um time tão caro e com nomes tão bons ter que falar em rebaixamento. Pior ainda é ver que, não, ele não está sendo exagerado.
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Desde a saída de Muricy Ramalho, em meados de 2009, o São Paulo entrou em uma crise institucional violenta. Mesmo que Muricy sofresse pressão para sair do Tricolor, a demissão do técnico só se concretizou apenas pelas rusgas criadas entre o treinador e a diretoria - e que acabou sendo o estopim para as desastrosas decisões da diretoria que viriam adiante e perduram até hoje. O time não deixou de ter bons momentos de lá para cá (a reação no Brasileirão de 2009, a semifinal da Libertadores de 2010 e o título da Copa Sul-Americana de 2012 não me deixam mentir), mas essas foram exceções, e não regra. Mais do que exceções, aconteceram graças a situações extraordinárias. 
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João Paulo de Jesus Lopes e Adalberto Baptista
O São Paulo em campo tem vários problemas, mas TODOS tem relação direta e forte com a sua diretoria. Ou melhor, o núcleo duro de sua diretoria. A saber: o presidente Juvenal Juvêncio, o diretor de futebol Adalberto Baptista, o vice-presidente de futebol João Paulo de Jesus Lopes e o diretor de orçamento e controle Carlos Augusto de Barros e Silva, o popular Leco
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Os quatro nomes citados fizeram de um clube com reconhecida vocação democrática um feudo. Os quase 20 milhões de são-paulinos são agora reféns de quatro homens sem nenhuma capacidade gestora e administrativa que mandam e desmandam no clube, inclusive rasgando a constituição do São Paulo FC para dar um terceiro de cargo para um presidente, o que está proibido no clube. Se fôssemos sérios Juvenal não seria mais o mandatário tricolor desde 2011. Mas como o clube é praticamente dele e de seus amigos, não temos muito o que fazer.
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O problema, além dos desmandos, do autoritarismo e da falta de inteligência dos citados, é o ambiente que eles criam para trabalhar. Vários jogadores chegaram e começaram jogando muito bem (Rafael Tolói, Rhodolfo, Osvaldo, Wellington, Xandão, Marlos e Douglas, só pra ficar em alguns que eu lembrei de cabeça) e logo viram seu rendimento cair demais graças a esse clima conturbado no clube. Também atribuo a eles o fato dos oito técnicos que por aqui passaram não conseguirem dar um padrão de jogo ao time, incluindo nomes famosos por seus bons trabalhos como Ney Franco e também profissionais que saíram daqui e desacreditados e tornaram-se ídolos em outros clubes, como Ricardo Gomes
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Leco: muita pose, pouquíssima competência
Isso sem contar na demissão puramente política de pessoas como o fisiologista Turíbio Leite de Barros, os fisioterapeutas Luiz Rosan e Ricardo Sasaki e o preparador físico Carlinhos Neves, staffs da mais alta competência e que se foram por discordâncias com o quarteto diretivo. 
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Os erros dentro de campo se repetem porque fora dele acontece a mesma coisa. Acho difícil, mas eu não descarto um rebaixamento do São Paulo esse ano. Basta lembrar o que aconteceu quando Alberto Dualib se perpetuou no poder do Corinthians e quando Mustafá Contursi e Eurico Miranda fizeram o mesmo no Palmeiras e no Vasco, respectivamente - mesmo com todo o dinheiro que seus clubes tinham. 
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É hora de protestar e de fazer de tudo pra tirar esses calhordas do poder. Antes que seja tarde demais e o pior aconteça. 
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