sábado, 8 de agosto de 2009

As emoções dum pequeno. A grandeza dum gigante.

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Fazia tempo que não ia ver o São Caetano jogar. Uma semana. Sabe-se lá por que a vontade era grande de ve-lo novamente. Antes das férias terminarem. Se possível. Ontem após a quadra fechar falei com o Samuka. Ele topou. Minha levaria e buscaria. Perfeito. Foi o tempo de tomar banho e tirar da sempre querida primeira gaveta o manto do azulão do ABC. Do maior do ABC. Do vencedor daquela noite.
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Fomos. Ultrapassamos aquelas ruas circulares do Olímpico. Chegamos na Visconde. Ultrapassar a Kennedy pelo ABREV indo pro estádio é um exercício de cidadania sulsancaetanense. Todos deveriam fazer com regularidade. Na frente do Recanto da Bengala Azul descemos. Fomos comprar o ingresso no lugar de sempre. Nos indicaram que havia mudado. Teríamos que ir as bilheterias do Lauro Gomes. Dois integrantes da Comando nos venderam. Pela metade do preço.
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Samuka encontrou dois amigos seus. Não haviam comprado ingresso. Um ainda havia esquecido a carteirinha em casa. Teria que pagar 10 reais. Pagou. O ingresso deles tinha uma capa diferente da nossa. Assustamos. E se o ingresso fosse falso ? Pagaríamos de novo. Com a meia entrada. No fim deu tudo certo. Após a revista policial adentramos rumo a arquibancada. A curva. A sempre presente e potente curva. Mas... haviam fechado o lugar.
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Até a Comando Azul foi retirada. Veio para a primeira parte. Na frente da grade que separa a arquibancada do gol do Olímpico. Oposto ao da Visconde. Nós 4 sentamos um pouco acima. Praticamente na grade. E nos surpreendíamos com a disposição dos organizados. Os instrumentos eram massacrados. A barulheira era nítida. A alegria idem. Tudo funcionava perfeitamente. As faixas na vertical. Em azul e vermelho. A bandeira italiana ao meio. Os trapos á frente.
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A companhia dos três era muito agradável. Relembramos muitos jogos no estádio. Histórias desse lugar que faz parte da minha adolescência. E nos surpreendíamos. Havia mais de mil pessoas no Anacletto. Fato raro. Muito. Havia vontade de ver o time vencer. Também raro. Mas num cruzamento da esquerda Gustavo converteu. Um a zero. Gustavo. Começou no São Caetano. O querido " Papa " como a torcida o chamava. Era agora do Brasiliense. Fazia gol no azulão. E beijou a câmera que por muitas vezes nos filmou.
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Veio o intervalo. Fomos comer. Samuka encontrou outro amigo. Que estava com mais alguns. E voltamos para o segundo tempo com eles. Na frente da grade. Junto da Comando. Ao lado da faixa. Logo pediram para irmos ajudar no canto. Lá fomos. Por entre as faixas. Pouco sabíamos. Mas cantávamos. Aplaudíamos. Agitávamos as mãos. A cada errado os dois de minha frente me olhavam e riam. Gostavam do meu entusiasmo. Minha falta de coordenação com os organizados passava despercebida.
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E o show ia sendo feito. O time dentro de campo correspondia. Dava raça. Só dava São Caetano. Mas o placar era candango. Abaixávamos. Levantávamos. De tanto gritar São Caetano o time respondeu. Após uma falta desleal do zagueiro Cris. Que foi expulso. Vandinho cobrou. A bola passou por todo mundo. E entrou. A vitória voltava a ser a meta. A torcida ganhou fôlego redobrado. A minha voz quase gasta se preparava prum estouro de emoção. Viria ?
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Viria. Antes porém o lateral direito do azulão Artur foi expulso. Numa cotovelada horrível em Gustavo. O mesmo do gol. Caiu desacordado no chão. Vibramos. Torcedor que é torcedor quer ver seu adversário ao solo. Sem fair play. A música dava a deixa. Hoje eu vou pro Anacleto para começar a festa. Pulávamos. Acreditávamos seriamente numa virada. Que seria emocionante. Após algumas chances perdidas veio dos lances mais bonitos que minha retina já viu no maior estádio do ABC.
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Roger deu um carrinho fenomenal na direita. Rolou pra Careca. Inverteu o lance pra esquerda. Xuxa ( Porra. Essa alcunha me persegue. ) recebeu. Domingou. Cruzou. Na cabeça de Wendell. E foi de lá pra rede. A arquibancada soltou um urro de felicidade que a muito não se via. Vi copos de cerveja sendo jogados ao chão. Seus donos comemoravam demais. Abraçava os organizados. Os dois que riam ao me ver errar. O Samuka. Seus amigos. Tirei a camisa. Fiquei absurdamente louco. Feliz. Mas as melhores imagens vieram do gramado.
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Enquanto tudo isso acontecia o técnico do azulão tirou o sobretudo que usava. E esse era Antônio Carlos. Experiente zagueiro. Campeão do mundo pelo São Paulo. Parecia uma criança em campo. A torcida foi ao muro que separa a bancada do gramado. O time então veio correr pra nós. De braços abertos. Todos com um imenso sorriso na face venerando aquele magico momento que vivíamos. Alguns jogaram a camisa. Outros subiram ao muro. Fiquei de longe vendo. Era indecritível. A confusão total que aquele estádio jamais vira.
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Um grito ecoava pelo estádio. Quando o técnico eprdia o controle. Quando os jogadores perdiam as estribeiras. O azulão voltou. Todos saíram cantarolando a simples canção que me teve como idealizador e rapidamente ganhou adeptos. O São Caetano está de volta. Se a série A tem um time do ABC tão pequeno ela podee e vai receber o pequeno gigante da região. O azulão do ABC. O azulão do Brasil.
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Tudo valia a pena. E só confirmei isso no rápido diálogo com a minha mãe me esperando no carro:
Como foi o jogo meninos ?
Inacredtável. Lindo. Dois a um pro São Caetano de virada no último minuto. E minha voz se acabou. Assim como meu fôlego. Mas nada fará acabar toda aquela alegria.
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