Dizem que é a estação de perdição, não ? Comigo nunca foi bem assim. O verão marcava só o início do ano, o carnaval, e o meu aniversário. Ao fim da estação, digo, hoje, que o verão marcou. A minha autonomia, minha maioridade, meu grito silencioso de liberdade que todos, mesmo surdos, não só ouviriam, mas veriam e sentiriam. Ouviram, viram e sentiram.
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Pra fechar o verão, as únicas águas que caíram foram as da garoa leve de Santo André na saída do Mezzanine, após o show do Scracho. Diga-se de passagem, que show. Tudo fluiu numa energia incrível. As músicas, a banda, a minha verdadeira aficção pela Dedé, a companhia, o meu sentimento. Mesmo com o calor e por não ver todos que eu queria, foi demais. Um excelente fechamento de estação.
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Nesses pouco mais de 90 dias de Sol pleno, chuvas incessantes e recomeço de vida, aconteceu de tudo. Mas, esses últimos dias merecem destaque. Fiz coisas que eu jamais imaginaria fazer. Tomar ônibus regularmente, aprender com os meus próprios erros e me virando sozinho com a minha mãe sabendo, mudar minha rotina graças a uma menina que sabe que pode muda-la. Além de todas as palavras por mim ditas, e sobretudo, pelo incrível autoconhecimento que adquiri nesse tempo.
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Definitivamente, uma nova era começou. E, como diz uma música do Scracho, " daqui pra frente eu vou fazer história, quem não entende pode ir embora ". E a minha história vai ter pessoas interessantes, muito mais cumplicidade e um botão " tamo junto ! " bem grande, mesmo quando as pessoas não querem. Me preocupo com elas, sei que valem a pena. E, querendo ou não, são essas pessoas e seus pequenos gestos que fizeram doe meu verão o mais marcante da minha vida.