domingo, 21 de março de 2010

Mega Senna

>
É estranho falar de Senna enquanto piloto. Não, ele não foi o melhor. Num esporte tão frio como o automobilismo, o melhor é o que tem os melhores números. Nisso, Schummacher é imbatível. Mas ele foi, isso sim, o maior. Com sua estatura diminuta, ele dava aulas de hombridade aos seus companheiros, de técnica a seus rivais e de coragem ao mundo todo.
.
Falar de todas as suas glórias é chover no molhado. Dois fatos, de fato, me encantavam no piloto que eu sequer vi ao vivo. O primeiro é ver como ele deixava a F1 mais humana. A frieza era jogada pra escanteio, ou melhor, fazia um pit stop enquanto Senna corria. Seja quando ele resolvia barbarizar, como no GP da Austrália de 86, ou quando ele entrava no clima de brincadeira, como quando Mansell ganhou uma vitória de graça na Inglaterra em 91 pois o motor Honda da McLaren falhou. Parado no circuito de Silverstone, ele pediu carona ao Leão, que, gentilmente e numa cena que entrou pra história da categoria, cedeu-a, levando o brasileiro no capô.
.
Quando era pra falar sério, Senna também era mestre. Comprou a briga com um piloto bem mais experiente que ele na McLaren, e deu aulas ao francês chamado de professor. Prost perdeu um campeonato e só ganhou outro graças à imensa ajuda do presidente da FIA na época, o também francês Jean-Marie Ballestre. Em troca, tirou Prost do GP de Japão de 90 propositalmente, tal qual ele tinha feito em 89, e venceu seu bicampeonato. Senna também salvou a vida de Erik Comas, belga que corria na Ligier. Ele bateu forte no GP da Bélgica de 92, e estava incosciente. Senna passava pela reta. Parou o carro e desligou o motor de Érik, impedindo a explosão do monoposto e a posterior morte do belga.
.
Senna também era um exemplo de brasileiro. Em 1986, a seleção brasileira de futebol foi eliminada nas quartas-de-final pela França. Todos os gauleses do circo tiraram o sarro de Senna. Ao ganhar o GP dos EUA, na mesma semana da eliminação canarinho, Senna ergueu em punhos a bandeira brasileira. Para dar o troco nos franceses e mexer com os brios de toda uma nação. Tal gesto, sempre após cada vitória, era sua marca registrada. Acompanhada do tema da vitória, era a trilha sonora de mais um GP vencido pelo maior piloto-humano de todos os tempos.
.
É difícil falar dum ídolo. É complicado falar de Senna, o maior brasileiro que já existiu. Não há ninguém que traga em seu sangue um DNA mais guerreiro, simpático, de bom-humor e glorioso. Nada mais Brasil, nada mais Senna que isso. E, sim, Senna e Brasil são palavras que se confundem.
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário :