terça-feira, 2 de março de 2010

Ares de maioridade

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É obrigatório no país o alistamento militar no ano no qual tu fará 18 anos. Talvez por este ocorrer no início do ano, para muitos, tal ato é um rito de início de vida enquanto maior de idade, digamos assim. Não foi diferente pra mim.
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Acordar as 9h quando se está habituado a acordar as 13h. Não saber onde estão alguns dos documentos obrigatórios. Descobrir na hora aonde se pega o ônibus. Nada mais adulto ( e, até certo ponto, irresponsável ) que isso. Pra no fim bater no peito e dizer que tudo deu certo.
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O dia foi feio. Céu cinza, frio. Talvez graças ao show duma grande banda londrina na cidade de São Paulo. O show sim, que deverá ser exuberante, do Coldplay. Para quem quer ir e não vai, fica o tempo, nada amarelo, como diz uma das músicas da banda.
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No último instante, após tirar a foto 3x4 necessário, você consegue uma carona com o seu avô. Ele te deixa lá, mas não há ninguém no Tiro de Guerra. Mesmo assim, tu entra. Não se sabe o porque da guarita ser vazia e o portão estar fechado... estranheza. Mas, tu entra.
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Faz a ficha, a lista. Faz tudo certinho. Sem nenhum impedimento. Aliás, não sei porquê todos reclamam do alistamento. As velhinhas do Tiro se mostraram muito simpáticas comigo. Após sair de lá, uma pequena caminhada até achar o ponto mais próximo. Não se sabia se lá passava o meu ônibus, e logo fui perguntar para uma comerciante da rua.
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Pode parecer ridículo, mas, de tão tímido que sou, não costumo perguntar nada para ninguém quando estou sozinho. Mas... é a maioridade, não ? Perguntei. E ainda respondi a indagação duma menina que pegou o mesmo ponto que o meu. Uma menina bem bonita, diga-se de passagem. E, estranhamente, consegui ter uma conversa legal com ela.
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Dentro do ônibus, a constatação de que você está crescendo. Não é todo dia que você está desacompanhado, com uma loira ao lado e senta átras de dois travestis. Inusitado, mas minimamente engraçado. Conforme o ônibus enche, você levanta do banco para dar lugar a uma idosa, e é rasgadamente elogiado graças a isso. Você se sente maduro. Maior. Um cidadão fazendo seu cívico dever.
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Na rua de casa o ônibus te deixa, e começa chover de maneira mais forte. Alguns dias átras você falaria " Que bosta, sou um azaradoe mesmo ". Mas... a repentina maturidade bateu. Ela só abençoou essa manhã, que é o começo da liberdade a mim dada pela idade, alguns dias antes do esperado.
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Repentina maturidade, aliás, aconselhada por grandes pessoas. Uma dessas, aliás, consegue sua merecidíssima maioridade exatamente hoje. Parabéns Bruno, meu irmão consideração.
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