segunda-feira, 29 de março de 2010

Ao mestre, com carinho

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Quando tinha por volta de 13 anos, ainda no colégio, pedi a minha mãe para que me comprasse um livro. Não era um livro qualquer, era im que continha o fino da literatura esportiva, escrito por um dos papas do jornalismo. Seu nome, cravado em dourado na capa-dura da peça, é Armando Nogueira.
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Via seu programa na SporTV, ainda antes de comprar tal livro. Quando ele lançou A Ginga e o Jogo, todos os programas de esporte da TV, sejam eles abertos ou fechados, deram destaque. Esse seria o último livro do gênio.
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Famoso pela sua íntima relação com as palavras, pelas suas metáforas e comparações, ele, antes de tudo, criou um estilo. Comparava os astros do esporte com elemntos celestiais, com algo sublime da natureza ou nos remetia a pureza, desse tipo de fato que só a pureza dum coração que traz o esporte consigo é capaz de entender. Com isso, fazia despertar paixões, aumentava outras e agradava a todos com suas dóceis palavras.
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Armando Nogueira era praticamente um trovador do futebol. Citava Garrincha, Pelé, Zico, Nílton Santos, exaltava os grandes conjuntos e o futebol-arte. Suas mãos escreviam poemas em prosa que, quando lidos, se tornavam músicas no imaginário do agraciado por contemplar tamanha obra.
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Cobriu as Copas de 54 até 2002 e trabalhou em diversos meios de comunicação. Foi na Rede Globo onde ele ganhou destaque. Além de criar e levar com primor o departamento de esportes, é responsável direto pela criação do Jornal Nacional, jornalístico de maior história e audiência do país, e do Globo Repórter, que mostra, até hoje, o lado humano por trás da notícia.
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Botafoguense fanático, ele se junta a outros mitos dos bastidores esportivos, como Paulo Machado de Carvalho, Fiori Gigliotti, Nélson Rodrigues e Mário Filho. Que outros, como Orlando Duarte, José Trajano, Paulo Vinícius Coelho e Osmar Santos demorem pra deixar a vida rumo a eternidade, pois também farão uma falta imensa.
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Eu, que futuramente me tornarei jornalista, já vou começar órfão dum pai. Mais, dum mestre, de quem sabia usar as palavras para citar o que há de mais sublime na vida. A competição, o esporte, a vitória, a arte por trás de tudo isso. Arte, que tem a mesma inicial de Armando. Nobre, de Nogueira. Grande parte da nobre arte jornalística foi-se nesta manhã.
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