Minha relação com o rock é antiga. Fui dos muitos fãs da banda de Guarulhos, das crianças alucinadas por Dinho, Bento, Samuel, Júlio e Sérgio. Os Mamonas Assassinas acompanharam toda a minha infância, mesmo não sabendo metade de tudo que eles queriam dizer. A morte deles foi muito sentida por mim, mas instaurou a essência rockeira na minha pessoa.
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Enquanto as rádios brasileiras eram monopolizadas por pagodes e sertanejos, certas bandas tinham algum sucesso com músicas chicletes e marcantes. Uma dessas foi o Raimundos e sua inesquecível " Mulher de Fases ", ou o Jota Quest lançando " Fácil ". Tentando relembrar os bons tempos, o Barão Vermelho lançava " Puro Êxtase ", canção dançante de grande sucesso. Talvez os CD's de mais êxito do rock nacional na época vieram do Skank, com seus Calango, Samba Poconé e Siderado. Músicas como " Garota Nacional ", " Te Ver " e " Jackie Tequila " ecoavam com alguma força pelo Brasil, ameaçando a hegemonia de cavaquinhos e falsetes.
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Nessa época meu pai me apresentou ao rock antigo. Anos 80, sobretudo. Nasce minha eloquência por Queen, Guns 'n Roses e U2. Ele ainda falava muito de Van Halen, Whitesnake e Tears for Fears. Com minhas próprias pernas conheci Nirvana, Aerosmith e Genesis. Até os meus 7 anos ou pouco mais, era isso o que eu, ingênuo, chamava de rock.
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Com a minha grande amizade com meu amigo Bruno, inseparável, aprendi e comecei a viver de fato o gênero. A paixão dele por Beatles, a descoberta de Tianastácia, Gram, Cachorro Grande, Wander Wildner, Charlie Brown Jr. e muito mais deu-me maior segurança ao falar de música e agir com as pessoas, sentindo-me mais culto.
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Um dos fatos mais marcantes na minha relação com o rock 'n roll deu-se num aniversário meu. No dia 12/03/2002, estava eu zapeando pela TV quando vi a vinheta de estreia de clipe novo. A cantora também era desconhecida. Uma baiana, uma tal de Pitty. A música dela era bem agradável, tornei-me ouvinte da intérprete, tudo como manda o figurino. Ao baixar suas músicas e me interar sobre a pessoa descobri um mundo de novidades, mesmo com algumas informações tendo mais de 50 anos. Posso dizer que a partir de tal dia conheci e me tornei amigo do rock, de vez.
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Não cabe, e nem vale a pena citar o conhecimento adquirido de 2002 pra cá sobre o gênero. Talvez não caibam nem palavras, mas elas ao menos tentam caracterizar um sentimento. Com tantas histõrias, shows, batidas, ritmos, divisões e ícones, a história do rock se mistura com minhas lembranças, saudades, emoções, atitudes, caráter e qualidades. Ao mais influente, barulhento e democrático tipo de música existente, os meus sinceros parabéns e o pedido de que nunca mude, ao contrário do que tenta fazer essa nova geração leiga e ignorante.