terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Muito Além do Cidadão Kane

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Chama-sse assim o documentário que vi essa tarde. Produzido pelo Channel Four e exibido pela BBC em 1993 o programa mostra em quase duas horas o histórico de picaretagem das organizações Globo.
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Alguns dados me impressionaram. Todos sabem que a TV Tupi foi a primeira do país. Ela começou com o equivalente a 300 mil dólares. A Globo no RJ começou com cerca de 6 milhões da mesma moeda financiadas pela Time-Life atual Time Warner. Uma empresa americana. O governo dos EUA queria manter o Brasil numa ditadura militar de direita para afastar a bandeira do comunismo daqui. Os militares então afrouxaram a lei de concessão e permitiram tudo isso à revelia do senhor Roberto Marinho. O " jornalista " então escondia as verdades da ditadura e mostrava apenas o milagre econômico brasileiro.
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Tudo era friamente premeditado pelas organizações Globo. Da ausência de notícias sobre o caso Vladimir Herzog até a manipulação quase que estatal sobre a greve dos metalúrgicos no ABC. Os globais até tentaram dar um último respiro para os generais ao omitir o comício das Diretas Já em SP. Tal reportagem aliás foi a que mais me causou espanto. Talvez o maior comício para a volta da democracia foi escabrosamente ignorado. Um verdadeiro crime.
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A ditadura acabou e a Globo dizendo-se democrática acima de tudo apoiou Tancredo Neves. Com sua posterior morte e a chegada do pouco carismático ( desde aquela época ) José Sarney a presidência nota-se um escambo arcaico. Roberto Marinho ganhava espaço na nova República enquanto Sarney e seu ministro das telecomunicações Antônio Carlos Magalhães ( já ouviu falar ? ) ganhavam as últimas concessões do país. Continuava o império dos dois capitães do Nordeste.
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O escândalo da Proconsult também é lembrado. Simples de ser explicado porém complicado no documentário. Todos os votos teriam que ser feitos no partido e não em candidatos como hoje em dia. No Rio de Janeiro havia Leonel Brizola do PDT e Moreira Franco do PDS ( partido dos militares ou novo nome do ARENA ). A Globo divulgava vantagem do candidato do PDS contrariando todos os demais veículos de imprensa. Com a lentidão na apuração ( premeditada diga-se de passagem ) cabia aos globais manipular novamente o povo a fim de que o estadista Brizola não chegasse ao poder. O plano foi descoberto e o Rio seria governado pelo PDT.
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O episódio das eleições de 89 é debatido no fim do documentário. A edição do JN amplamente pró-Collor com as perguntas da pesquisa telefônica dando uma vitória que não deveria ser tão larga. O porém está em ver como Collor se tornou famoso. Após se casar com Lilibeth filha de um sócio de Roberto Marinho e aparecer no eterno programa do Chacrinha cujo show foi vetado graças a aliança global com a ditadura por uma década. Com o impeachment iminente a Globo ajudou os caras-pintadas a tirar o alagoano e colocar Itamar Franco. Novamente no velho esquema de troca de favores.
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Todos esses fatos são ilustrados com depoimentos de pessoas importantes e duma família da perfiferia de Salvador. Seu nome não poderia ser mais brasileiro: Silva. A manipulação pode ser vista aqui. Os Silva mais do que nunca foram o Brasil. Foquei nos episódios jornalísticos pois foram os quais mais me chamaram a atenção. Mas eles vêem todas as novelas durante o dia e acreditam em tudo que o Jornal Nacional falava até o escândalo com Collor e Lula. Apenas lembrando que ertas novelas globais alcançaram 100% de IBOPE ou todas as televiões ligadas na emissora.
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O Brasil enquanto nação é maravilhoso. O Brasil como Estado é ridículo. Vítima de pessoas de má-fé sejam políticos ou jornalistas. E eu como futuro formador de opinião me sinto no dever de coibir e azucrinar qualquer que seja o monopólio e manipulação grotesca da verdade.
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