terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma figura que impõe respeito

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Mais que uma pessoa. A lembrança e a imagem de Castor de Andrade assombravam o carnaval carioca. O bicheiro franzino e folclórico deu força a toda uma comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro. A Mocidade Independente mostrava enfim que era de Padre Miguel. Mas eram também da Vila Vintém como diz um samba da estrela na era Castor.
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Era Castor. Nenhuma outra escola teve uma era marcada por uma só pessoa. Nem uma era com sambas e desfiles tão espetaculares. Desde a fundação da escola o bicheiro participa da agremiação. Por muito tempo ele bancou Mestre André a frente da eterna bateria nota 10 da verde-e-branco. Vinte anos após sua fundação a Mocidade deixava de ser " a bateria que levava a escola de samba. "
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Desde 74 a estrela batia na trava. Em 79 venceu com O Descobrimento do Brasil do saudoso carnavalesco Arlindo Rodrigues. Em 83 ainda viria o grande samba entitulado Como era verde meu Xingu já com Fernando Pinto. Tudo com o dinheiro de Castor. Mas o espaço de tempo onde o bicheiro começaria a entrar definitivamente para a história do carnaval se iniciou em 85.
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O desfile de Ziriguidum 2001 é até hoje lembrado como um dos melhores da história. Mestre André teria a companhia da primeira rainha de bateria da história do carnaval. Ele vinha a frente junto de Monique Evans. Pra variar os ritmistas deram show. Num desfile futurista bancado todo com o dinheiro de Castor a Mocidade levava então seu segundo título.
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Veio então o ano de 1987. Fernando Pinto volta após um ano de ausência e novamente faz um enrendo genial de nome Tupinicópolis. O desfile que cantava uma megalópole indígena
ficou em segundo lugar mas entrou pra história de quem o viu. O bicheiro Castor se desiludiu com o resultado mas não abandonava sua comunidade e sua escola do coração.
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Na década de 90 chegaram novos ares a Padre Miguel. Entraria o estilo high-tech do carnavalesco Renato Lage. Contando a história da escola no ano de 1990 ele faz o enredo Vira virou, a Mocidade chegou e traz o caneco pra Zona Oeste 5 anos depois. Na apuração desse ano Castor não esconde a emoção e ao ouvir a nota 10 derradeira ele sobe na mesa e comemora com a Sapucaí fervorosa. Fato que jamais se repetiu. Na quadra da Mocidade os presentes se emocionavam com o título e com o presidente de honra em estado de graça.
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O ano de 1991 chega e a água é o tema. Com todo o staff mantido o bicampeonato vem com outro belíssimo desfile de nome Chuê chuá, as águas vão rolar. O tri não vem mas o consagrado samba Sonhar não custa nada entrou para a história da Sapucaí. A saúde de Castor começa a se esvairir e ele fica dois anos longe do desfile da Mocidade. Volta em 95 para o grito de guerra de Padre Miguel Olhai por Nós enredo com o dedo do bicheiro.
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Chega 1996 e com fôlego renovado patrono e escola vibram com o título de Criador e Criatura histórico samba da década de 90. De lá pra cá a Mocidade nunca mais voltou a vencer o carnaval. E muito devido ao episódio acontecido em 97.
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Castor sofreu um infarto fulminante e morreu em 1997. Seu corpo foi velado na quadra da Mocidade obviamente. Em 1998 a escola presta sua homenagem e faz um minuto de silêncio em memória de seu eterno patrono. Fato que também nunca mais aconteceu. Ele que tantas vezes rompeu toda a barulheira com sua voz mansa. E que mesmo assim conseguia o silêncio dos outros.
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Até hoje Padre Miguel procura um líder como ele. Pois igual ele jamais reaparecerá. A Mocidade caiu demais após sua morte sem seu dinheiro e sua presença que deixava todos elétricos e dispostos a dar o sangue pela estrela. O samba de quadra Tributo a Mocidade diz tudo isso. Nas aprtes onde se lê " Cá Estou " toda a escola canta " Castor ". Como gratidão a um dos maiores nomes do carnaval carioca.
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Cá estou
Refletindo a noite iluminada
Voltando à nossa escola tão amada
Verde e branco, que orgulho! que saudade!
Cá estou
A Mocidade é a razão da minha vida
Mesmo distante pelo espaço e pelo tempo
A estrela brilha sempre em nosso sentimento
Cá estou
Vamos lá, a hora é essa de ecoar a nossa voz
voltei pela Brasil, estou em casa!
Padre Miguel, Olhai por nós!
E a bomba explode em harmonia
Prazer de viver
Brilha no céu brasilidade
Até morrer sou Mocidade
Mocidade minha vida!
Ah, meu amor quanta saudade!
Cantar minha paixão na avenida
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Castor refletindo a noite iluminada voltando a sua escola tão amada. Castor... a Mocidade é a razão da sua vida. Distante por tudo. Castor... quanta saudade. Da Mocidade guerreira e altiva. Da escola menina e festeira. Padre Miguel e todos os amantes do carnaval te guardam na lembrança como eterno baluarte.
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