quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mesmo ingratos fazemos festa

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Claro que existem gostos e gostos. É compreensível o fato duma pessoa não gostar de samba. Mas falar mal dele é inadmissível. O samba é o Brasil em estado puro. Uma pérola musical de vários quilates que nós mesmos rebaixamos a qualidade duma bijuteria qualquer.
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Essa ingratidão brasileira é estranha. Muitos de nós somos festeiros. O samba também. Temos a felicidade pulsando em nosso sangue tal qual a percussão. Falamos de tudo como o cavaquinho ao começar a chorar. Não gostar do som ou da pegada é algo normal. Mas não gostar de samba é estranho. Coisa de quem é ruim da cabela ou doente do pé.
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O país mais negro fora da África tem em sua música o gênero que é feito e exalta ícones de cor. Sejam eles os bestiais deuses do continente espelho ou ilustres filhos descendentes das etnias africanas. E muitas vezes se esquece de seus principais nomes. Como podemos ver pela data. Dois de Dezembro. A mesma data na qual Ary Barroso pisou na Bahia pela primeira vez. Da gravação de " Pelo Telefone " o primeiro samba reconhecido. Ou da data magna da Deixa Falar primeira escola de samba do Rio. De Ismael Silva e dos bambas do Estácio.
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Haja coincidência. O mesmo samba que começou fugido da polícia e consagrou figuras como Xangô Paulo da Portela Cartola e Silas de Oliveira foi crescendo. O carnaval via suas escolas cada vez melhores e com melodias sensacionais. Samba que se fundiu com outros gêneros e fez-se a Bossa Nova nos anos 50. Mais tarde nas mãos do grande Jorge Ben deu origem ao samba-rock. Mas que nunca deixou de se fazer ouvido na sua forma mais pura e genuína.
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As escolas de samba tem papel fundamental nisso. Dos anos 60 apaixonantes. Os anos 70 e sua melodia ímpar. Anos 80 e a década de ouro do carnaval. Sempre há um samba refletindo o que o povo pensa que ganha fama. Dos mais famosos como Beth Carvalho até grupos desconhecidos mas não menos importantes como o Quinteto em Branco e Preto. De tão especial recebemos homenagens de grandes baluartes da música como Caetano Veloso. Outros se tornam figuras místicas graças ao samba como Clara Nunes.
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A mocidade não é apenas nome de escola. Paulo Barros relembra o genial Joãosinho Trinta. Arlindo Cruz e Diogo Nogueira surgiram com tudo. Zeca Pagodinho é reconhecido internacionalmente. Os estrangeiros invejam as diferentes batucadas das escolas de samba. E ao falarem de Brasil relembrar da palavra samba sem hesitar. Música e festa. Singularidades. Nada mais Brasil que o samba. Ou nada melhor prum mote sambista que o nosso país.
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Não há reconhecimento melhor pro samba que as rodinhas que se formam a cada esquina ou nos bares. Momentos felizes que todos se recordam ao cantar um dos vários clássicos do gênero. Fazendo do preto e branco a aquarela de alegria. Fazendo o bem e trazendo isso sem olhar a quem. O samba saúda a todos nesse dia singular. E eu brasileiro que sou puxo o coro. Quem me acompanha ? Não precisa ser bamba ou saber batucar. Basta ter o nosso ideal. Basta ter vontade de ser feliz.
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