terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quando me ferve o sangue de jornalista

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Era uma aula de redação como qualquer outra. Debates de ideias mornas e sem uma grande discussão, de qualquer espécie. Ao ler por alto os temas, um muito me interessou: censura. Como é de bom grado, esperei a vez dele ser comentado, calado. Ele chegou, e fui pego de surpresa.
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A professora comentou que tal palavra ganhou uma " carga muito forte nos tempos da ditadura ". Ela complementou dizendo que " há censuras boas ", e deu o exemplo dos reality shows, os quais ela censuraria " todos, pois é uma verdadeira putaria e crianças veriam o sexo com muito glamour ".
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Fiquei chocado. Falando especificamente dos reality shows, eles podem não dar exemplo algum de civilidade e educação, mas não acho nada digno barrar a capacidade criadora duma pessoa ou dum grupo midiático, por mais bobo que seja o programa. Ora, se ele existe há público. Deveríamos mudar nossos gostos incentivando um entretenimento mais digno. Até isso se complicaria caso levássemos em conta o fato de que eles são apenas um reflexo da sociedade, como disse na ocasião.
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A professora, talvez pela primeira vez, viu-se com uma opinião bem diferente da dos alunos, e não conseguia chegar num ponto de acordo conosco. Entendo o trauma da pessoa para com a educação dos tempos da ditadura e tudo mais, mas eu sou um defensor integral da liberdade de expressão, seja ela boa ou ruim pra quem quer que seja.
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Para ajudar, havia na sala uma menina que mudou de opinião umas quatro vezes, no mínimo. Entre suas falas, comentou que o pai votou no Tiririca e que achava um absurdo sua irmã reclamar do histórico de mensagens no MSN. Ao ve-la concordando com a professora, argumentei, contraatacando-a. E ela disse, simplesmente, que a Lei Ficha Limpa é um tipo de censura. Ri, apenas. Seria mais oportuno discutir com minha lapiseira.
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Citei Gualber Rocha na aula, e o cito de novo: " uma câmera na mão e uma idéia na cabeça ". Isso, e apenas isso, são necessário pro começo de algo. Seja um vídeo ou uma revolução, a liberdade de expressão e a criatividade jamais devem ser barradas.
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