Ultimamente, tenho sido privado de minha própria vida. Virei um robô programado apenas pra decorar fórmulas ou entender os mais diversos ciclos biológicos. Quem me conhece sabe que não nasci pra isso. Estudo, mas não dá.
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Decidi largar tudo por um dia, e a data escolhida foi hoje. Aproveitei o último dia do SWU, o jogo da seleção à tarde, o Sunday Night Football, o frio e a preguiça pra tirar um dia meu nesse Outubro tão marcado pela falta de tempo até pra respiração pros vestibulandos.
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Deu tempo pra tudo. O sono até me tirou o prazer de ver o primeiro gol da seleção contra a Ucrânia, mas eu vi Pato fazer o segundo num jogo fraquíssimo tecnicamente. Ao menos a vitória tá contabilizada, e no futebol vale o resultado.
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Passada a partida, baixei algumas músicas das bandas do SWU. Rage Against the Machine, Queens of the Stone Age, Dave Matthews Band, Los Hermanos. Mas foi na primeira banda citada a que me fez perder o chão diversas vezes. Sentindo a pegada forte das músicas, as mensagens e as denúncias, minha tarde ganhou vida.
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Até fui pegar o violão pra desenferrujar um pouco, até tentei tirar músicas mais difíceis, até tirei Hey Soul Sister, do Train. Mas a tarde, definitivamente, era das letras de protesto de Zack de la Rocha e da guitarra sempre perfeita do genial Tom Morello. Cansei de ouvir a tão tradicional Killing the Name, reouvi Bullet in the Head, Testify, Bulls Parade e tive a surpresa do dia: uma canção que eu gostava muito num jogo de videogame era também do RATM, de nome Guerilla Radio. Cantarolava cada palavra de todas as músicas como um fiel em romaria ao ver sua santa desfilar pelas rusas.
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Certos prazeres a escola me expropria por nove meses. E quando eles tem a mínima chance de voltar, a sensação é amplificada e o dia torna-se especial.