sábado, 21 de julho de 2012

Sobre serial killers

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Na manhã de ontem, um atirador atingiu mais de 70 pessoas na pré-estréia do novo filme de Batman, entitulado "O cavaleiro das trevas ressurge" atirando sem parar e desordenadamente, em Aurora. Casos como esse sempre ganham destaque na mídia e não é preciso muito para lembrar alguns como os de Columbine, Virginia Tech, Realengo e Oslo.
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Seria excelente ver tudo isso na mídia com a mesma se propondo a fazer algum debate sério sobre a questão. Ela não faz. As notícias tornam-se jogadas, e estão lá apenas para ganhar audiência - lei número um de quem quer audiência: fale de mortes. Não se vê em lugar algum discussões sobre o desarmamento ou o porte legal de armas por civis, por exemplo.
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Casos assim costumam mexer com o mundo inteiro. Em Oslo, onde um extremista matou 77 pessoas, dias depois houve uma passeata com mais de 100 mil pessoas na capital norueguesa. São crimes que mexem com os brios de qualquer pessoa, pois são lugares que qualquer um frequenta, Isso tudo, claro, além de sentir pelo próximo a perde de um amigo ou de um ente querido. 
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O caso ganha um ar especial pois ocorreu num cinema. Em São Paulo, um estudante metralhou diversas pessoas também numa sala de cinema, em 1999. Na época, dizia-se que ele foi influenciado pelo teor violento do filme Clube da Luta - quanta baboseira, senhor. Agora, o serial killer diz que era o Coringa, vilão da série Batman. Não dá nem pra considerar uma hipótese dessas como verdadeira, assim como não consigo acreditar em quem diz tanta coisa sem pensar sobre esses casos. Ambos são doentes, com traumas bem anteriores ao dia.
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Imagine você estar no metrô para ir ao trabalho e uma pessoa no seu vagão começa a atirar ? Imagine estar num parque com a namorada e ser vítima duma bala ? Ou então, imagine estar na sua faculdade e começar a ouvir, sorrateiramente, barulhos de disparos no andar de baixo. Para onde você vai correr ? O que você vai fazer ? 
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São crimes que revoltam, e não poderia deixar de ser diferente. Mas temos que olhar com cuidado para eles, ainda que com um ódio monstruoso. 
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Uma pessoa que sai matando a torto e a direito não faz isso pois simplesmente acordou com essa vontade. É algo tramado, muitas vezes por um longo tempo. A pessoa tem sede de sangue, quer matar muitas pessoas todos os dias - e escolhe um para sair à desforra. Basicamente, é uma pessoa doente. Sua doença quase sempre tem razão de ser em algum trauma de infância - como o bullying, por exemplo. Ou seja, pais que espancam filhos e amigos que ignoram outros também são culpados por todas essas mortes. Primeiro por fazerem o que fazem, depois por não detectar o problema no futuro atirador. 
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Pode soar estranho, mas eu sou favorável ao porte de armas e minha crença não é abalada com esse evento no Colorado. Sou a favor de ter armas desde que a pessoa passe por uma série bem grande de testes que mostrem que ela está apta a atirar com precisão em seu alvo e, sobretudo, após uma série intensiva, desgastante e extenuante de testes psicológicos, que mostrem que ela não vai se tornar um desses serial killers que vemos nem atirar por qualquer motivo besta.
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O maior trauma, porém, está em quem viveu esses episódios. Imagine como um sobrevivente de Virginia Tech se sentiu após ver o noticiário sobre o que ocorreu no cinema norte-americano ? Todo o trauma voltará, aquela angústia, a confusão, a sensação esquisita. É como se eles passassem por todo aquele inferno novamente.
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Cabe a nós apenas lamentar por essas vidas e lutar para que casos como esses não aconteçam mais. 
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