quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Campeão sul-americano à moda antiga

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Quem tem algum parente que gosta de futebol há muito tempo sabe o que se fala das competições sul-americanas. "Pra ganhar de argentino e de uruguaio tem que ser carniceiro, se não perde". Exageros à parte, vários esquadrões formados no Rio da Prata levam a sério tal ditado - o Peñarol de Cubilla e Spencer e depois de Francescoli e Aguirre; o Independiente de Bochini e Bertoni; o Estudiantes de Flores e Verón; o Boca Juniors de Salinas e Suñé e o Nacional de Victorino e de León comprovam tal tese
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A eterna vontade latina de ser o melhor e de ser imbatível também é muito valorizada. Equipes que terminam invictas uma competição são exaltadas de maneira eterna. Como há muito não se via, o São Paulo foi campeão da Copa Sul-Americana ganhando com bom futebol e também sabendo usar da catimba e da botinada.
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Antes da final, o Tricolor passou fácil pelo Bahia, sofreu de maneira preocupante para se garantir contra a LDU de Loja/Liga de Loja, soube matar a forte Universidad de Chile/La U facilmente e passou de maneira apertada no placar mas sem sustos contra a Universidad Católica/La UC.
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Outro ingrediente tipicamente sul-americano apareceu logo após a classificação para a decisão: a sinceridade. Ninguém fazia questão de esconder que queria enfrentar o Tigre na final, para fazer o jogo de volta no Morumbi - o que traz a vantagem de decidir em casa e também a oportunidade de fazer o jogo de despedida do ídolo Lucas em território são-paulino. Como desejado, o time da Argentina passou, mas logo mostrou-se muito mais que um adversário: foi um algoz, um rival
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Logo no jogo de ida, na Bombonera, um festival de pontapés foi visto - mas que não justificam a expulsão de Luis Fabiano, o Fabuloso. Uma série de problemas extracampo ocorreram e que só foram revelados após o jogo de volta. Estratégia covarde da diretoria do São Paulo FC, mas não mais covarde que o espetáculo lastimável protagonizado pelos argentinos
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Os seguranças (eles serão protagonistas na noite do título) impediram o escrete platino de entrar em campo para se aquecer. A desculpa (muito esfarrapada) foi de que o gramado estava castigado demais graças ao show da cantora Madonna. Tumulto duas horas antes da peleja, e, no fim, eles se aqueceram no relvado. Logo deu pra ver que a cúpula tricolor queria revidar da forma mais baixa possível e que os argentinos não estavam pra brincadeira. 
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O jogo em si não deu nem graça. Os 2x0 vieram com facilidade e naturalidade - com direito ao último gol de Lucas. Na saída para o intervalo, o garoto (que levou uma cotovelada criminosa de Orbán) arranca um curativo que estancava seu sangue e o mostra para seu agressor, causando uma confusão generalizada. O ponto alto foi o zagueiro/lateral direito Paulo Miranda protegendo o camisa 7 são-paulino, dando a cara a tapa e saindo ileso.
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A partir daí não dá pra ter certeza de nada. Os são-paulinos dizem que os atletas do Tigre tentaram invadir o vestiário brasileiro e foram contidos pelos seguranças, enquanto os hermanos afirmam que foram agredidos pelos seguranças e que até uma arma foi mostrada. 
O que é certo é que os argentinos não voltarma para a disputa do segundo tempo e o SPFC foi declarado campeão. A CONMEBOL ratificou o título e disse que irá apurar todas as denúncias - ou seja, tudo ficará como está, infelizmente. 
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Unindo todo o drama (outro componente adorado pela América do Sul), o São Paulo levou mais uma taça continental para casa. 
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Alguns preferem ganhar títulos latino-americanos com show de papel picado. Quem é de guerra, não; prefere o sangue e o suor das batalhas heróicas.
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