terça-feira, 30 de agosto de 2011

Duas brasileiras

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Cabelos castanhos, estatura média, sorrisos após o final dos atos que a deixaram marcadas na história. Uma por conquistar uma glória inédita para o atletismo e para o esporte brasileiro; a outra por livrar-se de acusações comprovadas com vídeos e sem chances de resposta em mais um daqueles casos que só a política brasileira explica.
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Pela manhã, Fabiana Murer, enfim, conseguiu colocar seu nome na história do atletismo brasileiro. Ela bateu todas as suas concorrentes ( incluindo a outrora imbatível russa Yelena Isinbayeva ) e ficou com o ouro no salto com vara no mundial de atletismo, saltando 4,85m e batendo a alemã Martina Strutz, que ficou com a prata, e a atual campeã mundial, a polonesa Anna Rogowska. De quebra, ainda repetiu o recorde sul-americano, de autoria da mesma.
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Vale ressaltar que Fabiana foi vítima dum caso até hoje mal-explicado no Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. A campineira teve todas as suas varas deslocadas para um lugar desconhecido, mexendo com o psicológico da atleta, o que minou totalmente suas chances de tornar-se medalhista olímpica, que era grandes. Hoje ela enterrou de vez esse trauma, e, de quebra, colocou seu nome num hall que, ao menos por enquanto, só a tem.
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A outra brasileira, essa desonrada, é Jaqueline Roriz, deputada que apareceu rebendo dinheiro no episódio conhecido como " mensalão do DEM ", no Distrito Federal. Seu marido, Joaquim Roriz, foi cassado enquanto era governador do DF, graças ao mesmo episódio.
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A Câmara, ilustríssima casa, deu duas desculpas para a não-cassação: voto secreto e, na época da gravação do vídeo, em 2006, não exercia cargo público. A partir do momento que os deputados precisarem de voto aberto para precisarem mostrar-se como pessoas sérias e éticas, representando os eleitores, creio que há algo errado, e muito errado, muito maior que as diversas coisas absurdas que vemos no noticiário político por aí.
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Além disso, e daí que a deputada não era política em 2006 ? Isso suscita um debate muito interessante, aliás. Concordo que o passado não deve se sobrepor ao presente, que devemos dar chances e abolir preconceitos contra presidiários, sobretudo. Mas com políticos é diferente. Para tornar-se político, a pessoa deve ter uma índole exemplar, para representar e melhorar o país no Congresso. Certo que a culpa é também de quem coloca essas figuras manchadas no cenário político, mas não cassa-lá pelo fato dela não ter cargos públicos é absurdo. Os deputados perderam uma ótima chance de colocar o bom-senso no primeiro plano, e, mais do que isso, colocaram-se, novamente sob suspeita em todos os quesitos.
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Óbvio que, amanhã, todos estarão discutindo a brasileira desonrada, não sei se com razão ou não. Mas, por favor, lembremos também da tupiniquim que fez nosso hino tocar pela glória, e não pela vergonha.
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