Já previa, seria totalmente diferente de tudo imaginado e já visto. A começar por hoje. Uma verdadeira festa antes de qualquer jogo de futebol. Uma festa para elucidar o quanto os sul-africanos estão aradecidos ao planeta para mostrarem que, sim, eles tem seu valor, diferentemente do que pensamos.
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Tambores na abertura, a África fincava seu pé e não dava o braço a torcer em suas tradições ao se abrir pro planeta. Após discursos chatos, parte da enfadonha herança ocidental, veio o Black Eyed Peas. Um show esperado e interessada, mas ofuscado pelos erros de melodia graves da cantora Fergie. Sua voz estava destoante, mas seu vestuário, deixando as pernas de fora, alegraram o ambiente. Era esperado algo melhor, e a festa não decolava.
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A guinada da festividade deu-se com a entrada de Desmond Tutu, Nobel da Paz em 1984. O bispo anglicano fez outro discurso, porém cheio de graça e alegria. Com a alegria estampada em seu rosto sorridente e em seu corpo irrequieto, ele dizia estar sonhando, fazendo gestos de extrema felicidade. Engraçado claro, mas tocante, antes de qualquer outra coisa. Arrepiante o momento no qual ele pediu pra todos gritarem o nome de Nelson Mandela, um semideus no solo da África do Sul, e que cresceu há poucos metros do estádio. Despedindo-se, ele citou a frase título desse texto, significando " Chegou a hora ! " numa das línguas locais.
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Mais atrações musicais. Dos conhecidos, bons os shows de Juanes e de Alicia Keys, além da apresentação espetacular de John Legend. No entanto, o destaque vai para os shows de africanos desconhecidos do grande público. Vusi Mahlasela, espécie de cantor e ativista dos direitos humanos tem letras tocantes e profundas. O quarteto de rock experiemntal BLK JKS faz música de alta qualidade, ainda que mais ocidentalizada, digamos assim.
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Não tão desconhecido assim, veio K'naan, tocando duas versões da mesma música. Ao iniciar a maravilhosa Wavin' Flag, música tema da Copa, num clima de jam session, o somali emocionou a todos. Ao rufar dos tambores da banda de apoio, todos cantaram a canção que já é uma das melhores músicas-tema de mundiais de todos os tempos. A banda Parlatones, misto de Green Day, Good Charlotte e bandas emo por aí, tem seu valor. No entanto, a mais aguardada para o show entrou no fim da apresentação.
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Numa roupa lembrando as tribos africanas, listrada e com saia de palha larga, Shakira veio ao palco. Numa boa forma incrível e com seu jogo de cintura característico, ela executou suas músicas num playback nítido, mas, ainda sim, melhor que a voz da igualmente bela Fergie. Destaque para a empolgante apresenação de Hip's Don't Lie e seu conjunto de metais ao fundo e do outro tema da Copa, Waka Waka.
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Música, ginga, empolgação, animação, ritmo. Alegria. Faltava isso ao futebol. Ke Nako, Terra. Sentemos e apenas observemos o verdadeiro show. Não o de hoje. Mas sim, a emoção que tomará conta de todos nós durante esse mês abençoado de Copa do Mundo.