quinta-feira, 17 de junho de 2010

Vítima do desapego

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É corriqueiro, nos dias de hoje, ver as pessoas de minha idade falarem dum tal desapego. Essa mesma geração, a que sabe beijar qualquer um e transar sem responsabilidade alguma mas não consegue se unir e ir às ruas pedir ética na política, afirma, com palavras semelhantes a essa:
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" Hoje em dia não tem mais gente que presta. Por isso, eu vou é sair por aí e pegar quem quiser. Eu não me apego mesmo... e, caso goste, acabei de conhecer, fica fácil se desapegar "
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Obviamente, há o outro lado. Represento bem tal tipo de gente. Os que, mesmo quando irritados dizem o contrário, mas realmente se importam com os demais. De maneira exacerbada ou não, mas... se importam. Ficam tristes com mentiras, falta de sentimentos ou algum vacilo de terceiros para consigo.
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Hoje o dia foi do desapego dos outros quanto a mim. Num dia com três aulas seguidas de Química, o melhor a se fazer é prestar atenção no jogo da Copa. A Argentina jogou contra a pior seleção de sua chave, mas os 4x1 foram retumbantes e abriram os olhos de todos para o perigo do time platino. A Argentina goleou, mas eu continuo odiando eles.
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Ninguém comentou o jogo comigo. Seja na sala ou na loja de Pão de Queijo da Baraldi. Ao se iniciar Grécia x Nigéria, a nova esperança de ao menos uma alma viva e interessada em falar de qualquer assunto comigo renasce. Não surgiu. Bastou a mim ouvir, mudo e solitário, mesmo com 140 pessoas ao meu redor, a virada grega por 2x1. Jogo histórico, aliás. Primeiro gol e primeira vitória da Grécia em Copas do Mundo, com direito a frangaço do ótimo goleiro nigeriano Enyeama. Eu, ávido por qualquer tipo de interação social mais intensa que meia dúzia de palavras, informo o resultado a todos. Novamente, sem sucesso algum para conseguir o desejado. Meus amigos me ignoraram, mas eu continuo gostando deles.
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Após o almoço e as lições, vez de México x França. O domínio da Tri era nítido, mas só no segundo tempo a seleção mexicana conseguiu driblar a inexperiência e marcar o gol com Hernández. O inusitado fez-se presente no segundo gol, erro clamoroso da arbitragem ao dar pênalti num carrinho de Abidal em Barrera. Bem a França, classificada pra Copa graças a um gol escandaloso, no qual Thierry Henry coloca a mão na bola. Blanco converte e deixa os Bleus praticamente fora da Copa. A França é carta fora do baralho, mas eu ainda abomino eles.
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Após a reflexão diária sobre o dia ( e ver o quanto ele foi ruim ), um estranho pedido para ir retirar uma encomenda na portaria. Me animo. Pensava eu, " são os prêmios da promoção do Scracho ! ". Não, não eram. Era uma encomenda referente ao aniversário da minha irmã, ocorrido ontem. Meu ânimo até tenta melhorar, mas eu continuo de mal comigo mesmo.
Comentários
2 Comentários

2 comentários :

Nice Medeiros disse...

As vezes também sinto como se tivesse 'repelente'..mas é só minha postura mesmo..eu evito os superficiais..achar pessoas verdadeiras e humanizadas hoje em dia tá difícil..

Jeferson Cardoso disse...

Se você que é o escritor de sua vida está de mal de si mesmo, quem irá escrever sua história?
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com