sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O país da Copa, o fim do mundo e a chatice

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O Brasil é, cada vez mais, o país dos clichês e das frases feitas. Uma frase de impacto (que nem precisa ter tanto conteúdo assim, basta ser forte e cair bem em algum contexto pré-determinado) torna-se rapidamente um chavão no país, daqueles que são usados por todos - e deturpado por muitos. E isso é um tremendo pé no saco, com todo o respeito. 
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Ultimamente, duas dessas frases tem me chamado a atenção pela chatice e pela falta de nexo com que são usadas. 
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A primeira é achar que todos os problemas brasileiro* vão denegrir nossa imagem na Copa do Mundo e que tudo é motivo para esculhambação. É óbvio que temos problemas graves de infra-estrutura, nos transportes, nos aeroportos, na logística, em hotelaria, em educação, em saúde. É óbvio que isso atrapalha, e é óbvio que precisamos cobrar por mudanças. 
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O que me irrita é ver a frase "é esse o país da Copa ?" ou "imagina na Copa" a torto e a direito para qualquer coisa. Problemas pessoais, problemas nada a ver, coisas sem sentido nenhum são acompanhadas pela frase, cobrando mudanças de terceiros. Essa mentalidade paternalista brasileira de depender sempre dos outros e de nunca olhar pro próprio umbigo é escrota demais. Mexa-se e não reclame - certamente algum resultado bacana virá. 
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Outra frase que certamente todo mundo já ouviu e que me dá nos nervos é a que associa 2012 com o fim do mundo graças ao filme de Hollywood ou ao calendário maia. Pra começo de conversa: não ache que é um calendário maia, azteca, inca ou seja lá o que for que vai fazer o mundo acabar. 
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A oração é muito utilizada quando algo inesperado acontece. Título do Palmeiras ? É o fim do mundo ! Libertadores do Corinthians ? O mundo está acabando ! No esporte isso tornou-se comum (e chato), mas em outras áreas a frase também se faz presente. 
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Acho engraçado quem acha que algo vem por acaso. Conquistas vem com trabalho, competência, foco e planejamento - coisas que, certamente, quem usa esse tipo de frase não sabe o que é ou não tem. 
O uso repetitivo dessas frases apenas evidencia a bobeira da nossa sociedade como um todo e o quanto não conseguimos construir argumentos com o mínimo de razão e lógica. Mostra, enfim, o quanto estamos inaptos a simplesmente pensar
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