sábado, 6 de outubro de 2012

Os vários "incidentes" na eleição de São Caetano

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Para quem não é da região do Grande ABC, não custa explicar a história da política da cidade pós redemocratização: um grupo restritíssimo de famílias tomou o poder político (como consequência de já ter o econômico) e passou a fazer o que bem quisesse com o município. Isso seriam ruim em qualquer lugar, mas como a imensa maioria dos residentes em São Caetano é das classes A e B, o interesse das elites também era o da população. Perfeito, mas pouco democrático.
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Famílias como Demambro, Dall'Annese e Campanella impõem o mesmo respeito na cidade que conterrâneos de grandes capitães do sertão e do agreste nordestino. Dessa rica estirpe, uma família (e um integrante dessa) se destacou: Luiz Olinto Tortorello, prefeito por três vezes de Sanca e pessoa que construiu uma verdadeira dinastia sulsancaetanense
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A morte de Tortorello foi sentida, mas ele já tinha feito muito mais que o suficiente para seus pupilos tocarem o barco. Morto no final de 2004, ele já havia colocado José Auricchio Junior, um de seus mais leais seguidores, na prefeitura e muitos diziam que ele seria candidato a governador de São Paulo pelo PTB, partido que o deu fama.
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Um fato curioso é que os vereadores da cidade também são quase sempre os mesmos. Paulo Bottura, Gilberto Costa, Suely Nogueira, Joel Fontes e alguns outros indicam quem querem, e quase sempre são eleitos. Mais do que qualquer outra cidade, é uma cidade onde a eleição apenas ratifica as previsões. Novamente: é algo que agrada a população, mas que é, no mínimo, pouco democrático. 
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Após os dois mandatos tranquilos de Auricchio, ele tenta emplacar uma de suas assessoras, Regina Maura Zetone, para a prefeitura em 2012. O fato deixou muitos ramos da base aliada contrariados, e a parte Legislativa da cidade ganha também um candidato: Paulo Pinheiro. A escolha do candidato do PMDB rachou o imenso grupo que comanda a cidade desde sempre.
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A cidade também conta com dois candidatos nanicos que trazem a bandeira do socialismo e/ou da esquerda: Fernando Turco, do PSOL, e Edgar Nóbrega, do PT. Essa corrente política é muito pequena em São Caetano, uma cidades mais elitistas do país. Para ajudar, os próprios candidatos e partidos não se ajudam - basta lembrar do envolvimento de Hamilton Lacerda no Escândalo dos Aloprados, em 2006, ou do vídeo que custou a candidatura de Edgar Nóbrega para as eleições desse ano.
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Supondo que apenas Paulo Pinheiro e Regina Maura tem força para chegar ao Paço, as pesquisas indicavam ampla votação na candidata governista. Porém, fatos estranhos começaram a ocorrer. 
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O primeiro deles foi o roubo de materiais de campanha de Paulo Pinheiro em seu comitê de campanha. O mais interessante é que os materiais dele ficavam no segundo andar desse comitê, que tinha o primeiro pavimento reservado para os candidatos a vereador.
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Os jornais apócrifos que espalhavam fatos contra o peemedebista também marcaram, alguns lançados na quinta-feira (4), a poucos dias antes das eleições, sem chance de defesa legal de Paulo Pinheiro e o colocando como defensor de religiões afro e da maçonaria em uma cidade conservadora e católica por natureza - o tipo de ataque mais nojento que eu já me lembro de ter visto.
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No entanto, o fato mais estranho e que nada tem de esclarecido foi o incêndio em um galpão na avenida Presidente Kennedy - a menos de cinco minutos da casa desse blogueiro, inclusive. O local abrigava materiais da secretaria de saúde municipal, que foi comandada por Regina Maura entre 2004 e 2009. Estranho, não ?
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Toda a campanha foi nojenta na minha cidade, acostumada a saber desde o começo quem iria ganhar. Muitas outras coisas desse naipe acontecem Brasil afora, e eu faço a minha parte elucidando e relembrando fatos bem estranhos ocorridos em São Caetano. 
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Que tudo isso seja levado em conta pelos eleitores sulsancaetanenses, e que todos país afora votem com consciência. 
Comentários
1 Comentários

Um comentário :

Anônimo disse...

Tortorello perdeu a luta contra a AIDS.
O 'Rei de Itapura'...